Fuad Saleh Saba nasceu na cidade de Shafa Amr, na Palestina histórica, em uma família cristã. Seu pai, o reverendo Salih Saba, e sua mãe, Louisa Meyer, garantiram-lhe uma formação sólida, que incluiu passagens pelas escolas Ortodoxa, Maronita e pelo colégio Frères, em Haifa, além do prestigiado St. George’s School, em Jerusalém. Desde cedo, demonstrou inclinação para as ciências econômicas, o que o levou a ingressar na Universidade Americana de Beirute em 1921. Lá, formou-se em Comércio, em 1924, com uma monografia cujo título já denunciava sua preocupação com a situação de seu país: A necessária reconstrução no comércio palestino.

A seguir, Saba foi à Inglaterra para especializar-se em contabilidade. De volta à Palestina, começou a lecionar no Colégio Terra Sancta e a trabalhar na Associação Cristã de Moços (YMCA). Em 1926, obteve uma licença oficial do governo britânico para atuar como contador, tornando-se o primeiro palestino autorizado a exercer a profissão de auditor certificado no país. Nesse mesmo ano, fundou, com seu irmão Aziz Saleh Saba, a Saba & Company, primeira empresa árabe de contabilidade certificada em todo o Oriente Médio. A trajetória de Saba é inseparável da luta por um desenvolvimento econômico autônomo dos árabes palestinos: além da atuação na área contábil, apoiou o projeto de criação do Banco Árabe, fundado em 1930.

Em janeiro de 1932, participou do Primeiro Congresso da Juventude Árabe, realizado em Jafa, com a presença de duzentos delegados. O congresso deliberou pela criação de um fundo nacional árabe, que viria a ser efetivado em setembro daquele ano e se tornaria base para a criação da Companhia Árabe para Salvar as Terras da Palestina — um instrumento de resistência econômica ao avanço da colonização sionista. Fuad Saba foi eleito contador geral e membro do comitê executivo do novo fundo.

Mas seu compromisso com a causa nacional palestina não se restringiu à esfera econômica. Saba compreendia que a luta exigia também a batalha das ideias. Por isso, fundou em Jerusalém a Companhia de Publicação Árabe, com o objetivo de fortalecer o pensamento econômico e político nacionalista. Sob sua direção, foram editadas duas revistas de caráter técnico e político: Arab Economic Affairs (1935–1936) e Palestine and Transjordan (1936–1937), esta última publicada em inglês. Criou também a Agência de Notícias Árabe, com vistas a romper o monopólio da informação então dominado por veículos pró-britânicos e pró-sionistas.

A militância política o levou a participar, como representante do Alto Comitê Árabe, da audiência pública da Comissão Real Britânica (Peel), em 1937, ocasião em que defendeu enfaticamente a rejeição à proposta de partilha da Palestina. Em consequência, foi um dos signatários do memorando enviado ao Secretário das Colônias britânico e à Comissão Permanente de Mandatos da Liga das Nações, reafirmando a posição árabe contrária à divisão do território e à manutenção do Mandato britânico.

Em setembro daquele ano, viajou para Bludane, na Síria, onde ocorreu o Congresso Nacional Árabe, que reuniu cerca de 450 delegados de vários países árabes. O congresso reafirmou o apoio às reivindicações palestinas e condenou veementemente a partilha e o aumento da imigração sionista.

Após a prisão de Awni Abd al-Hadi, Fuad Saba foi nomeado secretário-geral do Alto Comitê Árabe. Seu protagonismo, porém, custaria caro. Em outubro de 1937, logo após o assassinato do comissário britânico Lewis Andrews, em Nazaré, Saba foi detido junto com outros membros do comitê e deportado para as Ilhas Seychelles, no Oceano Índico. Permaneceu detido por quinze meses, sendo liberado no final de 1938, mas somente em 1939 obteve permissão para retornar à Palestina.

No mesmo ano, participou da Conferência da Mesa Redonda, em Londres, como integrante da delegação palestina, que buscava uma solução diplomática para o conflito imposto pela colonização sionista e pelo domínio imperialista britânico.

Com o agravamento da situação após a Nakba de 1948, Saba foi obrigado a transferir a sede da Saba & Company para Amã, e posteriormente para Beirute. De lá, expandiu sua empresa, abrindo filiais em diversos países árabes. Ainda nesse período, fundou a empresa de investimentos al-Mashriq, voltada a captar recursos entre os setores mais abastados da sociedade árabe, e a Companhia Árabe de Seguros.

Saba continuou a escrever e a intervir no debate público. Em 1947, publicou o livro O imposto de renda e seus problemas na Palestina, uma análise técnica e crítica da estrutura fiscal imposta pelo Mandato.

Reconhecido por sua dedicação, serenidade e espírito patriótico, Fuad Saba foi membro de diversas entidades internacionais nas áreas de contabilidade, tributação, marcas e patentes. Morreu em Beirute, onde foi sepultado, sendo lembrado como uma das figuras centrais da luta nacional palestina por sua capacidade de unir conhecimento técnico, militância política e compromisso com a independência econômica e soberania do povo palestino.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 25/04/2025