
As viagens internacionais para os Estados Unidos registraram uma queda acentuada desde que Donald Trump reassumiu a presidência. De acordo com a Administração de Comércio Internacional, o número de visitantes estrangeiros caiu quase 12% em março na comparação com o mesmo período de 2024. Em fevereiro, a queda havia sido de 2%.
Especialistas do setor atribuem o declínio a uma combinação de fatores: relatos de detenções e deportações, incluindo o confinamento de turistas europeus por semanas, alertas de viagem emitidos por países estrangeiros, tarifas mais altas e um clima político considerado hostil a estrangeiros.
“A reação dos viajantes internacionais de evitar os EUA é totalmente previsível”, afirma Adam Sacks, presidente da Tourism Economics. “A política externa divisiva, as polêmicas migratórias e a retórica combativa criaram um ambiente hostil.”
Segundo o Financial Times, a União Europeia passou a fornecer telefones com chip aos seus funcionários que viajam aos Estados Unidos, como forma de proteção contra possíveis ações de vigilância do governo americano.
Essas estatísticas são baseadas em formulários I-94, preenchidos por visitantes não imigrantes que permanecem ao menos uma noite nos EUA, incluindo turistas, viajantes a negócios e familiares.
O Canadá, maior emissor de turistas para os EUA, registrou queda de 32% nas viagens por carro em março. Viagens aéreas também caíram 13,5%. Em resposta às tarifas impostas por Trump, o primeiro-ministro Justin Trudeau incentivou os canadenses a comprarem produtos nacionais e viajarem dentro do país.
Já as chegadas aéreas do México caíram 17% no mesmo mês. Os dados por via terrestre, principal forma de entrada de mexicanos nos EUA, ainda não foram divulgados.
De acordo com a U.S. Travel Association, o setor de viagens gerou US$ 1,3 trilhão em 2024 e sustentou 15 milhões de empregos. Porém, com a tendência atual de retração, o setor pode registrar uma perda de mais de US$ 9 bilhões em receita este ano.
“Atribuímos essa queda a múltiplos fatores: dólar forte, longos prazos para obtenção de visto, preocupações com segurança e acolhimento, além da desaceleração da economia americana”, diz Allison O’Connor, porta-voz da entidade.
Em nota ao The Washington Post, a Casa Branca afirmou que as políticas de Trump visam fortalecer a imagem do país e que eventos como a Copa do Mundo de 2026 e as Olimpíadas de 2028, em Los Angeles, serão oportunidades para destacar “tudo o que torna os Estados Unidos excelentes”.
Apesar do discurso otimista, analistas alertam: se o atual cenário se mantiver, os Estados Unidos podem deixar de ser o principal destino turístico global nos próximos anos.
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