Uma matéria publicada pela emissora russa Russia Today (RT) revela uma crise entre setores da Casa Branca e o secretário de Defesa, Pete Hegseth. Um articulista da RT aponta que “o Pentágono está em guerra com seu próprio chefe”, segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt.

Em uma entrevista ao Fox and Friends, na segunda-feira (21), Leavitt afirmou a total confiança do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na liderança de Hegseth. “É isso que acontece quando todo o Pentágono trabalha contra vocês e contra a mudança monumental que vocês estão tentando implementar”, afirmou. Leavitt alegou que aqueles que se opõem a Hegseth se ressentem de seu compromisso de “defender o combatente” e estão recorrendo a “vazamentos e… mentiras para a grande imprensa” para miná-lo.

A declaração da porta-voz da Casa Branca em defesa de Hegseth ocorre após uma reportagem do New York Times, publicada no último domingo (20), que o acusou de compartilhar informações confidenciais sobre operações no Iêmen com sua esposa e seu irmão, que não tinham autorização de segurança.

O vazamento foi atribuído ao conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz. Segundo o NYT, Hegseth tinha outro grupo de bate-papo privado no aplicativo Signal com uma dúzia de membros de seu círculo íntimo, incluindo sua esposa. O porta-voz de Hegseth, Sean Parnell, afirmou que o Times estava tentando trazer a história do “Signalgate” de volta à vida.

No mesmo domingo, o jornal Politico publicou um artigo do ex-porta-voz do Pentágono, John Ullyot, afirmando que este foi um mês de “caos no Pentágono”. “Foi um mês de caos total no Pentágono. De vazamentos de planos operacionais sensíveis a demissões em massa, a disfunção agora é uma grande distração para o presidente — que merece algo melhor de sua liderança sênior”, disse Ullyot em crítica aberta contra Hegseth.

De acordo com o jornal britânico The Guardian, no domingo, enquanto distribuía ovos de Páscoa na Casa Branca, Trump defendeu o secretário de Defesa. “Pete está fazendo um ótimo trabalho”, disse o presidente dos Estados Unidos. “Perguntem aos houthis como ele está. São notícias falsas. Eles só inventam histórias. Parecem funcionários descontentes. Ele foi colocado lá para se livrar de um monte de gente ruim e é isso que ele está fazendo. Nem sempre se tem amigos quando se faz isso”, complementou.

Ao ser cobrado sobre a situação, Hegseth também falou em perseguição: “não vão trabalhar comigo porque estamos mudando o Departamento de Defesa, devolvendo o Pentágono aos combatentes. E difamações anônimas de ex-funcionários descontentes sobre notícias antigas não importam”.

Esse episódio é mais uma expressão da crise entre Trump e o aparato estatal imperialista, popularmente conhecido como “Estado profundo” norte-americano (os serviços de inteligência do grande capital, que comandam verdadeiramente o Estado). De um lado, o imperialismo quer aprofundar as guerras e conflitos pelo mundo; do outro, um setor da burguesia doméstica dos EUA tenta diminuir – ou até mesmo acabar com – essas guerras.

Esse choque entre Trump e o imperialismo também mostra que o atual presidente dos Estados Unidos não é um verdadeiro representante da ala fundamental do imperialismo, que inclusive utiliza a grande imprensa para levar adiante a campanha contra o republicano.

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Last Update: 24/04/2025