Se vivo estivesse, completaria 80 anos em 28 de agosto João Carlos Assis Brasil (1945-2021), um dos maiores pianistas brasileiros. O documentário Mergulho no Escuro (28 min.), de Anna Costa e Silva e Isis Mello, resgata sua trajetória a partir de um olhar íntimo.
O filme entrou no circuito de mostras de cinema e participou da última edição do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários. Rodado em preto e branco, revela um personagem inquieto e generoso. O curta pode ser visto gratuitamente no Itaú Cultural Play até a próxima quarta-feira 30.
Além de apresentações e gravações, João Carlos Assis Brasil foi professor da Escola de Música Villa-Lobos e do Conservatório Brasileiro de Música, no Rio de Janeiro, e do Conservatório de Niterói (RJ).
O foco do filme está no trabalho de Assis Brasil como professor — empenhando em ensinar, com extrema sensibilidade artística. No decorrer do curta, ele conta também sobre sua carreira e oferece reflexões a respeito da vida.
Era irmão gêmeo do saxofonista Victor Assis Brasil, morto em 1981, aos 36 anos, no auge da carreira. O documentário resgata uma apresentação dos dois e mostra a tristeza de João Carlos com a perda do irmão. O pianista gravou um disco sobre a obra de Victor e costumava executar suas composições.
João Carlos tinha um toque excepcional no piano. Estudou na Áustria e chegou a se apresentar, ainda jovem, em diversos países da Europa. Transitou tanto pela música popular quanto pela música clássica e tem trabalhos com Maria Bethânia e Zizi Possi.
No álbum vocal e instrumental João Carlos Assis Brasil, Ney Matogrosso, Wagner Tiso Redescobrem A Floresta do Amazonas, de Villa Lobos, ele dá uma visão moderna a uma suíte do maestro.
O pianista era versátil e tocava composições de George Gershwin a Ernesto Nazareth. Gravou álbuns instrumentais e em duo com cantoras populares, como Olivia Byington e Alaíde Costa. Um artista que não merece ser esquecido.