
A morte do papa Francisco colocou em evidência a intensa disputa de poder dentro da Igreja Católica, com conservadores e progressistas disputando o futuro do pontificado. Enquanto Francisco promoveu reformas progressistas, uma ala direitista busca um sucessor que reverta suas políticas.
Entre os principais nomes conservadores cotados estão os cardeais Raymond Leo Burke (EUA), Robert Sarah (Guiné) e Péter Erdő (Hungria). Entre os sete brasileiros que viajaram ao Vaticano, está o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani, que já fez acenos à extrema-direita brasileira, se reunindo com Jair Bolsonaro quando ele era presidente.
Francisco, durante seus 12 anos como papa, nomeou cerca de 110 dos 135 cardeais elegíveis para votar no conclave, buscando assegurar um sucessor alinhado à sua visão. No entanto, como explicou o vaticanista Iacopo Scaramuzzi em entrevista ao jornal britânico The Guardian, “isso não significa que esse grupo seja unânime e coeso”.
O pontífice enfrentou forte oposição de setores tradicionais, especialmente após medidas como a permissão de bênçãos a casais do mesmo sexo e a abertura à comunhão para divorciados recasados. O cardeal alemão Gerhard Ludwig Müller, nomeado por Francisco, chegou a chamar essas mudanças de “heresia”.

Veja alguns dos principais nomes da direita católica são:
1. Raymond Leo Burke (EUA)
O norte-americano Burke, de 76 anos, é um dos críticos mais ferrenhos de Francisco. Defensor da “hermenêutica da continuidade” (interpretação tradicional do Vaticano II), ele já sugeriu a necessidade de “corrigir formalmente” o papa.
Foi marginalizado por Francisco, perdendo salário e residência no Vaticano, mas segue influente entre católicos conservadores americanos.
2. Robert Sarah (Guiné)
Nascido em 1945, Sarah é um dos principais opositores das reformas de Francisco. Em 2020, publicou um livro defendendo o celibato clerical no momento em que o papa avaliava flexibilizar a regra. Também é conhecido por discursos contra o Islã, imigrantes e direitos LGBTQ+.
Forte candidato a ser o próximo papa, ele já afirmou em entrevista que a Europa “perdeu o sentido de suas origens” e está sendo “silenciosamente invadida por outros povos”.
3. Péter Erdő (Hungria)
Arcebispo de Esztergom-Budapeste, Erdő é um tradicionalista que rejeita a comunhão para divorciados recasados e a bênção a casais gays.
O húngaro apoiou a reabilitação do cardeal József Mindszenty, perseguido pelo regime comunista húngaro, e é visto como um aliado de governos nacionalistas.
4. Orani João Tempesta (Brasil)
Longe dos mais cotados para ser o novo papa, dom Orani nasceu em São José do Rio Pardo, interior de São Paulo, e foi nomeado arcebispo do Rio de Janeiro.
Conservador, ele apoiou abertamente a campanha de Jair Bolsonaro (PL) à presidência em 2018, posando para fotos ao lado do então candidato. Durante, e após, o mandato de extrema-direita, ele não fez novas manifestações de cunho político.
A influência política no conclave
A eleição papal não ocorre no vácuo, a intervenção de Donald Trump, que recentemente trocou o embaixador dos Estados Unidos, é uma amostra de como a política internacional pode interferir no resultado do conclave. “Trump, China, nacionalistas… são variáveis que podem influenciar o resultado”, afirmou Scaramuzzi.
Em seus primeiros meses de mandatos, Burch, um crítico aberto de Francisco, foi escolhido por Trump para ser o embaixador dos EUA. Em público, o novo diplomata já acusou o papa de criar “confusão massiva” para manipular os católicos em uma suposta doutrinação de esquerda. Líder da organização CatholicVote, que apoia Trump, ele pode tensionar ainda mais as relações entre a Santa Sé e os EUA.
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