
O pastor Valdinei Ferreira foi demitido da Fatipi (Faculdade de Teologia da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil) poucos dias após a publicação de um artigo na Folha de S.Paulo, no qual propõe uma reflexão teológica inusitada: “Judas traiu Jesus ou Jesus traiu Judas?”. O episódio gerou polêmica nas redes sociais e forte pressão interna, resultando em seu desligamento da instituição.
No artigo, Ferreira recorre à interpretação do teólogo Jean-Yves Leloup para reavaliar a imagem histórica de Judas Iscariotes. Segundo ele, o objetivo não era absolver Judas, mas humanizá-lo, mostrando que suas ações podem ser vistas como reflexo das contradições humanas. A análise se baseia em evangelhos apócrifos que sugerem que Judas teria agido a pedido do próprio Jesus, acreditando estar cumprindo um propósito maior.
A demissão, de acordo com a FECP (Fundação Eduardo Carlos Pereira), mantenedora da Fatipi, ocorreu após uma “avaliação regular” do trabalho do docente, e foi comunicada como sendo “sem justa causa”. A fundação também ressaltou que as opiniões expressas em publicações são de responsabilidade exclusiva dos autores, caso feitas sem autorização institucional.

O pastor, no entanto, atribui sua dispensa à repercussão negativa de seu texto, especialmente após interpretações distorcidas feitas por figuras públicas como Filipe Sabará, que divulgou em suas redes a falsa ideia de que Ferreira teria chamado Jesus de traidor. “Fui carimbado como herege”, declarou Ferreira à Folha.
Estudantes do curso de teologia da Fatipi divulgaram uma carta em apoio ao professor, destacando sua excelência acadêmica, ética pastoral e compromisso com os valores cristãos. Segundo a carta, a saída do docente gerou surpresa e apreensão entre os alunos.
Reportagem da Folha de S.Paulo também apurou que outros dois funcionários foram desligados da instituição em anos anteriores por razões semelhantes: um por participar de evento organizado pelo deputado e pastor Henrique Vieira (PSOL) e outro por ligações com uma igreja inclusiva. Procurada, a direção da FECP reafirmou que “cada autor é responsável por suas publicações” e que a demissão de Ferreira ocorreu dentro dos trâmites legais.
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