
Em novembro de 2023, um lance aparentemente comum em uma partida entre Flamengo e Santos pelo Campeonato Brasileiro acabou gerando uma investigação da Polícia Federal, suspeitando de manipulação de resultados. Durante o jogo, realizado no Rio de Janeiro, o atacante Bruno Henrique recebeu um cartão amarelo e, após uma discussão com o árbitro Rafael Klein, foi expulso. A situação suscitou questionamentos que levaram as autoridades a aprofundar as investigações.
O jogador se tornou alvo de investigações após três casas de apostas detectarem movimentações financeiras suspeitas relacionadas a um evento específico no jogo. A irregularidade foi reportada à Polícia Federal por uma entidade internacional que monitora o mercado de apostas esportivas, conforme revelou o programa Fantástico.
Com o alerta, a PF iniciou a apuração em agosto de 2023. Em novembro, exatamente um ano após a partida, foi realizada uma operação de busca e apreensão, na qual celulares e computadores foram recolhidos. A análise desses materiais resultou em um relatório detalhado, que indicou que Bruno Henrique compartilhou informações confidenciais com seu irmão, Wander Nunes Pinto Junior, que repassou os dados a um grupo de apostadores, incluindo amigos e familiares.
As mensagens analisadas mostram que, dois meses antes do jogo, Wander questionou o irmão sobre a possibilidade de forçar um terceiro cartão amarelo. Bruno confirmou que isso aconteceria na partida contra o Santos. Dias antes do jogo, o jogador reforçou a conversa com uma ligação, que, segundo a PF, teve como objetivo alinhar detalhes da aposta.
Além das trocas com o irmão, Bruno Henrique também foi mencionado em novas mensagens, reveladas pelo Fantástico, que envolvem seus pais e a esposa de Wander, Ludymilla Araújo Lima. Nessas conversas, Wander compartilhou dificuldades em realizar apostas com sua própria conta e buscou alternativas, pedindo ajuda à mãe e utilizando dados de terceiros para criar novas contas.
A Polícia Federal ainda investiga se Wander usava contas em nome de sua esposa para movimentar os valores das apostas. Em um trecho das mensagens, ele informa a ela sobre o recebimento de um valor relacionado a essas apostas. Após o jogo, ele novamente procurou o irmão, revelando que havia apostado R$ 3 mil, esperando um retorno de R$ 12 mil, mas que o valor ainda não havia sido pago.

No total, foram identificadas 14 apostas realizadas em 13 contas diferentes, sendo que seis delas foram criadas na véspera do jogo. A maioria das apostas teve origem em Belo Horizonte, cidade natal de Bruno Henrique, o que fortaleceu a linha de investigação sobre seu envolvimento no caso.
A Polícia Federal indiciou dez pessoas no total. Bruno Henrique e seu irmão podem ser responsabilizados por fraude em competição esportiva e estelionato, crimes que podem resultar em penas de até seis e cinco anos de prisão, respectivamente. Os demais indiciados enfrentam acusações de estelionato.
Agora, cabe ao Ministério Público decidir se apresentará denúncia à Justiça. Caso isso aconteça, os indiciados poderão ser formalmente processados. No âmbito esportivo, o caso será analisado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Enquanto não houver uma decisão judicial, Bruno Henrique poderá continuar atuando normalmente.
Em nota, a defesa do jogador reafirma seu compromisso com a integridade e ética esportiva, negando qualquer envolvimento com esquemas de apostas e defendendo uma maior regulamentação do setor. O Flamengo, por sua vez, expressou confiança na ética esportiva, aguarda a conclusão da apuração dos fatos e reforça a presunção de inocência do atleta.
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