Pelo menos 80 pessoas foram assassinadas e dezenas ficaram feridas em bombardeios realizados pelos Estados Unidos na madrugada dessa sexta-feira (18) contra o porto petrolífero de Ras Issa, na província de Al-Hudaydah, no oeste do Iêmen. Entre as vítimas estavam trabalhadores e funcionários do porto, além de socorristas.

O canal árabe Al-Masirah transmitiu imagens mostrando as consequências do ataque, com cadáveres espalhados pelo local.

Mais cedo, o partido iemenita Ansar Alá, que governa o país, havia anunciado nove ataques aéreos dos Estados Unidos contra a província de Al-Bayda, no centro do Iêmen, e contra a capital, Saná, no norte, como parte de uma intensa série de ataques diários conduzidos pela aviação norte-americana.

Na noite dessa sexta-feira (18), a aviação norte-americana lançou novos ataques aéreos contra o Iêmen, atingindo as províncias da capital Saná, Al-Jawf e Saada, no norte do país. Até o fechamento desta edição, não havia ainda informações sobre os alvos atingidos ou se houve vítimas.

Desde 15 de março até esta sexta-feira, os bombardeios contra o Iêmen assassinaram 205 civis e feriram outros 406, a maioria mulheres e crianças, segundo dados oficiais do Ansar Alá — que não incluem as baixas entre os combatentes do grupo.

Esses ataques ocorreram após ordens diretas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou “eliminar os Hutis completamente”. Contudo, o grupo ignorou as ameaças de Trump e retomou os bombardeios contra alvos dentro de “Israel” e navios no Mar Vermelho com destino ao país artificial, em resposta à retomada do genocídio contra os palestinos em Gaza desde 18 de março.

No mesmo dia dos ataques, uma manifestação gigantesca tomou conta da capital iemenita. Segundo a agência de notícias Saba, ligada ao governo iemenita, dois milhões de pessoas teriam comparecido ao protesto.

As multidões declararam estado de alerta e plena prontidão para enfrentar a escalada da agressão dos Estados Unidos e de “Israel” contra os povos do Iêmen e da Palestina. Os manifestantes também demonstraram apoio ao Ansar Alá e às operações heroicas das Forças Armadas do Iêmen contra alvos estratégicos da entidade sionista e contra porta-aviões e navios de guerra norte-americanos que violam a soberania do país.

Durante a manifestação, entoaram-se diversas palavras de ordem, entre elas:

  • “Firmeza, firmeza… é a resposta do povo aos bombardeios”,
  • “Não importa o que façam os americanos, nenhum veto anula o Alcorão”,
  • “Quem exige Jerusalém pelas armas… é criminoso ao lado do usurpador”,
  • “Nosso posicionamento popular e oficial… é firme, e a vitória é inevitável”,
  • “Saudação de todo o povo… às forças armadas iemenitas”,
  • “Com sua identidade de fé… vivem as forças armadas iemenitas”,
  • “Todas as praças do Iêmen… estão tomadas por milhões”,
  • “Dizei a Trump, o infiel… tua agressão fracassará”,
  • “Não aceitaremos, por Deus… ordens que contradigam os mandamentos de Deus”.

Durante o ato, o porta-voz oficial das Forças Armadas, brigadeiro Iahia Saré, declarou que as forças lançaram um míssil balístico do tipo “Dhu al-Fiqar” contra um alvo militar próximo ao aeroporto Ben Gurion, na região ocupada de Jafa.

Segundo Saré, pelo segundo mês consecutivo, as Forças Armadas seguem se opondo de forma ativa e responsável à agressão dos Estados Unidos, cumprindo sua promessa de “responder à escalada com mais escalada”.

Ele afirmou ainda que forças mistas da aviação, mísseis e marinha realizaram uma operação conjunta contra os porta-aviões “Truman” e “Vinson” dos EUA, além de seus navios de apoio, tanto no Mar Vermelho quanto no Mar Árabe, utilizando mísseis de cruzeiro e veículos aéreos não tripulados (VANTs). Ele ressaltou que este foi o primeiro ataque contra o porta-aviões “Vinson” desde sua chegada à região.

As Forças Armadas enfatizaram que o aumento da presença militar norte-americana e a continuidade da agressão ao Iêmen só resultarão em mais enfrentamentos, ataques e resistência, e que o povo do Iêmen, com sua liderança firme, seguirá inabalável em seu apoio à Palestina.

Em comunicado oficial, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas, na sigla em árabe), se solidarizou com o povo iemenita:

Condenamos a agressão dos EUA contra o Iêmen e apreciamos as posições iemenitas de apoio à Palestina.

O Movimento de Resistência Islâmica, Hamas, condena nos termos mais fortes o ataque aéreo criminoso dos EUA que teve como alvo o porto petrolífero de Ras Issa, na província de Al Hudaydah, na República do Iêmen, que resultou no martírio e ferimentos de dezenas de civis, incluindo paramédicos e trabalhadores portuários.

Esta agressão brutal é uma violação flagrante da soberania iemenita, constitui um crime de guerra completo e confirma a continuação de políticas americanas agressivas visando povos livres que rejeitam a hegemonia sionista e americana na região.

A agressão norte-americana contra o povo iemenita é uma extensão da guerra de extermínio travada contra o nosso povo palestino na Faixa de Gaza e da agressão conjunta americana-sionista contra os povos da nossa nação.

Além disso, o partido mais popular da Palestina também denunciou “a suspensão do envio de alimentos para áreas alvo de ataques aéreos no Iêmen pelo Programa Mundial de Alimentos”:

Comunicado à imprensa

O Hamas condena veementemente a suspensão do envio de alimentos para áreas alvo de ataques aéreos no Iêmen pelo Programa Mundial de Alimentos, agravando ainda mais o sofrimento do povo iemenita sob a agressão e o bloqueio em andamento.

Condenamos também o silêncio internacional em relação à agressão ao povo iemenita, que está pagando o preço por sua adesão aos seus princípios e apoio à causa palestina.

O Hamas expressa sua total solidariedade ao povo irmão iemenita e valoriza muito suas posições corajosas e solidárias à causa palestina, bem como as posições do sincero movimento Ansar Allah em apoio ao nosso povo palestino e sua resistência na Faixa de Gaza. Também afirma seu compromisso de continuar apoiando nosso povo até que a agressão sionista contra a Faixa de Gaza termine.

Também expressamos nossa apreciação pela firmeza do povo iemenita e suas forças armadas no enfrentamento da agressão dos EUA e apelamos à comunidade internacional e às organizações humanitárias e de direitos humanos para que condenem essa agressão flagrante e apoiem o povo iemenita em seu direito legítimo de defender sua terra e soberania.

Movimento de Resistência Islâmica (Hamas)

Sexta-feira: 20 Shawwal 1446 AH
Correspondente a: 18 de abril de 2025

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Last Update: 19/04/2025