A Ucrânia nunca foi um país real, era parte integrante da União Soviética e sua criação na década de 90 foi resultado de uma operação do imperialismo juntamente com os nazistas ucranianos, que logo se organizaram em partidos legais e passaram a disputar o poder. Por essa razão a própria imprensa chama os nazistas de nacionalistas: eles foram apoiadores das tropas alemãs invasoras na II Guerra mundial e sempre defenderam a criação de um país independente da União soviética. 

A Ucrânia é hoje um país completamente destruído, com uma dívida gigantesca e derrotado pelas Forças Armadas russas. Essa é a recompensa por implementar o projeto da administração democrata e da União Europeia para tentar destruir a Federação Russa através da guerra, tendo se tornado uma ditadura militar e uma colônia de Washington e das potências ocidentais.

Não afeta as classes dominantes ucranianas a tragédia que vive hoje o país, pois a maioria não tem qualquer compromisso com o povo ucraniano, e nem mora no país. O seu presidente, Vladimir Zelensky, age sempre em função de seus interesses próprios, tendo se tornado um magnata com base no dinheiro roubado das verbas militares e da venda de armas recebidas pela Ucrânia no mercado negro. Ele possui pelo menos duas mansões, uma na Itália e a outra também na Europa. É atualmente um ditador sanguinário, que não possui mandato eleitoral e já cuidou de prender ou eliminar a oposição de esquerda e de direita. O ditador insiste agora na manutenção de uma guerra sem sentido, pois as Forças Armadas ucranianas foram totalmente destruídas e vivem de praticar crimes de guerra, incendiando shows de rock ou atacando com drones os civis russos. 

Há documentos oficiais, desclassificados pelo Arquivo de Segurança Nacional dos EUA que mostram que o projeto de realizar a adesão da Ucrania à OTAN já existia em 1994, logo depois da derrubada do regime socialista pelo quinta coluna Gorbatchev.

O golpe de Estado perpetrado contra o governo legalmente eleito da Ucrania em 2014 foi totalmente organizado e executado pelas forças da OTAN, e coordenado pelo Governo norte americano. Os Acordos de Minsk, assinados em 12 de fevereiro de 2015 sob patrocínio dos Estados Unidos e a Europa teve como objetivo possibilitar o fortalecimento militar da Ucrânia, que cuidou de manter sob fogo cerrado as províncias autônomas do Donbass, cuja população de origem russa era proibida de falar sua língua original, que foi tornada ilegal em todo o país. 

Diante dessa situação de beligerância do regime nazista de Kiev e das ameaças de a Ucrânia se tornar o instrumento militar da OTAN contra a Rússia, o Governo Putin iniciou em fevereiro de 2022 a Operação Militar Especial com o objetivo de desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia.

A colonização da Ucrânia, uma democracia vibrante

Nestes três anos de conflito, os Estados Unidos e a União Europeia, forneceram todos os tipos de armas e ajuda a Kiev calculada em cerca de 270 bilhões de dólares. Apenas os EUA forneceram mais de 132 bilhões que agora, sob governo Trump, deseja recuperar.

O novo projeto imperialista do Governo Trump envolve a idéia absurda que a Ucrânia deve pagar pelos gastos militares dos EUA na guerra, se tornando um regime puramente colonial dos EUA ao fornecer os valores obtidos pela exploração de todos os seus recursos minerais, incluindo petróleo e gás natural, por tempo indeterminado. 

Durante o simulacro de cessar fogo negociado entre Putin e Trump a Ucrania, comandada pelo ditador Zelensky, desrespeitou totalmente o compromisso do não bombardeamento das infraestruturas de energia elétrica. De forma cínica acusou a Rússia de ter feito isso e exigiu mais 30 dias de cessar fogo. Nada se comentou sobre o bombardeio de Kiev à cidade de Donetsk com o uso de mísseis de longo alcance, cujo o uso tem sido insistentemente rejeitado pela Rússia.

A proposta dos EUA era de um cessar-fogo que permitisse o fim do estado de emergência na Ucrânia para que fosse um governo legitimado nas urnas que ratificasse um acordo final com a Rússia. A proposta de Trump foi fortemente criticada pela mídia ocidental como um sinal de identificação americana com as linhas da propaganda russa.

“A democracia da Ucrânia continua funcionando sem eleições”, disse a revista Foreign Policy em um artigo no qual enfatizou que a ausência de processos eleitorais não prejudica de forma alguma o sistema político do país, que está vivo graças à descentralização da política e a uma sociedade civil vibrante. Trata-se de uma negação completa das liberdades democráticas básicas, que esconde o fato da enorme repressão política existente na Ucrânia, que não só proibiu a existência dos partidos, como perseguiu e prendeu principalmente a militância de esquerda. 

