Kremlin vê indícios de envolvimento ucraniano em explosão de carro-bomba que matou militar de alto escalão. Caso se assemelha a outros ataques reivindicados pela Ucrânia desde o início da invasão russa de seu território.

Um atentado com carro-bomba em Balashikha, um subúrbio de Moscou, matou um general russo de alto escalão, informaram autoridades russas nesta sexta-feira (25/04), descrevendo o ocorrido como um atentado terrorista e acusando a Ucrânia de estar por trás dele.

Há semelhanças com assassinatos anteriores reivindicados pela Ucrânia desde a invasão russa em grande escala de seu território, em fevereiro de 2022.

O tenente-general Yaroslav Moskalik, de 59 anos, morreu quando um veículo Volkswagen Golf explodiu após o acionamento de um dispositivo explosivo improvisado, informou o Comitê Investigativo russo, em Moscou.

Ele era vice-chefe da principal diretoria operacional do Estado-Maior das Forças Armadas, responsável pelas operações militares russas. Segundo um portal do Kremlin, Moskalik representou seu país nas negociações de cessar-fogo com a Ucrânia em 2015, em meio ao conflito entre com os separatistas apoiados pela Rússia no leste ucraniano.

A explosão ocorreu perto de um prédio de apartamentos. Nas proximidades, havia os destroços carbonizados de um automóvel branco com a parte dianteira arrancada. Imagens de câmeras de segurança publicadas pelo jornal Izvestia mostram uma enorme explosão lançando fragmentos pelo ar. No momento da detonação, uma pessoa aparece caminhando em direção ao carro.

Suspeitas recaem sobre Ucrânia

Os investigadores disseram que os agressores acionaram um dispositivo explosivo improvisado repleto de fragmentos de metal, projetado para causar o máximo de dano.

Segundo o portal de notícias investigativo Agentstvo, citando informações vazadas, Moskalik morava em Balashikha, mas o veículo envolvido no ataque não estava registrado em seu nome.

Canais russos do aplicativo de mensagens Telegram com links para as autoridades policiais publicaram relatos não confirmados de que o carro havia sido comprado há alguns meses por um homem da cidade ucraniana de Sumy e estava carregado com explosivos. Ele estaria estacionado em frente ao prédio há alguns dias e equipado com uma câmera. A imprensa russa noticiou que o último proprietário do veículo era um ucraniano que obtivera a cidadania russa há alguns anos.

Imagem de câmera de segurança mostra explosão próxima a prédios residenciais em MoscouFoto: Aleksandra Zubenko/TASS /IMAGO

A porta-voz do Ministério russo do Exterior, Maria Zakharova, descreveu o ocorrido como um ataque terrorista, por trás do qual estaria Kiev: “Há razões para acreditarmos que os serviços especiais da Ucrânia estavam envolvidos no assassinato.”

A porta-voz do Comitê Investigativo da Rússia, Svetlana Petrenko, informou que o caso foi entregue ao presidente do poderoso órgão de investigações, Alexander Bastrykin.

Atentados em solo russo

Kiev, até o momento, não comentou o ataque, que traz características semelhantes às de ataques anteriores contra figuras militares e apoiadores de alto escalão do Kremlin ocorridos desde a invasão russa da Ucrânia.

A Ucrânia classificou como “alvos legítimos” algumas das autoridades mortas nos atentados, admitindo que os ataques ocorreram como retaliação à ofensiva militar de Moscou, que já resultou em dezenas de milhares de mortes.

Em dezembro, o general russo Igor Kirillov foi morto numa explosão posteriormente reivindicado pela serviço de inteligência da Ucrânia. O dispositivo que matou o homem de 54 anos, uma das figuras mais importantes por trás da guerra, foi colocado numa scooter elétrica em frente à sua casa. Os investigadores classificaram a explosão, que também matou um assessor de Kirillov, como ataque terrorista.

Publicado originalmente pelo DW em 25/04/2025

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Last Update: 25/04/2025