Coletânea de textos publicados há 40 anos, Uma Teoria do Poder Global reúne reflexões para compreender a conjuntura política moderna, marcada pela crise do capitalismo e a disputa pela permanência na hegemonia global pelos Estados Unidos. Na última quinta-feira (17), o cientista político e apresentador do programa O Mundo é Um Moinho, da TV GGN, Pedro Costa Jr., recebeu o professor José Luis Fiori para um programa especial de lançamento de sua mais nova obra.
Apesar de conter textos das décadas de 1980 e 1990, Fiori destaca que teve a preocupação de conectar esses escritos ao contexto atual. Professor emérito da UFRJ, Fiori lançou no final do ano passado, pela Editora Vozes, essa coletânea que reúne quatro décadas de produção intelectual sobre o poder e a influência dos Estados Unidos nas economias ao redor do mundo.
Durante a entrevista, Fiori contou que a ideia do livro surgiu a partir de um incentivo de amigos próximos, que sugeriram a reunião de seus melhores textos em uma publicação. O processo durou cerca de dois anos, entre pesquisas em seu próprio acervo, seleção dos materiais e organização da obra.
Entre os textos destacados, Fiori chama atenção para o primeiro da coletânea, datado de 1984, intitulado Por uma economia política do tempo conjuntural. Segundo ele, trata-se de um texto que revela sua paixão — e até obsessão — pelo entendimento do poder. Nele, o professor analisa a crise do desenvolvimentismo brasileiro e aponta como causa principal a mudança de estratégia econômica dos Estados Unidos, que teria enterrado o modelo ao adotar o neoliberalismo.
“A crise do desenvolvimentismo brasileiro não era uma crise apenas fiscal… era, em última instância, consequência da crise internacional dos anos 70 e da grande mudança na estratégia econômica dos Estados Unidos, que enterrou o desenvolvimentismo… e da grande revolução conservadora neoliberal, que se prolonga até os dias de hoje.”
Na época, segundo Fiori, essa leitura não era bem recebida, nem mesmo entre economistas progressistas, já que propunha uma análise mais ampla, que extrapola os limites da macroeconomia tradicional. Para ele, o contexto internacional era ignorado, o que impedia uma leitura mais profunda sobre os rumos da economia brasileira.
Assista a entrevista completa: