O secretário-geral do Hesbolá, xeque Naim Qassem, declarou nessa sexta-feira (18), em pronunciamento televisionado, que o desarmamento da resistência libanesa está fora de qualquer discussão enquanto a entidade sionista continuar ocupando territórios e ameaçando o Líbano. “A resistência é uma reação à ocupação, especialmente quando o Estado libanês não consegue, por si só, proteger a terra e os cidadãos”, afirmou.
Segundo Qassem, a arma da resistência não é um fator de instabilidade, mas o elemento que impediu o avanço da entidade sionista sobre o território libanês: “sem a resistência, ‘Israel’ teria seguido com sua agressão. O cessar-fogo atual é resultado direto da firmeza da resistência”. De acordo com ele, o acordo em vigor limita-se à região ao sul do rio Litani, como consta expressamente no texto. “Vamos ver primeiro ‘Israel’ cumprir o que está acordado. Só depois o Líbano discutirá os demais pontos da resolução 1701”, destacou.
“Desarmamento é serviço gratuito ao inimigo”
Qassem foi enfático ao denunciar os setores, internos e externos, que pressionam pelo desarmamento do Hesbolá: “aqueles que pedem o desarmamento da resistência estão prestando um serviço gratuito ao inimigo sionista. Essa ideia precisa ser apagada do dicionário político do Líbano”. Ele afirmou que há uma minoria no país que insiste nessa questão, ignorando o papel decisivo da resistência para garantir a soberania nacional. “As armas da resistência libertaram o país e protegeram sua integridade. Não permitiremos que ninguém nos desarme”.
Rejeitando o condicionamento da reconstrução do sul do país ao desarmamento, o dirigente declarou: “dizem que querem vincular a reconstrução ao desarmamento. Nós dizemos: somos nós que vinculamos a reconstrução às nossas armas. E sem retirada da ocupação e fim da agressão, não haverá segunda fase”.
Sionismo quer anexar o Líbano
Para Qassem, não se trata apenas da ocupação da Palestina:
“‘Israel’ é expansionista. Não se contenta com a Palestina ocupada. Quer anexar o Líbano também”. Ele reiterou que o papel da resistência é impedir que a entidade sionista alcance seus objetivos. “Quem acredita que somos fracos está iludido. Não temos medo. Temos opções e, no momento certo, as apresentaremos.”
Dirigindo-se aos Estados Unidos, que sustenta o regime sionista, o secretário-geral do Hesbolá deixou claro:
“O Líbano não seguirá sob tutela norte-americana. Os EUA precisam respeitar a vontade do povo libanês, que é a independência e a não interferência.”
“Nossa posição não se baseia em cálculo, mas em princípios”
Ao contrário das forças que medem suas ações com base no custo político ou econômico, Qassem defendeu a resistência como uma postura de princípio:
“Não se deve dizer à resistência que ela pagou um preço alto. O que se deve perguntar é como ela impediu que ‘Israel’ atingisse seus objetivos. Nossa posição é baseada na resistência, e não em cálculos de perdas e ganhos.”
O líder do Hesbolá também reafirmou que o partido está disposto ao diálogo, mas com condições:
“Não discutiremos a estratégia de defesa nacional sob pressão, nem aceitaremos pré-condições ditadas por potências estrangeiras. Quando formos convidados ao diálogo, estaremos prontos — mas não sob a sombra da ocupação.”
Encerrando o discurso, Qassem prestou homenagem aos mártires e reafirmou a continuidade da luta:
“Aqueles que têm o povo mais honrado não temem ninguém. Permanecem firmes enquanto os covardes fogem. Não nos renderemos. Somos um povo de dignidade, confronto e vitória.”