A Igreja de dom Angélico Sândalo Bernardino sempre foi grande parceira de Lula, que sempre foi grande fiel do catolicismo progressista. É a mesma Igreja do Papa Francisco.

Valeria a pena ler o artigo “A Economia de Francisco, por Luiz Gonzaga Belluzzo”. Nele, Belluzzo recorre a vários documentos para identificar o pensamento econômico do Papa.

O primeiro ponto a se considerar é que princípios antecedem a definição de uma política econômica. Antes de se pensar nas teorias, nas planilhas, tem que se definir os valores em torno dos quais construir a política.

É o que faz o Papa. Contra o individualismo exacerbado da financeirização, ele propõe as comunidades, o trabalho comunitário e a cooperação.

Ora, trata-se da maior bandeira contra a financeirização, porque recupera os fundamentos da economia, é socialmente mais justo e economicamente mais eficiente – se se entender a economia como o exercício de garantir o crescimento permanente, com responsabilidade social.

Os modelos participativos garantem crescimento mais equilibrado, geração de riqueza, fortalecimento do mercado interno, canalização de parte relevante do lucro para investimentos no próprio negócio.

O primeiro passo desse modelo é o fortalecimento das relações econômicas dos pequenos empresários, dos pequenos agricultores. No rascunho do Projeto Brasil, você poderá entender um desses instrumentos, os Arranjos Produtivos Digitais.

É apenas um dos experimentos. Nas últimas décadas surgiram inúmeras experiências bem sucedidas de cooperação. Antes que as redes de drogarias sufocassem as farmácias individuais, muitas delas organizaram-se em consórcios para a compra de remédios e para marketing cooperativo. Na área rural, há as experiências vitoriosas do cooperativismo e do MST.

São dois os desafios, que não dependem do Centrão, mas da vontade política de mudar.

O primeiro, programas de incentivo à organização dos pequenos. O segundo, a volta dos programas de qualidade total para a área pública.

O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos montou um plano estratégico, enfatizando os aspectos da ESG (Ambiental, Social e Governança), as preocupações com sustentabilidade, inclusão, valorização do funcionário e modernização digital. Faltou o programa síntese: os processos de qualidade total, justamente os que entram no âmago do problema da gestão.

Em outros tempos, esses programas mudaram a face de muitas empresas, transformaram completamente a Polícia Federal, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), desenvolveram indicadores de acompanhamento que permitiram não apenas a melhoria dos serviços, como o controle da atuação e das entregas. 

Até seu principal estimulador, Vicente Falconi, transformar-se em mero cortador de custos, a qualidade total promoveu transformações fundamentais tanto em empresas privadas quanto no setor público.

De um lado, por mobilizar todos os funcionários em torno de objetivos definidos, através de melhoria de processos com sua participação. E, finalmente, permitindo a criação de indicadores capazes de monitorar com eficiência o desempenho e a integridade dos orçamentos públicos.

Mesmo o INSS passou por períodos de grande eficiência, dirigido por pessoas do calibre de Nelson Machado, em outros tempos instituindo concursos nacionais de eficiência entre as diversas agências.

Das primeiras experiências de prêmios de qualidade nasceu o Movimento Brasil Competitivo, para dar apoio às propostas de gestão da área pública. Nem sei em que pé se encontra. No seu portal, a linha do tempo termina em 2020.

Hoje em dia tem uma instituição – o Tribunal de Contas da União – com grande apuro técnico na apuração de processos e indicadores. Tem a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) com estrutura para auxiliar na definição de processos adequados a cada tipo de atividade do estado.

Se convocar, ainda haverá instituições privadas interessadas em contribuir para o aprimoramento gerencial do Estado.

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Last Update: 24/04/2025