Os atos do 1º de Maio convocados pelas centrais sindicais (Força Sindical, CTB, UGT, CSB, NCST, Pública), tendo como convidada a CUT, na realidade, os tais atos organizados pela Força Sindical, não podem ser considerados como verdadeiros atos. São atos patronais, financiados pela Fiesp, pelos bancos, pelos grandes capitalistas, que reúnem uma massa indiscriminada de pessoas que, longe de reunir os trabalhadores em torno de uma bandeira de luta específica, realizam um verdadeiro show com cantores, inclusive de direita, e com distribuição de prêmios, como automóveis, para conseguir reunir as pessoas e forjar um ato. Estes “atos” são um insulto à luta dos trabalhadores, principalmente um insulto àqueles que morreram por conta da luta pelas reivindicações operárias, como os mártires de Chicago.
A essência desses atos é a tentativa de desviar a atenção dos trabalhadores dos ataques que os capitalistas e o imperialismo vêm lançando contra eles.
Já os atos da CUT, organizados regionalmente, como, por exemplo, o da capital federal, perderam o caráter de luta da classe operária e não passam de atos oficialistas que não chegam aos extremos dos atos da Força Sindical, mas não são um instrumento na luta dos trabalhadores pela conquista de suas reivindicações. São, na realidade, atividades político-culturais, realizadas conjuntamente com as outras centrais pelegas, como a Força Sindical, cujo dirigente, Paulinho da Força (Solidariedade), declarou recentemente o seu apoio à pré-candidatura de Ronaldo Caiado (ex-Arena, ex-PFL, ex-Democratas e hoje União Brasil), ou seja, com presenças que nada têm a ver com a luta da classe operária e que simplesmente estarão lá para, única e exclusivamente, confundir ainda mais os trabalhadores. As pautas são genéricas, tais como “defesa da democracia e luta por mais direitos e dignidade”.
Uma das pautas para o ato é justamente o fim da escala 6×1, ou seja, pela redução da jornada de trabalho, sem a redução salarial. Uma questão importante é que as manifestações que deram origem ao 1º de Maio foram manifestações de luta pela redução da jornada de trabalho para oito horas. As primeiras manifestações no Brasil também tiveram como principal bandeira essa reivindicação central. Ou seja, a luta pelo estabelecimento de um número fixo de horas de trabalho, que tenha um limite legal, é a luta mais importante para a classe operária e foi o motor das grandes mobilizações que envolveram o 1º de Maio.
A luta por essa reivindicação é antiga. Em 1917, foi conseguido o estabelecimento da jornada de trabalho de 48 horas semanais. Em 1986, tivemos diversas greves reivindicando as 40 horas semanais. É uma luta que envolveu a energia de milhões de trabalhadores.
Mas, ao contrário disso, é necessário esclarecer que a burocracia sindical, inclusive da CUT, foi responsável pela introdução e implementação do banco de horas nos contratos coletivos na maioria das categorias. Ou seja, o fim do limite da jornada de trabalho e até mesmo do pagamento da hora extra e da exploração desenfreada dos trabalhadores pelos patrões.
Se o ato do 1º de Maio deve ser um ato que realmente levante as reais necessidades da classe trabalhadora, deve-se colocar, como uma das questões prioritárias, em xeque a política do banco de horas.
Diante disso, neste 1º de Maio, é necessário que a CUT rompa com essa política de conciliação e se coloque no sentido de uma verdadeira pauta de lutas que esteja conectada com a realidade da classe trabalhadora, como a defesa dos salários e empregos através da escala móvel de salários e pela redução da jornada de trabalho, além de levantar um programa de reivindicações claras para os trabalhadores: não às privatizações; reestatização da Eletrobras, da Vale do Rio Doce, da CSN e das teles; pela Petrobras 100% nacional; controle das empresas estatais pelos trabalhadores; fim das demissões; não às terceirizações; direito de greve e liberdade de expressão; fim da PM e de todo aparato armado do regime burguês; direito ao aborto; fim dos assassinatos no campo e organização da autodefesa dos sem-terra; imposto único sobre a renda e a propriedade; estatização dos bancos e de todo o sistema financeiro; aposentadoria integral aos 25 e 30 anos de trabalho para mulheres e homens, respectivamente.
Esse programa somente pode ser imposto pela organização e mobilização dos trabalhadores independentes da burguesia e de seus apoiadores.