A Administração Espacial Nacional da China anunciou que vai compartilhar amostras de rochas lunares coletadas pela missão Chang’e-5 com universidades nos Estados Unidos e em outras cinco nações, como parte de um programa internacional de cooperação científica.

As universidades americanas contempladas são a Brown University, em Rhode Island, e a Stony Brook University, em Nova York.

Ambas necessitaram de autorização especial do Congresso dos Estados Unidos para receber o material, uma vez que os pesquisadores responsáveis pelos projetos contam com financiamento da NASA.

O empréstimo das amostras foi anunciado pela administração espacial chinesa na última quinta-feira, durante as comemorações do Dia Nacional do Espaço na China.

Além das instituições norte-americanas, também receberão amostras lunares a Universidade de Colônia, na Alemanha; a Universidade de Osaka, no Japão; a Universidade Aberta, no Reino Unido; o Instituto de Física Planetária de Paris, na França; e a Comissão de Pesquisa Espacial e da Atmosfera Superior, agência espacial do Paquistão.

O chefe da Administração Espacial Nacional da China, Shan Zhongde, afirmou que o país continuará aceitando solicitações de empréstimo das amostras por parte de instituições internacionais. Segundo ele, a iniciativa está alinhada aos princípios de igualdade, benefício mútuo, uso pacífico e cooperação entre os países.

“O programa de exploração lunar da China sempre aderiu aos princípios de igualdade, benefício mútuo, uso pacífico e cooperação ganha-ganha, compartilhando conquistas de desenvolvimento com a comunidade internacional. Esperamos que cientistas do mundo todo façam mais descobertas científicas, expandindo em conjunto o conhecimento humano e beneficiando toda a humanidade”, declarou Zhongde.

No total, a administração espacial chinesa informou ter recebido pedidos de 11 países interessados em acessar as amostras trazidas pela missão Chang’e-5, concluída em 2020. A missão pousou no lado visível da Lua, na região conhecida como Oceano de Tempestades, e retornou à Terra com aproximadamente 1,73 kg de rochas lunares.

As amostras coletadas pela sonda chinesa se diferenciam por incluírem materiais geológicos significativamente mais jovens do que os obtidos anteriormente por missões americanas e soviéticas.

Estima-se que parte das rochas transportadas pela Chang’e-5 tenha cerca de um bilhão de anos a menos que as coletadas pelas missões Apollo, realizadas pelos Estados Unidos entre as décadas de 1960 e 1970, e pelas missões Luna, da antiga União Soviética.

Pesquisadores chineses identificaram indícios de atividade vulcânica relativamente recente na Lua a partir da análise das amostras. O estudo apontou que os vulcões no satélite terrestre permaneceram ativos até cerca de 120 milhões de anos atrás, período considerado posterior ao estimado em estudos anteriores.

Nos Estados Unidos, os cientistas Stephen Parman, da Brown University, e Timothy Glotch, da Stony Brook University, foram os pesquisadores autorizados a desenvolver projetos com as amostras fornecidas pela China.

De acordo com a legislação americana, qualquer colaboração entre instituições do país e a agência espacial chinesa depende de aprovação especial do Congresso, uma vez que a NASA está legalmente impedida de manter cooperação direta com a China sem essa autorização.

Em 2023, a NASA manifestou a intenção de solicitar ao Congresso a permissão para que cientistas americanos estudassem as amostras obtidas pela Chang’e-5.

Na ocasião, a agência espacial destacou que os materiais vieram de regiões lunares ainda não exploradas pelas missões anteriores dos Estados Unidos e poderiam oferecer informações relevantes para o avanço das pesquisas sobre a história geológica da Lua.

As discussões sobre o intercâmbio de materiais lunares entre China e Estados Unidos ocorrem em meio a um cenário de competição e, ao mesmo tempo, de interesse mútuo em colaborações científicas.

No ano passado, o jornal South China Morning Post informou que autoridades dos dois países estavam em tratativas para possibilitar o acesso de cientistas chineses a amostras obtidas pelas missões Apollo.

No entanto, segundo pessoas familiarizadas com as negociações, o pedido chinês para receber rochas lunares coletadas pelos Estados Unidos permanece sem resposta.

A China tem buscado ampliar a cooperação científica no campo da exploração espacial, incluindo o compartilhamento de recursos obtidos por suas missões. Desde o retorno da Chang’e-5, o país vem incentivando pesquisadores de diferentes nações a apresentar propostas para utilizar as amostras lunares em projetos de investigação científica.

A missão Chang’e-5 foi a primeira operação de retorno de amostras lunares realizada em mais de quatro décadas. O feito marcou um avanço no programa espacial da China, que planeja realizar novas missões à Lua e ao espaço profundo nos próximos anos, incluindo o envio de uma missão para coletar amostras do lado oculto da Lua.

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Last Update: 24/04/2025