Na última quinta-feira (17), cerca de 100 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam uma área no assentamento Taboca, em Monte do Carmo, Tocantins, para denunciar a grilagem de terras públicas. A ação, no Dia Internacional de Luta Camponesa pela Terra, integra a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, que marca o mês de abril em memória do Massacre de Eldorado do Carajás, quando, em 1996, 21 trabalhadores rurais foram mortos pela Polícia Militar do Pará.
O MST alega que a área ocupada, parte do assentamento Taboca, é alvo de apropriações ilegais por fazendeiros, que cultivam soja em terras da União. O movimento também reivindica a Fazenda Santa Ádyla, de 1.225 hectares, usada para monocultura e considerada grilada. A ocupação pressiona o governo federal a regularizar essas terras para famílias camponesas, promovendo a agricultura familiar.
A grilagem é uma arma da concentração fundiária no Brasil, onde 1% dos proprietários controlam 46% das terras agrícolas, segundo o IBGE (2017). No Tocantins, a expansão da soja intensifica conflitos, com 92 casos registrados em 2024 pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), 30% ligados à grilagem. “A presença de grandes fazendeiros viola o direito de famílias que lutam por terra”, diz o MST em nota.
A Jornada de Lutas de Abril, com ações nacionais, reacende o debate sobre a reforma agrária. O MST critica a lentidão do INCRA e a influência do agronegócio no governo, enquanto fazendeiros defendem que suas atividades geram empregos. Dados do INPE (2024) mostram que o Tocantins perdeu 12% de sua vegetação desde 2010, muito por monoculturas em terras públicas.
A esquerda deve apoiar a luta camponesa por reforma agrária, unindo-se às mobilizações do MST para enfrentar a desigualdade no campo e cobrar políticas dedicadas a atender os camponeses.