A Faixa de Gaza viveu, entre a noite de domingo (21) e a segunda-feira (22), o ataque aéreo mais intenso em um mês. A ofensiva da entidade sionista incluiu o bombardeio coordenado de diversas regiões do território palestino, com foco deliberado em equipamentos civis essenciais e na população desarmada. A ofensiva prosseguiu pela noite e madrugada, com destruições sistemáticas que atingiram inclusive hospitais, sedes da Defesa Civil e tendas de refugiados.

Segundo boletins da resistência palestina, as primeiras horas da madrugada foram marcadas por ataques diretos contra maquinário usado nas ações de resgate e manutenção de serviços civis. Dezenas de escavadeiras, caminhões-tanque, veículos de coleta de lixo e compressores de esgoto foram alvos dos mísseis sionistas em cidades como Jabalia, Gaza, Rafá e Khan Iunis. Parte dos equipamentos havia sido enviada por Egito e Catar como auxílio humanitário.

O objetivo da destruição, segundo os relatos, é dificultar ainda mais a retirada de corpos de escombros, o transporte de feridos e a abertura de vias para deslocamento da população cercada e faminta. A repressão, no entanto, não se limitou à destruição de infraestrutura: dezenas de pessoas foram assassinadas nos ataques a tendas, abrigos e residências civis.

Cronologia do massacre

Entre meia-noite e cinco da manhã, Gaza foi bombardeada ininterruptamente, com destaque para as regiões norte de Rafá e leste da Cidade de Gaza. Às 5h, um bombardeio atingiu o apartamento da família Shabir, em Khan Iunis, assassinando nove pessoas, entre elas crianças. Logo após, novas escavadeiras foram bombardeadas ao sul da capital.

Entre 7h e 9h, tanques e drones sionistas intensificaram os ataques à zona leste de Gaza. Em Jabalia, um ataque aéreo assassinou toda a família Abu Seif: pai, mãe e três filhos. A tenda em que se abrigavam foi reduzida a cinzas. Outro ataque em Bir Al-Najaa, a oeste do campo de refugiados de Jabalia, assassinou três civis.

No período entre 10h e 12h, mais dois mártires foram registrados em um ataque de drone ao nordeste de Rafá. O bairro de Tufá, em Gaza, voltou a ser alvo de bombardeio, enquanto Rafá ocidental também foi atingida por ataques aéreos.

Das 13h às 14h, um centro da Defesa Civil em Beit Lahia foi bombardeado, resultando em feridos entre os socorristas. Ao mesmo tempo, uma tenda de desabrigados em Bani Suheila, leste de Khan Iunis, foi alvo de ataque, assassinando ao menos uma pessoa. O colégio Zaytouniya, usado como abrigo, foi atingido por mísseis, deixando várias crianças feridas.

Entre 14h e 15h, novas explosões atingiram um apartamento no centro de Gaza, além de mais bombardeios em Khan Iunis e no bairro de Tufá. Às 15h, ataques de artilharia pesada atingiram o noroeste de Rafá e o sul de Khan Iunis. Um drone atacou Nusseirate, assassinando três pessoas, entre elas duas crianças.

Até o final do dia, ao menos 28 mártires haviam sido registrados.

A continuidade da ofensiva

Mesmo após um dia inteiro de ataques, a aviação sionista continuava sobrevoando Gaza até a noite. Entre 15h e 21h, novos bombardeios atingiram:

  • A casa da família Halou no bairro Tufá
  • A região de Abasan Al-Jadida, no leste de Khan Iunis
  • A região de Bani Suheila, onde quatro mártires foram registrados em ataque de drone
  • A área costeira de Mawasi Khan Younis
  • Três ataques em Qizan Al-Najjar, ao sul de Khan Iunis
  • Vários pontos de Gaza City, incluindo Zaytoun e o hospital infantil Al-Durra, que teve seus painéis solares destruídos
  • O bairro de Jabalia Al-Balad, onde o local foi bombardeado três vezes consecutivas, atingindo inclusive socorristas da Defesa Civil
  • Maghazi e Deir Al-Balah, com uso de helicópteros e tiros de metralhadora

Novas demolições em Rafá também foram registradas ao final da noite.

Comunicado oficial do Hamas

Diante da escalada da repressão, o Hamas divulgou, nesta terça-feira (22), um comunicado oficial denunciando o bloqueio total das passagens para Gaza, que já dura 50 dias. Segundo o movimento, o cerco é parte de uma política de extermínio deliberado, conduzida por Netaniahu e seu governo fascista.

“A Faixa de Gaza enfrenta uma catástrofe humanitária sem precedentes, com escassez severa de alimentos, água, combustível e medicamentos, incluindo vacinas para crianças”, afirma o texto.

O movimento denuncia que o cerco é uma violação flagrante das convenções internacionais, e acusa a comunidade internacional de cumplicidade por omissão:

“O uso da fome como arma é um crime de guerra premeditado, e sua continuidade representa um fracasso político, moral e humanitário do sistema internacional.”

O Hamas apela para que a ONU, os países árabes e islâmicos e os povos do mundo ajam urgentemente para romper o bloqueio:

“Chamamos todos os povos livres a atuarem por todos os meios possíveis para romper o cerco, abrir as passagens e apoiar a resistência do povo palestino em sua terra.”

Abaixo, segue a íntegra do comunicado:

“Em nome de Deus, o mais gracioso, o mais misericordioso

Comunicado de imprensa

Cinquenta dias se passaram desde o fechamento das passagens de Gaza pela ocupação criminosa. Uma catástrofe humanitária continua ameaçando a vida de dois milhões de pessoas, em meio a um fracasso internacional injustificável.

Com o passar do 50º dia do fechamento completo e abrangente das passagens pela ocupação sionista, a Faixa de Gaza enfrenta uma catástrofe humanitária sem precedentes, com escassez severa de todas as necessidades básicas da vida, incluindo alimentos, água, combustível e medicamentos, incluindo a prevenção da entrada de vacinas essenciais para crianças. Isso está empurrando a população para a fome e para um desastre de saúde que piora a cada dia, acompanhado por massacres brutais diários que visam civis inocentes em bairros residenciais, abrigos e tendas, e pela destruição sistemática de hospitais e instalações civis.

O cerco abrangente imposto a mais de dois milhões e duzentas mil pessoas, e o uso da fome como arma, é um flagrante crime de guerra e uma violação de todas as convenções internacionais e humanitárias, perpetrado com premeditação pelos líderes da ocupação criminosa. Sua continuação constitui um fracasso político, moral e humanitário do sistema internacional e de suas instituições.

Diante dessa catástrofe, renovamos nosso apelo à comunidade internacional, às Nações Unidas e a todas as partes relevantes para que ajam, assumam suas responsabilidades e pressionem o criminoso de guerra Netaniahu e seu governo fascista a abrir as passagens e permitir imediatamente a entrada de todos os suprimentos essenciais na Faixa de Gaza.

Também apelamos aos governos e povos árabes e islâmicos, e aos povos livres do mundo, para que trabalhem por todos os meios para romper o cerco ao nosso povo em Gaza, abrir as passagens, resgatar seus irmãos na Faixa, apoiar sua firmeza em sua terra e enfrentar os planos da ocupação fascista que visam toda a região.

Movimento de Resistência Islâmica – Hamas

Terça-feira: 24 de Shawwal de 1446 AH  

Correspondente a: 22 de abril de 2025”

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Last Update: 23/04/2025