“A contínua criação e difusão de notícias falsas não só distorcem a realidade dos fatos, mas acabam também distorcendo as consciências, dando origem a falsas percepções da realidade. (…) No nosso tempo, a negação das verdades óbvias parece tomar a dianteira”, disse o Papa Francisco, em janeiro deste ano. Quatro meses depois, o Conclave enfrentaria a primeira disputa submersa nas Fake News e manipulação de Inteligência Artificial de sua história.

Depois de 12 anos de Francisco, a escolha do novo papa enfrenta um cenário não esperado, com uma ampla influência das redes sociais, Fake News e pressões de movimentos ultraconservadores.

Apesar de todo o processo sigiloso que envolve a votação, que ocorre duas semanas após o sepultamento de Francisco, conversas e articulações já estão ocorrendo entre os cardeais e a Cúria, conforme adiantou Jamil Chade, em sua coluna para o Uol. Segundo o jornalista, vaticanistas e integrantes da Santa Sé o confirmaram que “um dos maiores desafios será blindar os cardeais da interferência cada vez maior da internet”.

O Papa Francisco sabia o que seria a troca de seu posto e o mundo em que vivemos.

Em janeiro, pouco tempo depois de a Meta acabar com as políticas de verificação das Fake News no Instagram e Facebook nos Estados Unidos, o papa falou dos riscos: “Alguns desconfiam de argumentos racionais, que consideram instrumentos nas mãos de algum poder oculto, enquanto outros acreditam possuir inequivocamente a verdade que construíram para si mesmos”.

As manipulações, adiantava ele, “podem ser amplificadas pela mídia moderna e pela inteligência artificial, que são usadas como meio de manipular a consciência para fins econômicos, políticos e ideológicos”.

Por isso, ele se preparou, mantendo 60% dos cardeais que votam com posições empáticas ao seu legado. Trata-se, ainda segundo levantamento de Jamil Chade, da Igreja mais universal em 2 mil anos, uma vez que ele trouxe eleitores de todos os cantos do mundo, principalmente de suas “margens” e países periféricos, até então não representados em escolhas anteriores.

Ao todo, 71 países estarão presentes na votação, incluindo cardeais de países como Haiti, Timor Leste, Mianmar, Sudão do Sul, Papua-Nova Guiné, Albânia, entre outras regiões marginalizadas.

Assim, há grandes chances de o novo papa trazer uma postura similar ou condizente em manter o legado de Francisco. Mas a influência prévia das Fake News, nestas duas semanas anteriores, ainda pode representar riscos.

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Last Update: 22/04/2025