O Papa Francisco e o pastor Silas Malafaia

Malafaia grita e cospe perdigotos. Sua voz ecoa em redes sociais como quem comanda um exército de demônios. Transformou o evangelho em slogan, a fé em arma, o culto em espetáculo de rancor.

Esqueceu de Cristo — aquele que não cita, que não convém. Cristo que perdoava, tocava leprosos, comia com pecadores. Esse Cristo atrapalha a retórica de guerra santa. Malafaia prega um deus de cercas, armas e códigos morais seletivos.

Fala de “família tradicional” para excluir, de “valores” para justificar o preconceito. Ergue sua voz contra pobres, mulheres, indígenas, LGBTQIA+, quilombolas, e ainda se diz perseguido. Seu parceiro é um golpista que promete a “ponta da praia” aos adversários.

Do outro lado, Francisco. O primeiro papa latino-americano. O homem de Buenos Aires que escolheu o nome do santo que abraçou leprosos e beijou a pobreza.

Durante doze anos, foi farol para quem se sentia à margem da Igreja: falou com refugiados, lavou os pés de muçulmanos, abraçou transexuais, defendeu a Terra como Casa Comum, pediu perdão às vítimas de abuso. Enfrentou, com coragem, o clericalismo, a hipocrisia, o ódio travestido de doutrina.

Sempre com a voz mansa, acolhedora. E, mesmo com o corpo sob as pedras da Basílica de Santa Maria Maior, Francisco permanece: em suas cartas, em seus gestos, na memória dos que encontraram abrigo em suas palavras.

Enquanto Malafaia se alia ao poder armado e convoca jejuns pela destruição dos inimigos, Francisco ainda sussurra: “Esta Igreja não é um quartel. É um hospital de campanha.”

Enquanto um vocifera por audiência, o outro segue ensinando, mesmo em silêncio.

Eles têm Malafaia. Nós temos Francisco.

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Last Update: 22/04/2025