A Ford Motor suspendeu os embarques de veículos dos Estados Unidos para a China em resposta às tarifas retaliatórias aplicadas por Pequim após a imposição de novas taxas de importação pelo governo norte-americano. A informação foi divulgada nesta sexta-feira, 18, pelo jornal Wall Street Journal, com base em fontes próximas à decisão.

De acordo com a publicação, a montadora norte-americana interrompeu nesta semana o envio de modelos fabricados nos Estados Unidos, incluindo os utilitários esportivos F-150 Raptor, Mustang e Bronco — produzidos no estado de Michigan —, além do Lincoln Navigator, montado no Kentucky.

A medida ocorre em meio à intensificação de tensões comerciais entre Washington e Pequim, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar a elevação de tarifas sobre produtos chineses.

Em resposta, o governo chinês aplicou tarifas adicionais sobre uma série de itens importados dos EUA, incluindo automóveis, que agora podem enfrentar taxas de até 150% ao entrarem no mercado chinês.

As tarifas sobre veículos fabricados nos EUA tornam a exportação para o mercado chinês economicamente inviável para fabricantes como a Ford, cuja linha de produtos afetados está entre os principais modelos de grande porte e desempenho voltados ao público chinês de alta renda.

Fontes ouvidas pelo Wall Street Journal afirmaram que a suspensão das exportações ocorre como consequência direta do novo cenário tarifário, que compromete a competitividade dos veículos norte-americanos na China.

O impacto da decisão não se restringe ao comércio bilateral, uma vez que a China representa um dos principais mercados consumidores de automóveis no mundo. A interrupção dos embarques por parte da Ford pode indicar um recuo mais amplo de fabricantes dos EUA diante da elevação dos custos de acesso ao mercado chinês.

O setor automotivo tem sido um dos mais atingidos pelas medidas protecionistas adotadas por ambos os países desde o início da disputa comercial, iniciada no primeiro mandato de Trump.

As tarifas adotadas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses foram justificadas por Washington com base em alegações de práticas comerciais desleais e questões relacionadas à propriedade intelectual. A China, por sua vez, respondeu com medidas equivalentes, afetando setores estratégicos da economia norte-americana.

Em 2018, tarifas similares também foram aplicadas a veículos importados dos EUA, levando fabricantes como a Tesla a reavaliar suas operações na China. A empresa posteriormente inaugurou uma fábrica em Xangai para evitar custos adicionais com importações.

À época, a Ford também reavaliou suas estratégias comerciais no país asiático, mas manteve parte das exportações de modelos de alto valor agregado.

A decisão atual de suspender temporariamente os embarques coincide com um momento de revisão das cadeias globais de fornecimento, diante de incertezas políticas e pressões econômicas.

O governo chinês tem adotado políticas para fortalecer sua indústria automotiva nacional, incentivando a produção local e reduzindo a dependência de importações, especialmente em segmentos como veículos elétricos e híbridos.

Ainda não há sinalizações públicas da Ford sobre a duração da suspensão dos embarques nem sobre eventuais medidas alternativas que possam ser adotadas para contornar o novo cenário tarifário.

Analistas do setor indicam que a empresa poderá aumentar seus esforços em parcerias locais ou na ampliação de sua capacidade produtiva na Ásia, a fim de reduzir a exposição a riscos comerciais entre Estados Unidos e China.

Até o momento, a administração Trump não comentou oficialmente sobre os efeitos das tarifas sobre empresas norte-americanas que operam internacionalmente. A disputa tarifária permanece como um dos principais elementos da política comercial do atual governo, que tem defendido uma renegociação de termos comerciais com diversos países sob a alegação de proteção da indústria nacional.

No contexto mais amplo, a suspensão dos embarques pela Ford reflete o impacto imediato de políticas comerciais em decisões estratégicas de grandes empresas multinacionais. O setor automotivo, com alto grau de integração entre mercados e cadeias de produção distribuídas globalmente, continua sendo um dos mais sensíveis a variações tarifárias e geopolíticas.

Especialistas avaliam que a escalada de medidas unilaterais pode levar a uma maior fragmentação dos mercados globais, com implicações para investimentos, produção e comércio. A depender do desenrolar das negociações entre Estados Unidos e China, outros fabricantes poderão adotar decisões semelhantes à da Ford nos próximos meses.

Com informações da Reuters

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Last Update: 19/04/2025