No dia 11 de abril, um homem não identificado foi alvo de um mandado de busca e apreensão na cidade de Pocinhos (PB) pela Polícia Federal, uma operação realizada a mando do FBI que, segundo a PF, tinha como objetivo reprimir “atos preparatórios de terrorismo” e a “incitação ao ódio praticados no ambiente digital”.

O caso ocorrido em Pocinhos é apenas a ponta do iceberg da perseguição sionista e imperialista no Brasil. Destaca-se, neste contexto, a perseguição realizada contra o Partido da Causa Operária (PCO), seus militantes e dirigentes.

O homem não identificado de Pocinhos foi vítima de um mandado de busca e apreensão por apenas colar cartazes e realizar algumas pichações na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

Os tais “atos violentos” atribuídos ao cidadão, foram, ao que tudo indica, praticados através de “pichações e cartazes”. Aparentemente, a PF adquiriu um novo entendimento do significado de “atos violentos”, já que não houveram ações que envolvam coerção física ou ameaça concreta neste caso, mas – no máximo – danos a um determinado patrimônio público.

Trata-se, portanto, de um crime sem violência ou grave ameaça, incompatível com a acusação de “terrorismo” invocada pela autoridade policial. Já os cartazes, em si, não configuram qualquer tipo penal, a menos que contenham “incitação” clara a crime, o que exigiria provas concretas e específicas, não meras interpretações subjetivas.

A polícia, neste caso, atropelou todos os ritos judiciais e as especificações da legislação brasileira. A mando do imperialismo, a PF ignorou a constituição e violou os direitos democráticos deste cidadão.

Este é apenas um caso, dentre dezenas, que escancaram a perseguição promovida pelo sionismo no Brasil e que o aparelho de repressão do Estado brasileiro está controlado pelo imperialismo. Para melhor compreender esta situação, é necessário relembrar outros casos marcantes de perseguição política à mando do sionismo.

Breno Altman

Outro flagrante caso de perseguição a mando do imperialismo – ou melhor, do sionismo – é o caso do jornalista e fundador do Opera Mundi, Breno Altman – condenado duas vezes na justiça pela sua defesa da Palestina.

Altman é um antigo militante do Partido dos Trabalhadores (PT) e se tornou uma das vozes brasileiras mais ativas contra o sionismo e o genocídio na Faixa de Gaza desde a operação Dilúvio de Al-Aqsa. Consequentemente, tornou-se um alvo da entidade sionista, Confederação Israelita do Brasil (Conib).

Desde novembro de 2023, Altman já era alvo de processos da entidade sob acusações de “antissemitismo”. Em agosto de 2024, Altman foi condenado a três meses de prisão em regime aberto pelo crime de “injúria” contra os judeus Alexandre Schwartsman e o presidente da organização sionista StandWithUs Brasil, André Lajst.

Depois, a Justiça determinou que a detenção fosse convertida em pagamento de multa de 15 salários mínimos vigentes e – em 2025 – anulou a prisão do jornalista.

A tal “injúria” supostamente cometida por Altman foi atribuir as palavras “covardes” e “desqualificados” aos autores da denúncia em comentários na rede social X (antigo Twitter).

Altman também foi vítima de censura e condenado a pagar R$20 mil em indenizações pela Justiça em razão de cinco publicações consideradas “racistas contra judeus”.

Em nota, os advogados do jornalista afirmaram que a “sentença não vislumbrou qualquer ilicitude na maioria das publicações e, por essa razão, rejeitou uma pretendida condenação em valor muito superior”. Afirmaram ainda que “não se pode transformar o Judiciário brasileiro numa extensão do campo de batalha em que conflagra no oriente médio. A defesa das narrativas ora em conflito deve ser possibilitada na democracia brasileira. Não pode prevalecer apenas uma, a do governo de Israel, como pretende a autora (Conib)”.

Em janeiro de 2025, a Conib apresentou uma ação ao juiz Silvio Gemaque, da Vara Criminal Federal da Capital do Estado de São Paulo – Tribunal Regional Federal da 3ª Região, acusando Altman de “incitar uma caçada aos judeus” após o jornalista apoiar o ex-presidente do PT, José Genoino, que defendeu ações de Boicote, Desinvestimento e Sanções a empresas israelenses.

