Para comemorar os 15 anos do Instituto Vladimir Herzog (IVH), no mesmo ano em que o Brasil celebra os 60 anos do golpe militar, teve início nesta terça-feira (2) e se estende até o dia 22, a mostra Sobre Nós, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.
Organizada pelo IVH, a exposição traz fotos, documentos e filmes que rememoram as diversas lutas travadas pela sociedade organizada nas últimas seis décadas. Além disso, a mostra também alerta para os riscos do presente.
“A gente celebra esse momento de uma forma simbólica. A memória é fundamental para que a gente supere as dificuldades e as violências de Estado que são cometidas com a sociedade e contra a sociedade brasileira”, disse Rogério Sottili, diretor executivo do instituto, à Agência Brasil.
De acordo com o Instituto, “nosso passado recente evidencia que a democracia não termina necessariamente com uma ruptura violenta, como o golpe militar de 1964 no Brasil, mas pode ser minada pelo enfraquecimento gradual de instituições críticas, como o Judiciário e a imprensa, e pela erosão dos direitos garantidos pela Constituição. Via de regra, notamos aquilo que nos falta quando já não existe”.
Leia também: UnB aprova diploma póstumo de geólogo a Honestino Guimarães
O conjunto de documentos textuais, registros fotográficos, audiovisuais e obras de arte apresentados “tensiona o período da ditadura militar com o da redemocratização, suscitando questões de moralidade e justiça; nós ainda não desatados da nossa história”, completa.
Além disso, a exposição incorpora obras de luta em defesa da democracia que possuem essa clara dimensão política e apontam novos horizontes de lutas, questionando assim as estruturas tradicionais.
Entre os movimentos destacados pela mostra está o dos estudantes, protagonista tanto da resistência à ditadura quanto das lutas que marcaram o Brasil desde a redemocratização, com mais destaque para as últimas duas décadas.
Leia também: DPU pede anistia coletiva para camponeses vítimas da ditadura
Trata, ainda, do papel da Comissão Nacional da Verdade na luta pela justiça, memória e verdade sobre o período ditatorial, e da Caminhada do Silêncio, ato que busca rememorar e clamar por justiça em nome das vítimas, dos desaparecidos e torturados pela ditadura militar.
O evento conta ainda com a mostra de cinema É Preciso Estar Atento!, que ficará em cartaz de 11 a 14 de julho. Serão exibidos quatro documentários que abordam temas de resistência por meio da utilização de materiais de arquivo, entrevistas, depoimentos, gravações observacionais diretas da realidade durante manifestações de grupos e coletivos em defesa de suas liberdades. As sessões serão seguidas de debates com cineastas e especialistas de diversas áreas que atuam em defesa dos direitos humanos.
Para saber mais sobre a mostra, clique aqui.
Com agências
(PL)