Os primeiros 100 dias de mandato do presidente Donald Trump evidenciaram a intenção do republicano em implodir a ordem econômica global, e algumas consequências já são visíveis.
“As mudanças foram profundas, mas o mundo ainda está em movimento”, destaca análise do jornal The New York Times, ressaltando que as eleições de meio de mandato (que vão ocorrer em dois anos) “podem corroer a maioria republicana no Congresso”.
Assim como Trump impulsionou uma guerra comercial global, o norte-americano desfez tratados comerciais e sugeriu que o país não poderia defender a União Europeia, ao mesmo tempo em que comprometeu a infraestrutura governamental que garantiu ao país conhecimento e experiência.
Existe a possibilidade de se reverter aquilo que tem sido feito, mas historiadores e cientistas políticos concordam que as mudanças promovidas pelo governo Trump podem ser difíceis de ser revertidas – como a confiança nos Estados Unidos, um recurso que levou gerações para ser construído.
Além disso, as condições que impulsionaram o movimento Make America Great Again (MAGA) – como insegurança econômica e aumento da desigualdade – permanecem, assim como o medo de surgir “outro Trump no futuro”.
Movimentação sem os Estados Unidos
Diante da possibilidade de um “outro Trump”, aliados trabalham em torno da formação de novas parcerias comerciais e de alianças de segurança que não incluam os EUA – um exemplo citado é o acordo de livre comércio fechado recentemente entre a União Europeia e o Mercosul.
Ao mesmo tempo em que existe trabalho em torno da redução da dependência econômica, a União Europeia e o Reino Unido trabalham para finalizar um pacto de defesa, e o Canadá está negociando com os europeus para se unir ao reforço militar de forma a reduzir a dependência norte-americana.
E em termos políticos, Trump está enfraquecendo o sistema baseado em regras ao encorajar líderes autocráticos, e o seu desdém pelas instituições acaba por fortalecer a China – e o presidente Xi Jinping explora essa virada protecionista norte-americana para melhor posicionar a China como defensora do livre comércio.