Ishiba sinaliza que Japão está se irritando com arrogância dos dos EUA e que não vai se humilhar permanentemente perante as agressões tarifárias de Trump.

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, afirmou que o país não vai ceder a todas as exigências dos Estados Unidos nas negociações comerciais, citando a necessidade de proteger os interesses nacionais.

O governo norte-americano busca maior acesso aos mercados automotivo e agrícola japoneses, com o presidente Donald Trump reclamando da ausência de carros americanos no Japão e das tarifas sobre importações agrícolas.

O Japão trabalha em sua estratégia para uma segunda rodada de negociações, com propostas possíveis como o aumento das importações de arroz e soja dos EUA e a flexibilização de padrões de segurança para carros importados.

Ishiba declarou no parlamento que o Japão não vai simplesmente aceitar todas as exigências para fechar um acordo tarifário. “Se o Japão ceder tudo, não conseguiremos garantir nossos interesses nacionais”, disse nesta segunda-feira.

Tóquio está preparando sua estratégia para uma nova rodada de negociações até o fim de abril, após seu principal negociador realizar conversas iniciais com autoridades americanas em Washington na semana passada. Detalhes específicos das demandas dos EUA ainda são vagos, mas Trump frequentemente se queixa da falta de carros americanos no mercado japonês.

Autoridades americanas também apontaram tarifas sobre importações agrícolas, como arroz, como barreiras comerciais injustas.

A situação é crítica para Ishiba. O setor automotivo é o mais lucrativo para as exportações japonesas, e os agricultores são uma base importante de apoio ao seu Partido Liberal Democrata, que enfrentará eleições nacionais em julho e lida com baixos índices de aprovação pública.

Uma pesquisa publicada nesta segunda-feira pelo jornal Asahi apontou 30% de aprovação para o gabinete de Ishiba e 56% de desaprovação.

Em seu discurso, Ishiba defendeu com firmeza as barreiras agrícolas. “Estamos trabalhando para proteger a agricultura japonesa por vários métodos, como tarifas e regras de acesso mínimo”, afirmou. “Devemos continuar a protegê-la e, claro, também devemos proteger a segurança do consumidor.”

Apesar do tom combativo, o Japão precisa encontrar cartas para negociar uma isenção de uma tarifa americana de 24%, reduzida para 10% por 90 dias desde o início do mês. Assim como outros países, o Japão também enfrenta tarifas de 25% sobre exportações de carros, aço e alumínio.

No fim de semana, alguns jornais locais noticiaram que o Japão pode oferecer aumentar as importações de arroz e soja dos EUA e flexibilizar padrões de segurança para carros importados como propostas para avançar nas negociações.

Fabricantes americanos há muito reclamam de barreiras não tarifárias que dificultariam a entrada no mercado japonês, embora Ishiba tenha dito nesta segunda-feira que não espera grande sucesso para carros com volante à esquerda nos EUA, já que no Japão se dirige pelo lado esquerdo.

Ishiba não mencionou ofertas específicas que o Japão poderia fazer, mas descartou sacrificar os agricultores ao reduzir proteções agrícolas para obter a suspensão da tarifa de 25% sobre automóveis.

Trump também levantou preocupações sobre a contribuição financeira do Japão para a manutenção de bases militares americanas no país, inclusive antes de uma reunião com o negociador japonês Ryosei Akazawa na semana passada. Ishiba afirmou que Tóquio não aumentará simplesmente o valor pago pela presença militar dos EUA.

Ele acrescentou que não pretende apressar uma visita a Washington nos próximos dias para fechar um acordo com Trump.

Autores: Yoshiaki Nohara e Alastair Gale
Data de publicação: 21 de abril de 2025
Fonte: Bloomberg

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Last Update: 21/04/2025