A Força Aérea do Exército de Libertação Popular da China (ELP) participa de seu primeiro exercício militar conjunto com o Egito, denominado “Águias da Civilização 2025”. As manobras começaram no sábado, 20, em uma base aérea egípcia e devem ocorrer até o início de maio.
A informação foi confirmada pelo Ministério da Defesa Nacional da China, que firmou acordo prévio com as Forças Armadas egípcias para a realização do treinamento.
A participação chinesa envolve os caças J-10C e J-10S, o avião-tanque YU-20 e a aeronave de alerta antecipado KJ-500. Já o Egito emprega os caças MiG-29 em sua contribuição às operações aéreas conjuntas.
A programação do exercício inclui missões práticas e sessões teóricas voltadas à padronização de estratégias de combate, conforme informado pelo canal estatal chinês CCTV e pelo portal egípcio Ahram Online.
O treinamento abrange missões coordenadas, planejamento de voo, táticas de confronto e reabastecimento aéreo. Especialistas apontam que a mobilização demonstra capacidade da China de realizar operações em longa distância e reforça a projeção de sua força aérea fora do território nacional.
Estrutura e mobilização logística
De acordo com a emissora estatal CCTV, a delegação chinesa percorreu aproximadamente 6.000 quilômetros em uma operação que envolveu transporte combinado por via aérea. Todo o equipamento e o efetivo militar chegaram ao Egito em 15 de abril. Trata-se do primeiro exercício de natureza conjunta entre as duas forças armadas.
A mobilização chinesa incluiu o envio do YU-20, que fornece reabastecimento aéreo aos caças J-10C, ampliando sua autonomia operacional.
A aeronave-tanque também pode, teoricamente, ser compatível com os MiG-29 egípcios, segundo avaliou o especialista militar Zhang Xuefeng, em entrevista ao jornal estatal Global Times. A possibilidade de reabastecimento conjunto ainda não foi oficialmente confirmada.
O sistema de alerta antecipado KJ-500, também presente no exercício, tem a função de coletar e distribuir informações táticas em tempo real, ampliando a consciência situacional das aeronaves envolvidas. O modelo integra capacidades de comando aéreo e controle de missões.
Avaliação técnica
Wang Ya’nan, editor-chefe da revista Aerospace Knowledge, afirmou ao Global Times que o agrupamento entre os modelos enviados ao Egito representa parte essencial da estrutura de combate da Força Aérea do ELP. Segundo ele, os equipamentos operam de forma integrada e estão projetados para atuação conjunta em missões de combate com coordenação tática.
Para Wang Yunfei, também citado pela imprensa estatal chinesa, o exercício permite avaliar o desempenho dos equipamentos chineses em ambientes externos e em condições distintas daquelas presentes no território nacional. Ele destacou que a operação evidencia a capacidade do ELP de realizar deslocamentos estratégicos e adaptar-se a variados cenários geográficos.
Objetivos do exercício
O Ministério da Defesa da China informou que o exercício tem como objetivo aprofundar a cooperação prática com o Egito, fortalecer a confiança entre os dois países e ampliar a troca de experiências militares.
As Forças Armadas egípcias, por sua vez, classificaram o treinamento como parte de uma estratégia mais ampla de intensificação das relações de defesa com a China.
Segundo nota publicada pelo portal Ahram Online, as sessões incluem treinamentos teóricos, execução de missões aéreas e ações coordenadas com foco em aumentar a interoperabilidade entre as duas forças.
A atividade também busca elevar o nível de prontidão operacional de pilotos e tripulações para responder a diferentes tipos de ameaça.
Zhang Xuefeng acrescentou que o exercício pode incluir intercâmbio de conhecimento técnico entre os efetivos, com pilotos visitando e inspecionando as aeronaves do outro país. Esse tipo de cooperação é frequentemente usado como base para acordos futuros em setores de defesa.
Contexto internacional e defesa estratégica
A realização de exercícios militares conjuntos com países do Oriente Médio representa um passo na ampliação da presença da China em regiões consideradas estratégicas.
De acordo com analistas chineses, o Egito pode utilizar a experiência para avaliar equipamentos produzidos pela indústria aeroespacial chinesa com vistas a futuras modernizações em sua frota.
A cooperação entre os dois países se insere em uma estratégia chinesa de fortalecimento de laços diplomáticos e militares com países de fora de seu entorno imediato.
A atuação conjunta também está alinhada à política de “cooperação militar com países amigos”, divulgada em comunicados recentes do Ministério da Defesa da China.
Esta edição do exercício “Águias da Civilização” ocorre em um momento de expansão da indústria de defesa chinesa no mercado internacional. Segundo fontes militares, a demonstração das capacidades operacionais das aeronaves do ELP pode servir como vitrine para exportações e acordos bilaterais.
O programa de atividades continuará nas próximas semanas, com previsão de novos testes, simulações e sessões técnicas voltadas ao aprofundamento da cooperação tática entre as duas forças aéreas. Até o momento, nenhuma das autoridades envolvidas divulgou o número de militares mobilizados ou o total de aeronaves envolvidas no exercício.
Com informações do Global Times