“É claro que democracia significa votar regularmente”, diz Olexiy Haran, cientista político da Academia Mohyla da Universidade Nacional de Kiev. O regime nazista de Zelensky pretende defender sua ditadura com base na idéia de que a guerra impede que haja eleições. O artigo da Foreign Policy tenta fundamentar esta idéia, confundindo a sociedade civil com o enorme complexo de organizações não-governamentais, geralmente financiadas pelos EUA. O artigo afirma que “Haran, entre outros acadêmicos, especialistas e líderes de ONGs que falaram com a Foreign Policy na Ucrânia, argumentou que a cultura democrática do país é surpreendentemente vital”. Na guerra, insiste, a democracia funciona “de forma diferente do que nos países em paz que encaram a democracia como algo rotineiro” e traduz-se fundamentalmente “na participação cívica não governamental, uma atividade que se aprofundou desde 2022 apesar do stress ligado à guerra, ao cansaço e aos obstáculos da guerra”.

O restante do artigo é uma enumeração dos supostos benefícios das ONGs que propiciam serviços à população, como a promoção da saúde mental. Entre as ONGs exaltadas está, como não poderia ser de outra forma, a liderada por Oleksandra Matviichuk, “uma advogada que fundou o Centro de Liberdades Civis em 2007, uma ONG que cataloga crimes de guerra russos e que em 2022 foi uma das vencedoras do Prêmio Nobel da Paz por seu trabalho de direitos humanos”. A lista de doadores da ONG inclui a USAID, a NED, a Comissão Europeia e o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha. É muita democracia!

O que o artigo não menciona é que Matviichuk exigiu pela primeira vez armas dos EUA para combater a Rússia no verão de 2014, época em que a população de Donbass, mesmo com ajuda muito limitada chegando da fronteira, estava se defendendo da agressão da Ucrânia, que tentava resolver um problema político por meios militares. O compromisso com uma solução militar, o mesmo defendido pela extrema direita, não só não desacreditou Matviichuk, como fez de sua organização uma referência para a ação patriótica da sociedade civil ucraniana.

Entre os 68.000 crimes que a organização de Matviichuk afirma ter documentado, por exemplo, o bombardeio de Gorlovka em julho de 2014. Nessa época as tropas ucranianas assassinaram quase vinte civis, no meio do sol de fim de semana e que caminhavam em um parque central desta cidade. Este parque quase onze anos depois, ainda está localizado na linha de frente e foi novamente atacado pela artilharia ucraniana, enquanto Zelensky denunciava as violações russas da trégua. Ou o massacre, também em 2014, na Casa dos Sindicatos em Odessa, que deixou 46 pessoas mortas, muitas delas queimadas vivas pelo fogo colocado pelos batalhões nazistas.

Além dessa vibrante sociedade civil que, em oito anos de guerra em Donbass, não realizou uma única manifestação contra a guerra de seu país contra a população de Donetsk e Lugansk, a Foreign Policy encontra um argumento ainda mais questionável. “Ao contrário da Rússia e de muitos dos estados pós-soviéticos, a governança da Ucrânia é altamente descentralizada, como resultado de uma legislação que remonta a uma década”, afirma o artigo, chamando um estado que se recusou a implementar os acordos de Minsk de mais descentralizado em parte por causa do excesso de direitos políticos que concedeu ao Donbass, quebrando assim o centralismo que ele aspirava impor de Kiev. O argumento era questionável antes da invasão russa e é insustentável hoje, quando até os aliados da Ucrânia percebem o excesso de poder que se concentrou em um círculo, o do Gabinete do Presidente, que está encolhendo cada vez mais. Os direitos políticos não existem e o espaço da mídia, às vezes descrito como vibrante pelos aliados europeus de Kiev, sofre de limitações que vão além do que a guerra exige. Esse poder foi um dos motivos de Zelensky rejeitar o ponto mínimo da oferta de Trump , de aceitar a anexação da Criméia, para a negociação com a Rússia. 

Um artigo publicado pela The Economist e intitulado “O poder está sendo monopolizado na Ucrânia” defende uma tese que é absolutamente contrária ao que a Foreign Policy sustenta. “Embora a mídia ocidental e os líderes europeus tenham exaltado Zelensky e feito dele uma celebridade, estamos todos presos”. “A pior fragilidade da Ucrânia pode não ser militar, mas política. Desde o início da guerra, muitos ucranianos liberais e moderados enfrentaram um dilema. Chamar a atenção para a incompetência, corrupção ou má gestão do regime corre o risco de minar o apoio internacional. Mas permanecer em silêncio significa aceitar o crescente monopólio do poder de Volodymyr Zelensky, que às vezes minou a eficácia do Estado e até mesmo o próprio esforço de guerra”, escreve a respeitada revista burguesa.

“Se criticar Zelensky era difícil antes de Trump acusando-o de ser ‘um ditador’, fazê-lo agora é quase impossível”, diz The Economist. A revista destaca o perigo de “penalizar” Petro Poroshenko “por ameaças não especificadas contra a segurança nacional”, de forma a impedir o ex-presidente de concorrer a uma possível eleição. Mas a perseguição não se limita à mídia e aos partidos da oposição permitida, mas se estende até mesmo ao complexo de ONGs, especialmente aquelas voltadas para a questão da luta contra a corrupção.

