Em entrevista à TV GGN, o economista Paulo Nogueira Batista Jr. alertou para os desdobramentos do radicalismo de Donald Trump, que podem afetar países e ordens regionais — como é o caso do Mercosul. Segundo ele, o risco de enfraquecimento ou até mesmo desintegração do bloco já era elevado com a eleição de Javier Milei na Argentina. Com o de Trump à presidência dos Estados Unidos, o cenário se torna ainda mais alarmante.
Paulo destaca a relação próxima entre Milei e Trump — a quem o presidente argentino já se referiu como seu “presidente favorito” — como um fator decisivo para uma possível ruptura. A Argentina poderia buscar acordos comerciais diretos com os EUA, o que, segundo o economista, é incompatível com a natureza do Mercosul, que funciona como uma união aduaneira com tarifa externa comum.
“A eleição de Milei já era, por si só, um risco para o Mercosul, dada sua postura de querer negociar acordos bilaterais, especialmente com os Estados Unidos”, afirma. Com o retorno de Trump à presidência, com uma política comercial ainda mais radical do que se esperava, pode-se decretar o fim da organização intragovernamental.
Segundo Paulo, a tentativa da Argentina de negociar diretamente com os EUA, adotando uma política tarifária própria, inviabilizaria o funcionamento do Mercosul:
“Se o Milei quiser negociar diretamente com os Estados Unidos, com uma política tarifária própria, acabou o Mercosul.”
Decadência dos EUA
O economista também alertou para o perigo representado pela decadência das potências globais, em especial os Estados Unidos:
“Nada mais perigoso do que uma potência em declínio e inconformada com esse declínio.”
Na avaliação de Paulo, isso pode levar Trump a adotar medidas agressivas para tentar reverter a decadência dos EUA, mesmo que em detrimento de outras nações ou blocos regionais.
O futuro do Mercosul, portanto, permanece incerto e dependerá não apenas das decisões políticas da Argentina, mas, sobretudo, do rumo que os Estados Unidos tomarão sob uma possível nova gestão de Donald Trump. A reconfiguração das relações comerciais globais e o enfraquecimento de blocos regionais são possibilidades concretas num cenário dominado por posturas nacionalistas e políticas externas agressivas.
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