Aquiles Lins, um dos editores do Brasil 247, é exemplo vivo de como a esquerda pequeno-burguesa se torna presa fácil de todo tipo de manobra fuleira e antidemocrática organizada pelo grande capital. No artigo Lula é “candidatíssimo” e favorito, o jornalista nos ensina que:

“Desde que voltou ao Palácio do Planalto, Lula tem conduzido uma recuperação econômica sólida. Em um país que havia passado quase uma década estagnado — com crescimento médio de 0,4% entre 2015 e 2022 —, a economia brasileira avançou 3,4% em 2024, num movimento sustentado por vários setores: indústria, serviços e consumo das famílias.”

Apresentar uma estatística não é prova alguma de que haja uma “recuperação econômica sólida”. Estatísticas, desde que foram criadas, são manipuladas por quem as apresenta.

Vejamos algo muito mais concreto. Se há uma recuperação econômica em curso, por que a política oficial do Ministério da Economia é a de “cortar gastos”, e não a de ampliá-los? Se o salário mínimo é cinco vezes menor que o necessário para suprir as necessidades de uma família, por que estabelecer um teto para o seu aumento? E mais: por que a discussão em torno do orçamento é a de que gastos essenciais para o governo ficarão de fora?

O articulista segue ignorando a realidade e vomitando dados que não enchem a barriga de ninguém:

“Lula é favorito porque entregou aquilo que qualquer cidadão compreende: emprego, renda e comida no prato. A taxa de desemprego caiu para 6,8%, a menor em 11 anos. O total de trabalhadores empregados ultrapassou 103 milhões. A pobreza recuou a patamares inéditos: apenas 4,4% da população está em situação de miséria, e a renda real das famílias cresceu 7% em 2024. O consumo das famílias, motor do crescimento, subiu 5,5%. Não por acaso, o varejo fechou o ano com alta de 12,2% nas vendas.”

Todo mundo sabe que as estatísticas de emprego no Brasil são uma farsa. O fato é que menos de 50 milhões de brasileiros trabalham de carteira assinada — o que, por sua vez, não é garantia de nada. A questão é: há um esforço para industrializar o País? Não. A Petrobrás continua pagando dividendos pornográficos, a taxa de juros segue nas alturas, os poços de petróleo estão sendo entregues ao capital estrangeiro. E o salário do trabalhador, serve para comprar alguma coisa? Não. Segundo estatísticas recentes do DataFolha, 58% da população diminuiu as compras por causa da inflação. Além disso, mais da metade da população deixou de tomar café por causa da disparada do preço deste produto.

Seguindo com sua fantasia, Lins ainda afirma que, em 2024, “o país se tornou o segundo maior destino de investimentos estrangeiros diretos no mundo”. Um dado muito mais importante e que reflete de maneira mais precisa a relação entre o governo e o grande capital é: o Brasil acaba de ter a sua maior fuga de capitais da história. Essa estatística, curiosamente, não é levantada por Aquiles Lins.

Os delírios do articulista não vêm ao acaso. Eles são a tentativa forçada de justificar uma determinada posição política: a de que o governo Lula, tal como está, será vencedor nas eleições de 2026:

“Com economia em alta, desemprego em baixa e investimentos recordes, presidente entra no jogo de 2026 com resultados concretos […] Portanto, não é surpresa que Lula declare sua pré-candidatura com tanta convicção. Ele tem o que mostrar.”

O otimismo irreal serve apenas de pretexto para defender uma política que entrou em curto-circuito: a política da frente ampla. A tentativa de se equilibrar entre as demandas nacionais e a pressão da burguesia levou o governo Lula a fracassar completamente como um governo popular. O governo foi sequestrado pela ala direita da frente ampla, representada por burocratas como Fernando Haddad, Simone Tebet e Marina Silva, que nada mais são que testas de ferro dos banqueiros.

De tanto ceder à direita, o governo fez da política da direita a sua. E, por isso, está em uma crise cada vez maior junto à sua base. A crise do Pix colocou isso à prova.

Aquiles Lins faz parte de um grupo ultra-oportunista que, diante da crise, insiste em enfiar a cabeça no buraco e ignorá-la. Com a possível prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acreditam que a crise será superada, mesmo sem uma ruptura com a política impopular da frente ampla. Ledo engano.

Sem romper com a frente ampla, não haverá chance para que Lula se reeleja. O governo causará ainda mais insatisfação popular, o que, por sua vez, jogará água no moinho da extrema direita. Este problema não será sanado com medidas judiciais. O que deixa isso claro são as pesquisas recentes do Paraná Pesquisas, que mostram que Lula perderia as eleições, mesmo se seu adversário não for Bolsonaro.

Em vez de uma luta política séria, Lins decide apelar para o otimismo. Afinal, dizem que sonhar não paga imposto. O pior é que, no Brasil, o sonho do jornalista poderá fazer o povo brasileiro pagar ainda mais imposto do que já paga, se a política de Haddad continuar.

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Last Update: 26/04/2025