A morte do papa Francisco, nesta segunda-feira 21, deixa a Igreja Católica em Sede vacante, ou “Sé vacante”, como é conhecido o período em que a chefia da igreja fica desocupada. O novo líder será escolhido em um conclave que terá a participação de sete cardeais brasileiros.

Segundo as regras vigentes, a eleição do papa é feita com os votos de cardeais, com exceção daqueles que já passaram dos 80 anos na data da morte do atual ocupante do cargo. É o caso do brasileiro Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida (SP), que tem 88 anos.

Além deles, o país tem outros sete cardeais. Todos estão aptos a votar e até mesmo serem eleitos como novos papas. Dois se tornaram cardeais ainda durante o papado de Bento 16: Odilo Scherer, da arquidiocese de São Paulo, e João Braz de Aviz, da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, que fica em Roma. Ele tem 77 anos e é o mais velho entre os brasileiros aptos a votar no conclave.

Os outros cinco ‘eleitores’ brasileiros se tornaram cardeais já durante os anos de papado de Francisco. São eles: Orani Tempesta (da Arquidiocese do Rio de Janeiro), Sérgio da Rocha (Arquidiocese de Salvador), Leonardo Steiner (Arquidiocese de Manaus), Paulo Cezar Costa (Arquidiocese de Brasília) e Jaime Spengler (Arquidiocese de Porto Alegre).

Manifestações

Os cardeais brasileiros lamentaram a morte de Francisco. À Rádio 9 de Julho, pertencente à Arquidiocese de São Paulo, Odilo Scherer, destacou que o papa ‘ainda teve força de aparecer na Praça de São Pedro, saudar o povo, dar a bênção’.

“Nós nos unimos em toda a igreja para rezar pelo papa Francisco, recordando o que realizou durante os 12 anos de seu papado, pedindo a Deus que o acolha, que o recompense por tudo o que ele fez e significou para a Igreja nos últimos anos”, afirmou.

Em mensagem publicada pelo próprio Vaticano, Orani Tempesta disse que “desde sua eleição em 2013, Jorge Mario Bergoglio encantou fiéis e não fiéis com sua mensagem de misericórdia, justiça social e amor ao próximo”.

Para o cardeal do Rio, o papado de Francisco ficará marcado pela proximidade com os mais pobres, uma visão renovada sobre o papel da Igreja e reformas para fazer com que a instituição seja mais transparente e inclusiva.

A arquidiocese de Salvador publicou nas redes sociais uma foto do arcebispo Sérgio da Rocha ao lado do papa, e anunciou a celebração de uma missa em homenagem a Francisco na Basílica do Santíssimo Salvador, no centro da capital baiana, às 17h desta segunda.

Leonardo Steiner, da Arquidiocese de Manaus, disse que Francisco demonstrava preocupação com a situação da Amazônia, preocupado com os povos originários e todos os moradores da região.

“Ele despertou o mundo para a Amazônia. Não apenas como região, mas como casa de culturas, de espiritualidade, de um modo próprio de ser Igreja. Ele era um entusiasta da Igreja sinodal, onde todos participam”, afirmou à Rádio Rio Mar.

O cardeal de Brasília, Paulo Cezar Costa, lembrou que hoje seria um dia de festa, já que é aniversário da capital federal, mas que há tristeza pela perda de Francisco. “Sentimento de orfandade. Parece que nós perdemos o pai. É um sentimento de tristeza e ausência”, lamentou, em entrevista ao portal Metrópoles.

Jaime Spengler, que chefia a Arquidiocese de Porto Alegre e é presidente da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), conversou com a rádio BandNews e afirmou: “Para aqueles que creem, a vida não é tirada, mas transformada. É isto que nos consola”.

Spengler contou que esteve com Francisco antes da internação hospitalar, e percebeu problemas de respiração. “Mesmo naquele contexto, ele fez um esforço enorme. Nos acolheu, nos ouviu. A partir daquilo que tínhamos como pauta, ofereceu respostas precisas. Era um homem de uma intuição, de uma presença de espírito extraordinárias”, concluiu.

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Last Update: 21/04/2025