Vendas de casas nos EUA caem 5,9% em março, maior queda desde 2022.

As vendas de imóveis residenciais usados nos Estados Unidos registraram em março sua maior queda mensal em mais de dois anos, em meio a uma crescente incerteza econômica que afastou compradores do mercado justamente no início da crucial temporada de vendas da primavera.

Segundo a Associação Nacional dos Corretores de Imóveis (NAR), as vendas caíram 5,9% em relação a fevereiro, para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 4,02 milhões de unidades. É a maior retração mensal desde novembro de 2022 e frustra expectativas de uma recuperação no setor.

A primavera costuma ser o período mais ativo do ano no mercado imobiliário, pois muitos compradores com filhos preferem se mudar durante as férias escolares. No entanto, mesmo com o aumento da oferta de imóveis, a demanda permanece fraca. Muitos vendedores que aguardavam queda nos juros decidiram não esperar mais, o que elevou o estoque, mas os preços elevados e as taxas hipotecárias acima de 6,5% continuam afastando compradores.

A queda nas vendas foi maior que a esperada. Economistas consultados pelo Wall Street Journal previam uma redução de 3,1%. “Mesmo com mais estoque, as vendas estão lutando para ganhar tração”, disse Lawrence Yun, economista-chefe da NAR.

Em comparação com março de 2024, as vendas caíram 2,4%. Os dados refletem decisões de compra feitas entre janeiro e fevereiro, antes do anúncio de novas tarifas comerciais que ampliaram a incerteza econômica e reacenderam temores de recessão. Embora fevereiro tenha apresentado alta nas vendas, muitos negócios começaram a ser cancelados nas últimas semanas, à medida que o pessimismo aumentou.

Mesmo com a queda nas vendas, os preços das casas continuaram subindo em nível nacional. O preço mediano de venda em março foi de US$ 403.700, um aumento de 2,7% em relação ao mesmo mês do ano passado — o maior valor registrado para um mês de março.

O número de imóveis à venda ou sob contrato chegou a 1,33 milhão no fim de março, um avanço de 8,1% sobre fevereiro e de 19,8% em relação ao ano anterior. Ainda assim, os preços caíram em algumas regiões, como Texas e Flórida, onde o estoque aumentou consideravelmente.

Com o esfriamento do mercado, compradores ganharam poder de barganha. De acordo com a Redfin, 44% das transações no primeiro trimestre incluíram concessões dos vendedores, como descontos no fechamento ou redução na taxa de hipoteca. No Zillow, quase 25% dos anúncios tiveram corte de preço em março — a maior proporção para esse mês desde 2018.

Casos como o de Anna e David Howard, que compraram uma casa em Greensboro, Carolina do Norte, exemplificam a nova dinâmica. O casal pagou US$ 495 mil e recebeu um desconto de US$ 10 mil para reparos no telhado. “A desaceleração das vendas funcionou a nosso favor. Não tivemos que disputar com outros compradores”, disse Anna.

Apesar disso, muitos ainda não conseguem comprar. As taxas de hipoteca variam entre 6,5% e 7% em 2025, e a confiança do consumidor se deteriorou, o que pode afastar até compradores mais ricos. O tempo médio para vender uma casa subiu para 36 dias, contra 33 no ano passado.

Em regiões como o Nordeste e o Meio-Oeste dos EUA, o estoque ainda é escasso, o que mantém a concorrência acirrada. Já Sam e Kayla Johnson, da Pensilvânia, venderam rapidamente seu imóvel com sete ofertas, e conseguiram 10% acima do valor pedido, mesmo relutando em abrir mão da taxa de hipoteca mais baixa que tinham no imóvel anterior.

Nicole Friedman
24 de abril de 2025
The Wall Street Journal

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Last Update: 24/04/2025