O deputado federal Pedro Lucas (União-MA) ainda não decidiu se aceitará o convite do presidente Lula (PT) para assumir o Ministério das Comunicações. O impasse se deve à disputa nos bastidores entre o presidente da legenda, Antônio Rueda, e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). 

Nesta terça-feira 22, a bancada do partido na Câmara se reuniu — sem Lucas — para discutir os rumos. A ala majoritária defende que o deputado recuse o convite e continue na liderança da Casa. Esse grupo, representado pelos interesses do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e do vice-presidente da sigla ACM Neto defende um desembarque total do governo. Isso não deve acontecer.

A indicação de Pedro Lucas à Esplanada foi costurada por Davi Alcolumbre, com a intenção de ter o ex-ministro Juscelino Filho como o novo líder do União na Câmara.

Essa ideia deixa Alcolumbre em rota de colisão com Rueda, que não deseja “contaminar” a sigla pela denúncia que derrubou Juscelino do Ministério das Comunicações. O processo é visto como um revés para as pretensões eleitorais em 2026.

Rueda, ACM e Caiado querem ver o União conquistar a Presidência da República no ano que vem e contam com a oposição mais “à direita” do partido para obter o espólio eleitoral de Jair Bolsonaro (PL). Dos 59 deputados da sigla, 40 assinaram o requerimento de urgência do projeto de lei que anistia os golpistas do 8 de Janeiro.

A recusa de Lucas também teria um impacto negativo para o Palácio do Planalto, que chegou a amunciá-lo como novo integrante da Esplanada, em 10 de abril. No dia seguinte, o deputado divulgou uma nota para dizer que não havia se decidido e que teria de consultar o partido.

No governo, há um mal-estar por causa da indefinição. Interlocutores do Planalto dizem que o deputado já havia se comprometido a assumir o cargo e que uma negativa pode levar o Ministério das Comunicações a outro partido, como o PSD de Gilberto Kassab.

Agora, Alcolumbre corre contra o tempo em busca de um plano B para a indicação. O nome, no entanto, precisa preencher todos os pré-requisitos para formar um ministro, o que não parece ser tarefa simples.

A fórmula para montar o ministro ideal é que ele seja governista e fiel a Lula (o que é cada vez mais raro no União) e tenha interlocução com a ala opositora do partido.

Os prováveis candidatos seriam os mesmos que disputavam o cargo de líder do partido na Câmara: Damião Feliciano (PB) e Moses Rodrigues (CE). Os dois são considerados mais alinhados ao Planalto e vistos como alternativas moderadas e de fácil interlocução com Rueda e Alcolumbre.

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Last Update: 22/04/2025