Lucas Passos

Em novembro de 2023, Lucas Passos Lima foi preso pela PF no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, após retornar de uma viagem ao Líbano sob acusações de “terrorismo”. Passos está preso há mais de 520 dias.

Segundo a PF, a prisão foi efetuada como parte da Operação Trapiche, a qual tinha por objetivo – segundo o Ministério Público Federal – “interromper atos preparatórios de terrorismo e obter provas de possível recrutamento de brasileiros para a prática de atos extremistas no país”, uma acusação que além de vaga e irreal, é totalmente inconsistente com as provas apresentadas pelo MPF.

A chamada Operação Trapiche, responsável por sua detenção, foi marcada por ilegalidades flagrantes e pela influência explícita do Mossad, configurando um ataque escancarado à soberania do país. Sem provas materiais consistentes ou qualquer crime real, Passos foi condenado em 6 de setembro de 2024 a mais de 16 anos de prisão.

A PF alega que Passos mantinha uma suposta ligação com o Hesbolá e que ele planejava ataques contra alvos judaicos no Brasil, como sinagogas e a embaixada de “Israel”, algo que o partido não está fazendo em lugar algum do mundo.

Especificamente, o Ministério Público Federal (MPF) apontou que Lucas Passos pesquisou na Internet endereços de sinagogas, coletou informações sobre líderes religiosos judaicos, fez treinamento de tiro, adquiriu equipamentos como rádios comunicadores e voltou ao País com US$5 mil. Essas são as principais “evidências” apresentadas que comprovariam os supostos crimes.

A falta de substância das acusações é ainda mais clara quando se observa o processo. Não há registros de explosivos, armas pesadas ou planos detalhados apreendidos com a vítima.

As “provas” se resumem a atividades comuns – como navegar na internet ou possuir um rádio – interpretadas de forma arbitrária como indícios de terrorismo.

Thiago Avilla

O ativista internacionalista Thiago Ávila (PSOL) foi detido pela PF no aeroporto de Guarulhos logo após uma viagem ao Líbano, onde foi prestar solidariedade ao povo local, vítima de bombardeios criminosos por parte do Estado terrorista de “Israel”.

Em entrevista à TV 247, Thiago Ávila denunciou a arbitrariedade, dizendo:

“Fui detido porque exerci meu direito de manifestação e de documentar o que acontece no Líbano. A Polícia Federal queria saber com quem eu falei no Líbano e eu me neguei a repassar meu celular”.

Durante a entrevista, Ávila ainda declarou que “o que aconteceu comigo fere a soberania nacional. A Polícia Federal deve estar a serviços dos interesses brasileiros e não de uma potência estrangeira”.

Em 2025, Ávila denunciou ter recebido ameaças assinadas pelo Mossad. O documento continha um texto em árabe, acompanhado do logotipo do Mossad e da foto de seu diretor, David Barnea.

O conteúdo do texto acusa Ávila de estar envolvido em “atos de terrorismo contra o Estado israelense”, afirmando que a resposta do Mossad a tais ações será “precisa”. O comunicado ainda declara: “Caso você não falhe em provar sua inocência e provar a nós que você não é parte destas gangues terroristas, nós manteremos seus direitos humanos”.

A mensagem também adverte: “Mas, caso você seja culpado e incapaz de provas sua inocência para nossas autoridades, nós responderemos a você com nossos procedimentos”. Por fim, o sionista responsável conclui: “Nós estamos observando tudo que você faz de agora em diante e adicionaremos essas informações ao seu arquivo. Nós estamos seguindo você e recomendamos que você responda imediatamente e prove sua inocência”.

O ativista também relatou que seu nome foi vinculado ao terrorismo por diversas fontes. “Fui incluído pelo deputado bolsonarista e sionista Bruno Gayer [PL-GO] em sua lista que foi enviada ao Departamento de Estado do Estados Unidos alegando que eu era ‘apoiador do terrorismo’”, declarou.

“Arsenal” de facas

Outro homem não identificado foi preso preventivamente por alegações de “planejar atos terroristas” em Porto Alegre (RS).