A descentralização é imaginária e apenas um setor da sociedade civil, ou seja, as organizações não-governamentais, cuja missão é recrutar e obter recursos para a guerra, é vibrante. Essa é a democracia que funciona atualmente na Ucrânia e que é suficiente para uma grande parte dos meios de comunicação social. É uma democracia “made in USA”, que vive agora sob a dominação de uma ditadura comandada por Trump. 

A disputa entre Inglaterra e EUA pelo domínio da Ucrânia

Em 16 de janeiro de 2025, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, cujo mandato já havia expirado, assinaram um tratado de cooperação de 100 anos. Pouco mais de um mês depois, em 27 de fevereiro, Donald Trump se encontrou com Starmer na Casa Branca. No dia seguinte, 28 de fevereiro, o que a mídia descreveu como “o evento do Salão Oval” estourou. Trump, com sua brutalidade e espírito criminoso habitual, ajudado pelo vice Vance , agrediu e humilhou Zelensky em transmissão ao vivo pela TV. 

Na verdade, o “merecido açoitamento público do testa-de-ferro da junta golpista ucraniana”, como foi divulgado por parte da imprensa norte americana, reflete uma disputa secreta entre os Estados Unidos e o Reino Unido sobre o controle dos recursos naturais e portos ucranianos. O problema central foi o fato de Zelensky ter cedido os recursos minerais da Ucrânia aos britânicos. O governo de Trump tenta desesperadamente assumir esses recursos.

A burguesia norte americana que apoia Donald Trump pretende, além garantir o acesso a terras raras extraídas em território ucraniano, reativar o gasoduto Nord Stream 2 e controlar os polos de energia e gasodutos que atravessam a Ucrânia. Como fazer isso sem negociar com a Rússia exigiria esforço geopolítico gigantesco. Já Zelensky não está disposto a assinar novos acordos sem garantias claras para seu regime e segurança pessoal.

Saindo na frente, o Reino Unido oferece à Ucrânia o desenvolvimento conjunto de capacidades militares, criação de projetos industriais e a melhoria da segurança marítima nos mares Báltico, Negro e Azov. O acordo faz parte da estratégia britânica de se firmar como um centro financeiro global de “finanças responsáveis” em minerais críticos. O governo britânico criou um grupo de trabalho sobre minerais críticos envolvendo gigantes como Rio Tinto, Anglo American, fabricante de armas, BAE Systems, lobby aeroespacial militar ADS e players financeiros como BlackRock e banco Rothschild.

A BlackRock lidera investimentos de guerra e Rothschild – com mais de US $ 53 bilhões investidos em Ucrânia — aconselha o seu Ministério das Finanças. Seu conselho de administração inclui Lord Mark Sedwill, ex-chefe de segurança do Reino Unido e ex-CEO da BAE Systems. Nesse contexto, minerais como titânio, cobalto, gálio e terras raras são essenciais para a indústria militar britânica.

Os documentos do Ministério das Relações Exteriores britânico revelam que as privatizações são uma prioridade em seu plano para ajudar Ucrânia. Os ativos incluem o maior produtor de minério de titânio do país, o United Mining and Chemical Company, e outras plantas de infraestruturas estratégicas.

Este processo é financiado pela USAID – gerenciado por George Soros com os democratas – e apoiado pelo Ministério da Justiça e de Relações Exteriores do Reino Unido. Ele também se articula com recomendações do Banco Mundial e as condições impostas pelo FMI ao empréstimo de 15,6 bilhões de dólares para a Ucrânia. Por sua vez, a UE condicionou o seu plano de ajuda a 50 bilhões de euros (2024-2027) para reformas das empresas estatais.

A primeira proposta dos EUA pedia que a Ucrânia cedesse a jurisdição sobre disputas envolvendo recursos minerais. A versão revista do acordo propunha o alargamento do controle a setores como energia, como petróleo e gás. Incluía a criação de um fundo de investimento com contribuições de empresas ucranianas de 500 bilhões, administrados por um conselho onde Washington teria maioria. Além disso foi proposto que os EUA tenham autoridade para bloquear a venda de recursos ucranianos para a Europa ou China. A possível reativação do Nord Stream 2 e domínio dos EUA sobre a infraestrutura energética na Ucrânia gera tensões na Europa. 

A Ucrânia tornou-se palco de uma luta de vida ou morte entre o Reino Unido e os Estados Unidos não apenas por seu valor geoestratégico, mas também por sua riqueza em recursos naturais. Enquanto os ucranianos continuam a morrendo em uma guerra sem fim, os países imperialistas se apossam do que ainda não pertence a eles.

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Last Update: 25/04/2025