Morreu no último domingo (20), aos 74 anos de idade, a cantora Maria Cristina Buarque de Holanda, irmã de Chico Buarque de Holanda.
A cantora lutava contra o câncer de mama há um ano, porém a causa da morte ainda não foi divulgada.
Cristina era compositora e sambista, e vivia na Ilha de Paquetá, na cidade do Rio de Janeiro, sempre acompanhada de sua roda de samba. Uma das suas maiores características como artista foi a verdadeira garimpagem musical que fazia para interpretar para o público grandes pérolas da música brasileira. Em publicação nas redes sociais, os filhos noticiaram o falecimento com os dizeres:
“Uma cantora avessa aos holofotes. Como explicar um negócio desses em qualquer tempo? Mas como explicar isso nesse tempo específico? Mas foi isso a vida inteirinha dessa mulher que tivemos, nós cinco, a sorte grande de ter como mãe.
Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra. ‘Bom mesmo é o coro’, ela dizia, e viveria mesmo feliz a vida escondidinha no meio das vozes, não fosse esse faro tão apurado, o amor por revirar as sombras da música brasileira em busca de pequenas pérolas não tocadas pelo sucesso, porque o sucesso, naqueles e nesses tempos, tem um alcance curto. É imagem bonita e nítida, mas desfoca as outras belezas que se perderiam na sombra não fossem essas pessoas imunes ao imediato. Ser humano mais íntegro que eu já conheci. Farol, chefia, braba, a dona da porra toda. Vai em paz, mãe.”
A carreira de Cristina ganhou notoriedade em 1974, com o lançamento de seu primeiro disco, em que apresentou composições de grandes nomes da MPB, como Cartola, Tom Jobim, Paulinho da Viola, Manacéa e, claro, seu irmão Chico Buarque.
Neste disco, Cristina interpretou um de seus maiores sucessos, “Quantas lágrimas”, de Manacéia, compositor da Velha-Guarda da Portela. No mesmo disco, gravou ainda composições de outros sambistas, como Dona Ivone Lara, do Império Serrano, e Nelson Cavaquinho e Cartola, ambos da Mangueira.
“Cristina teve uma importância gigante para a música brasileira, para a defesa do samba, dos compositores”, disse em mensagem a cantora Alice Canto, que continuou: “ela não se rendeu aos caprichos do mercado fonográfico para poder manter acesa a chama dos compositores de samba. Ela formou toda uma geração da Lapa do início dos anos 2000 como Teresa Cristina e Pedro Miranda. É uma perda enorme”, concluiu.