A China anunciou a ativação de sua primeira rede comercial de banda larga 10G, projeto desenvolvido em parceria entre a empresa estatal China Unicom e a fabricante de equipamentos de telecomunicações Huawei.

A nova rede foi instalada na cidade de Xiong’an, localizada na província de Hebei, a cerca de 112 quilômetros da capital, Pequim.

A infraestrutura alcançou velocidades de pico de 9.834 Megabits por segundo (Mbps), segundo dados divulgados pelas autoridades chinesas. Trata-se, até o momento, da maior velocidade registrada em uma rede de banda larga de uso comercial.

Países como Emirados Árabes Unidos e Catar já demonstraram velocidades elevadas de conexão à internet, mas essas tecnologias ainda são limitadas em escopo comercial.

O projeto integra a estratégia de desenvolvimento tecnológico da chamada “megacidade futurista” de Xiong’an, concebida pelo governo chinês como um centro urbano modelo para soluções avançadas de infraestrutura.

A rede é baseada na tecnologia de Rede Óptica Passiva 50G (PON 50G), que, segundo técnicos envolvidos na iniciativa, permite latência inferior a 3 milissegundos. Essa capacidade representa um salto em relação aos padrões atuais de transmissão via fibra óptica convencional.

As aplicações previstas para a nova rede incluem áreas que exigem alta velocidade de transmissão e baixa latência, como realidade virtual, realidade aumentada, veículos autônomos e sistemas de comunicação em tempo real.

Técnicos envolvidos na operação afirmam que a capacidade da rede permite, por exemplo, o download de dois filmes em qualidade 4K ou um filme em 8K em aproximadamente um segundo.

De acordo com os responsáveis pela implementação, a rede também poderá ser utilizada como suporte para serviços em setores como telemedicina, educação remota e agricultura automatizada.

Esses segmentos são considerados estratégicos pelas autoridades chinesas no processo de ampliação da conectividade digital e automação de processos produtivos no país.

A construção da rede em Xiong’an foi apresentada como uma etapa inicial de um projeto mais amplo. Após a conclusão da fase local, o governo deverá avaliar a viabilidade da expansão para outras regiões do território chinês.

As próximas etapas, segundo os planos anunciados, podem incluir centros urbanos como Pequim, Shenzhen, Xangai e Guangzhou, com o objetivo de aumentar a integração digital entre as principais cidades do país.

A Huawei, que participou do desenvolvimento da rede, já atua em diversas iniciativas voltadas à modernização da infraestrutura de telecomunicações na China e no exterior.

A empresa está envolvida em outros projetos de redes avançadas, inclusive em mercados internacionais, e mantém parcerias com operadoras de diversos países.

Já a China Unicom, por sua vez, é uma das principais operadoras estatais chinesas, com presença consolidada na oferta de serviços de comunicação móvel, banda larga fixa e soluções corporativas.

A cidade de Xiong’an foi escolhida como local de estreia da nova rede por integrar o plano de desenvolvimento do “círculo econômico de Jing-Jin-Ji”, que une as regiões de Pequim, Tianjin e Hebei.

O plano visa descentralizar a atividade econômica da capital e transferir parte das funções administrativas e industriais para cidades vizinhas, promovendo a conectividade entre elas por meio de tecnologia de ponta.

Desde o lançamento oficial da proposta de Xiong’an em 2017, o governo central da China tem investido em infraestrutura urbana, redes inteligentes, transporte de alta velocidade e serviços digitais como parte de um modelo-piloto de urbanização tecnológica.

A instalação da rede 10G se insere nesse contexto e deverá ser acompanhada por outras iniciativas de transformação digital nos próximos anos.

A adoção da tecnologia PON 50G representa uma atualização significativa em relação às redes PON anteriores, como as variantes 10G-PON e XGS-PON.

Além de oferecer maior capacidade de tráfego, o novo padrão suporta múltiplos serviços simultâneos com alta estabilidade e menor tempo de resposta.

Segundo os engenheiros do projeto, isso é essencial para garantir o funcionamento ininterrupto de sistemas baseados em inteligência artificial, monitoramento remoto e automação urbana.

A implementação da rede 10G ocorre em um momento em que a China busca ampliar sua autonomia tecnológica e consolidar sua posição como fornecedora global de infraestrutura digital.

A estratégia envolve o fortalecimento de empresas nacionais, o investimento em pesquisa e desenvolvimento e a exportação de modelos de conectividade aplicados em regiões urbanas com características similares às chinesas.

A expansão da banda larga de alta velocidade também está relacionada às metas do governo chinês para ampliar o acesso à internet de qualidade em áreas urbanas e rurais, reduzir a desigualdade digital e estimular setores como manufatura inteligente, comércio eletrônico e serviços baseados em nuvem.

Autoridades envolvidas na iniciativa informaram que a rede passará por monitoramento e testes adicionais nos próximos meses.

A expectativa é que, uma vez confirmada a estabilidade da operação em Xiong’an, novas cidades recebam a tecnologia como parte do plano nacional de modernização da conectividade.

A China segue como um dos países que mais investem em infraestrutura digital, tanto em termos de cobertura quanto de capacidade técnica.

A introdução da rede 10G em escala comercial amplia o leque de serviços possíveis e deve impulsionar a adoção de tecnologias de próxima geração em diversos setores da economia.

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Last Update: 21/04/2025