O setor agrícola dos Estados Unidos já está sofrendo com o tarifaço de Donald Trump e está assistindo ao esvaziamento de suas exportações, como a soja e a carne. A China já iniciou uma ampla operação de substituição das compras da soja norte-americana pela brasileira.

Em abril, cerca de 40 navios de soja brasileira atracam no porto de Zhoushan, Ningbo, ao leste da China, em um toal de 700 mil toneladas de soja do Brasil. A quantidade é 32% superior em relação ao ano passado, e este é somente o início da reação chinesa ao tarifaço de Trump.

Os EUA, por outro lado, teve uma queda brusca: se na semana do dia 10 de abril, chegaram 72,8 mil toneladas de soja norte-americana, na semana passada foram somente 1,8 mil toneladas.

O mesmo ocorreu para a carne suína: de 12 mil toneladas inicialmente esperadas, a China comprou somente 5,8 mil toneladas na semana de 17 de abril: é a menor quantidade já adquirida pelo país e uma queda de 72% em comparação à semana anterior.

De acordo com o pesquisador da Associação Chinesa de Comércio Internacional, Li Yong, ao jornal chinês Global Times, será inevitável para os agricultores dos EUA “perderem a participação de mercado para os concorrentes”.

“Seja para soja, carne suína ou bovina, a China pode encontrar amplos substitutos em outros exportadores agrícolas, como Brasil, Argentina e Austrália, cujas políticas comerciais são mais abertas do que as dos EUA”, afirmou.

Trump usa negociações internacionais para tentar isolar a China

Ao mesmo tempo que as exportações do Brasil crescem com a China, Trump tem enfrentado a possível perda de mercado com mais ameaças e indicativos de retaliações.

Nas conversas sobre a possível redução das tarifas, os EUA têm dito que espera dos países um comportamento similar a de Trump junto a China, de impor barreiras comerciais.

Junto ao Brasil, por exemplo, estaria sendo negociado que se o país limitar a importação de aço chinês, eles poderiam dialogar sobre as taxas da venda do minério brasileiro aos EUA.

A ameaça estaria em vigor nas conversas entre auxiliares de Trump e do governo Lula. Em seu decreto no início do ano, nas tarifas sobre o aço chinês, Trump já havia criticado “as importações brasileiras de países com níveis significativos de sobrecapacidade, especificamente a China, que cresceram tremendamente nos últimos anos”.

As pressões dos EUA já pipocaram em Pequim, que reagiu, na última semana: o Ministério do Comércio da China disse que os países que negociarem acordos comerciais com os Estados Unidos “às custas dos interesses” serão retaliados.

“A China se opõe firmemente a qualquer parte que chegue a um acordo às custas dos interesses da China. Se isso acontecer, a China nunca aceitará e tomará resolutamente contramedidas de maneira recíproca”, afirmou o Ministério, em comunicado.

A fala se refere às pressões e ameaças de Donald Trump, que têm usado os pedidos de negociações dos demais países para impôr barreiras econômicas mundiais contra a China.

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Last Update: 28/04/2025