Nayib Bukele e Nicolás Maduro. Foto: Divulgação

O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, propôs neste domingo (20) ao governo da Venezuela uma troca diplomática inédita: repatriar os 252 venezuelanos deportados pelos Estados Unidos e detidos em território salvadorenho em troca da libertação de 252 presos políticos mantidos pelo regime de Nicolás Maduro.

A proposta foi publicada por Bukele na rede social X (antigo Twitter), como uma reação direta ao impasse internacional envolvendo as recentes deportações em massa de venezuelanos pelos EUA, que começaram há pouco mais de um mês sob ordens do ex-presidente Donald Trump.

A medida foi embasada na Lei de Inimigos Estrangeiros, de 1798, utilizada para expulsar estrangeiros acusados, sem provas, de envolvimento com o crime organizado.

“Quero propor um acordo humanitário que contemple a repatriação de 100% dos 252 venezuelanos que foram deportados, em troca da libertação e entrega de um número idêntico dos milhares de presos políticos que o senhor mantém”, escreveu Bukele, dirigindo-se diretamente a Nicolás Maduro.

A tensão cresceu após a Suprema Corte dos EUA suspender temporariamente as deportações de migrantes venezuelanos, incluindo aqueles enviados ao Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), megaprédio prisional salvadorenho com capacidade para 40 mil detentos.

O governo Trump, em campanha pela reeleição, defende que os deportados são suspeitos de ligação com o Tren de Aragua — facção criminosa venezuelana — e com a MS-13, gangue transnacional de origem salvadorenha. No entanto, organizações de direitos humanos e parlamentares democratas denunciam abusos legais, deportações arbitrárias e motivações políticas.

Segundo Bukele, os venezuelanos em seu país foram detidos durante operações de imigração nos EUA. Muitos estão sob custódia em El Salvador desde então. Ele reforçou que, apesar das acusações contra alguns deles, a situação é diferente da dos presos políticos venezuelanos, encarcerados por se oporem ao regime de Maduro.

“A única razão pela qual estão presos é por terem se oposto ao senhor e aos seus fraudes eleitorais”, afirmou Bukele, mencionando nomes como Rafael Tudares, genro do opositor Edmundo González, e a ativista Rocío San Miguel, além de opositores asilados na embaixada da Argentina em Caracas.

Até o momento, o governo venezuelano não respondeu formalmente à proposta. Maduro afirma que os cidadãos venezuelanos detidos foram “sequestrados” e prometeu apoio jurídico internacional.

A crise ganhou notoriedade após o caso do salvadorenho Kilmar Ábrego García, deportado ilegalmente mesmo possuindo proteção legal desde 2019. O erro foi reconhecido por autoridades americanas, mas Trump se recusa a aceitar sua volta aos EUA, alegando que ele já está sob a custódia salvadorenha.

O episódio levou o senador democrata Chris Van Hollen a visitar El Salvador na semana passada. Ele conseguiu garantir a transferência de Ábrego do Cecot para uma prisão com condições mais adequadas.

Bukele, conhecido por seu alinhamento com Trump e postura linha-dura contra o crime, reafirmou sua posição: “Seria absurdo devolver um terrorista aos EUA”, declarou em recente visita à Casa Branca.

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Last Update: 21/04/2025