Semelhante ao caso de Lucas Passos, o homem é investigado por “promoção de terrorismo e racismo”. A PF relata ainda que o acusado mantinha “contato com extremistas no exterior”, inclusive, “manifestando interesse em se juntar a grupos terroristas”. Ele teria ainda realizado “pesquisas” sobre “execução de atentados” e fabricação de explosivos.

Segundo o G1, a investigação teve início a partir da identificação de um perfil nas redes sociais que publicava conteúdos promovendo grupos e líderes vinculados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico.

A PF alega ter encontrado facas, machadinhas, soqueiras, bastões, porretes, munição, colete balístico, material incendiário e gás de pimenta. A PF ainda alega que o homem teria consigo “materiais associados a grupos terroristas” e “conteúdos que pregam a supremacia da raça branca”. Estes últimos, além de contrastarem com a origem árabe dos “grupos terroristas”, também não aparecem na foto divulgada pela imprensa dos materiais apreendidos.

Sobre o caso, o Presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, comentou:

“Aí você olha a foto da matéria e não tem nenhuma arma de fogo, nem mesmo um rojão, bombinha de São João. Ele tinha facas. Se ter faca fosse crime, você teria que prender o país inteiro”.

Partido da Causa Operária

O Partido da Causa Operária é o partido mais atacado pelo sionismo e pelo imperialismo no Brasil. Com dezenas de processos judiciais, queixas criminais, notícias-crime, pedidos de cassação e de prisão, etc. O PCO, como maior defensor da Resistência Palestina no Brasil é diariamente atacado pelo sionismo.

Em 2023, logo após a Operação Dilúvio de Al-Aqsa, 27 deputados bolsonaristas – todos ligados ao sionismo – pediram a prisão do militante e dirigente do PCO João Pimenta. Alvo de uma queixa-crime, João Pimenta foi acusado de “apologia ao crime de terrorismo” por um discurso realizado durante um ato em defesa da Palestina. Expressando o repúdio de amplas massas do Brasil e do mundo pela barbárie sionista, o jovem representante do PCO disse:

“Eles dizem que os grandes lutadores, resistentes em Gaza são terroristas. Isso é mentira! O povo da Palestina tem todo o direito de reagir e de resistir por todos os meios necessários. Companheiros, terrorista é o Estado de Israel. Terrorista é Benjamin Netanyahu! Terrorista, é o [Joe] Biden e os Estados Unidos”, disse João Pimenta, sob aplausos dos presentes. “Nós temos que exigir o fim do Estado terrorista de Israel. Nós temos que exigir uma Palestina em todo o seu território histórico e nós temos que saudar, queria chamar aqui uma salva de palmas para todos os grupos armados, para o Hamas, para a Jihad Islâmica e para todos os grupos que lutam pela Palestina! Viva o Hamas! Viva a Palestina!”

“Como é publicamente sabido, o grupo terrorista Hamas tem assumido a autoria de diversos crimes e atentados ao Estado de Israel e à população judaica, com o assassinato em série de centenas de cidadãos judeus e sequestros de civis, inclusive crianças”, dizem os parlamentares no ofício.

Outro caso de perseguição contra membros do PCO, foi a prisão do militante do Partido da Causa Operária e membro do coletivo de negros João Cândido, Tiago Pires.

Pires foi preso por colar cartazes em defesa da Palestina depois de ser conduzido pela Guarda Civil Municipal até o plantão policial de Araraquara-SP.

Os cartazes colados por Pires continham os dizeres “Não à ocupação de Gaza” e “Fim do genocídio israelense contra os palestinos”. William Stin, conhecido como Cepa, que integra o Comitê de Luta local, também participava da atividade e foi conduzido para a delegacia junto com Pires onde receberam voz de prisão por “dano qualificado ao patrimônio público”.

Ao receberem a voz de prisão, foram alertados que teriam de pagar R$ 10 mil de fiança. Sem poder pagar, foram conduzidos para à cadeia de Santa Ernestina. Na qual permaneceram até a liberação e derrubada das restrições pela advogada de Pires no dia seguinte.

O ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR) e o youtuber Guilherme Kilter também promoveram ataques contra o Partido da Causa Operária. Ambos protocolaram duas notícias-crime contra militantes do PCO.

