Entre janeiro e março de 2025, a plataforma MaisMei recebeu 190 relatos de cobranças desconhecidas feitas a microempreendedores individuais.
Mesmo com alertas da Receita Federal e de órgãos oficiais, os golpes seguem acontecendo com frequência. Agora, eles estão mais elaborados.
Os estelionatários passaram a utilizar o logotipo e outros elementos visuais do Simples Nacional para dar aparência legítima aos boletos.
Segundo Kályta Caetano, Head de Contabilidade da MaisMei, as mensagens chegam por e-mail ou WhatsApp com descrições como “Taxa de Contribuição Confederativa Assistencial”.
Além disso, os golpistas ameaçam cancelar o CNPJ caso o pagamento não seja feito, pressionando o MEI a agir rapidamente.

Exemplo de boleto falso, agora repaginado com o logo do Simples Nacional e chamado de “Taxa de Contribuição Confederativa Assistencial”
Golpes utilizam boletos, PIX e links maliciosos
Essas abordagens variam, mas seguem o mesmo padrão: criar senso de urgência e enganar o microempreendedor.
Boletos falsos, links perigosos e chaves PIX são os meios mais usados.
No entanto, é importante destacar que o Simples Nacional e a Receita Federal não realizam cobranças por aplicativos de mensagens.
Portanto, a recomendação é sempre desconfiar e evitar clicar em links ou anexos.
Buscar ajuda em plataformas confiáveis ou consultar um contador é uma medida preventiva essencial.
De acordo com Kályta, manter a organização financeira em dia ajuda a evitar esse tipo de problema.
“Muitos MEIs estão com tudo certo, mas, por medo de perder o CNPJ, acabam pagando o que não devem”, reforça.

Golpistas utilizam logo e informações do Simples Nacional em contatos por WhatsApp para induzir o MEI a acessar sites perigosos
Empresas induzem pagamento de serviços não solicitados
Outro problema recorrente são boletos emitidos por consultorias privadas.
Esses documentos trazem nome e CNPJ do MEI, o que aumenta a aparência de legitimidade.
Geralmente, o valor cobrado é de R$ 295, apresentado como “Taxa de Registro Empresarial Anual”.
Embora o boleto pareça oficial e contenha prazos e código de barras, trata-se de uma oferta de serviço que não foi solicitada.
Como os aplicativos bancários identificam automaticamente boletos gerados com os dados do titular, muitos MEIs acabam realizando o pagamento.
Kályta explica que, ao pagar esse tipo de cobrança, o empreendedor contrata automaticamente o serviço, mesmo sem ter solicitado.
Trata-se de uma prática considerada abusiva, ainda que não configure golpe no sentido legal.
“É o famoso ‘se colar, colou’. Essas empresas se aproveitam da insegurança de quem está começando um negócio, especialmente no caso de MEIs com pouca familiaridade com processos burocráticos”, afirma.

Aplicativo bancário identifica boleto de cobrança gerado por uma empresa de consultoria, mas que não foi solicitado pelo microempreendedor individual