Em ambos os casos, os militantes do PCO, Francisco Weiss Muniz e João Caproni Costa Pimenta foram acusados de “apologia ao terrorismo” por terem declarado, em atos públicos, seu apoio ao Hamas e aos grupos armados palestinos.

Em 2025, Francisco Weiss foi também intimado a depor na Polícia Federal sob a absurda acusação de “apologia ao crime” por ter defendido a Resistência Palestina, que luta para libertar seu povo de cem anos de genocídio.

Outro caso envolveu Henrique Áreas, dirigente do partido, que foi convocado a depor na Polícia Federal apenas por compartilhar em suas redes sociais a letra de uma música pró-Palestina.

Ainda em 2023, o Ministério Público de São Paulo (MPSP), instaurou um inquérito civil para apurar alegada “propagação de discurso de ódio e atos de racismo contra o povo judeu” que teria sido praticada pelo Partido da Causa Operária. Além de ter acusado o partido de defender “ações terroristas”.

O MPSP afirmou que o PCO estaria “divulgando em universidades e locais públicos panfletos e jornais postados também na internet com conteúdos antissemitas”, que “possuem o condão de gerar o ódio e a repulsa ao povo judeu, além de ofender seus símbolos sagrados”.

Contudo, esta alegação – como todas as outras – não possuía materialidade. Em todos os materiais produzidos pelo PCO não há uma única palavra que seja dirigida ao “povo judeu”. Não há uma única palavra que possa ser considerada “racista”, até porque os judeus sequer são uma raça.

Toda a crítica veiculada pelo PCO é contra o Estado de “Israel” e seu regime fascista e racista que promove um apartheid e um genocídio contra o povo palestino.

O senador Marcos Pontes também moveu um processo contra o PCO, em que pede a cassação do Partido pela defesa que faz da resistência palestina.

O lobby sionista Conib pediu a abertura de um inquérito contra o PCO por crime de racismo e por suposto uso do Fundo Eleitoral para fazer campanha contra o Estado de “Israel”.

André Lajst, o mesmo que processou Breno Altman, também abriu um processo contra o Partido, por supostos crimes contra a honra, porque alguém ligado ao PCO afirmou que “Israel” era nazista.

Ademais, há ainda censura promovida contra o PCO nas redes sociais. Natalia Pimenta, dirigente do PCO, teve publicações censuradas pela rede social X. Assim como os três principais canais do PCO no YouTube, a Causa Operária TV (COTV), a Rádio Causa Operária e o Diário Causa Operária, foram “desmonetizados” pela plataforma de vídeos por apoio a “grupos extremistas”. Ou seja, por defender a Palestina.

O presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, passou a ser alvo direto de perseguições. Em novembro de 2023, foi formalmente acusado de “incitação ao crime” por afirmar em uma transmissão ao vivo que o PCO estava “1.000% com o Hamas”. Em 16 de julho de 2024, ele denunciou a campanha contra o partido em entrevista à Rádio Causa Operária: “os sionistas querem que o Hamas seja terrorista e que sejamos condenados por racismo. É uma perseguição política”.

Ainda em julho, Rui Costa Pimenta e Francisco Weiss depuseram à PF como parte de uma série de processos abertos por representantes do sionismo no Brasil. Estes processos baseiam-se em declarações públicas feitas pelos dirigentes partidários em defesa da resistência palestina e exigem, entre outras coisas, o confisco de computadores utilizados por eles.

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) abriu uma investigação contra o PCO por suposta “prática de atos antissemitas” – de acordo com a seção Radar da revista Veja, em artigo escrito por Robson Bonin.

Bonin alega que o MPRJ está apurando se o PCO seria uma “organização terrorista”, com base em uma denúncia anônima. Segundo o mesmo texto, o PCO também estaria sendo investigado por ser, supostamente, “uma organização terrorista islâmica voltada à prática de atos antissemitas”.

O PCO, como ficou demonstrado por estes casos, é o partido mais perseguido pelo sionismo e pelo imperialismo, pois é, também, o partido que mais luta contra o imperialismo e em defesa do povo palestino.

O PCO é inconveniente para os que estão no poder. O PCO é um partido de combate, que é contundente nas suas críticas, que fala abertamente o que pensa, que não compactua com a repressão, e por isso é perseguido sistematicamente.

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Last Update: 27/04/2025