Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Divulgação

As viagens internacionais para os Estados Unidos registraram uma queda acentuada desde que Donald Trump reassumiu a presidência. De acordo com a Administração de Comércio Internacional, o número de visitantes estrangeiros caiu quase 12% em março na comparação com o mesmo período de 2024. Em fevereiro, a queda havia sido de 2%.

Especialistas do setor atribuem o declínio a uma combinação de fatores: relatos de detenções e deportações, incluindo o confinamento de turistas europeus por semanas, alertas de viagem emitidos por países estrangeiros, tarifas mais altas e um clima político considerado hostil a estrangeiros.

“A reação dos viajantes internacionais de evitar os EUA é totalmente previsível”, afirma Adam Sacks, presidente da Tourism Economics. “A política externa divisiva, as polêmicas migratórias e a retórica combativa criaram um ambiente hostil.”

Segundo o Financial Times, a União Europeia passou a fornecer telefones com chip aos seus funcionários que viajam aos Estados Unidos, como forma de proteção contra possíveis ações de vigilância do governo americano.

Os dados preliminares indicam que a queda no número de visitantes atinge praticamente todos os principais mercados emissores. Em março, o número de turistas da Colômbia recuou 33%, enquanto a Alemanha registrou uma diminuição de 28% e a Espanha, de 25%. Na comparação com o ano anterior, também houve retrações significativas nas chegadas de viajantes da Europa Ocidental (17%), da América Central (24%) e do Caribe (26%).

As viagens para os EUA estão diminuindo ano após ano. Foto: The Washington Post

Essas estatísticas são baseadas em formulários I-94, preenchidos por visitantes não imigrantes que permanecem ao menos uma noite nos EUA, incluindo turistas, viajantes a negócios e familiares.

O Canadá, maior emissor de turistas para os EUA, registrou queda de 32% nas viagens por carro em março. Viagens aéreas também caíram 13,5%. Em resposta às tarifas impostas por Trump, o primeiro-ministro Justin Trudeau incentivou os canadenses a comprarem produtos nacionais e viajarem dentro do país.

Já as chegadas aéreas do México caíram 17% no mesmo mês. Os dados por via terrestre, principal forma de entrada de mexicanos nos EUA, ainda não foram divulgados.

De acordo com a U.S. Travel Association, o setor de viagens gerou US$ 1,3 trilhão em 2024 e sustentou 15 milhões de empregos. Porém, com a tendência atual de retração, o setor pode registrar uma perda de mais de US$ 9 bilhões em receita este ano.

“Atribuímos essa queda a múltiplos fatores: dólar forte, longos prazos para obtenção de visto, preocupações com segurança e acolhimento, além da desaceleração da economia americana”, diz Allison O’Connor, porta-voz da entidade.

Em nota ao The Washington Post, a Casa Branca afirmou que as políticas de Trump visam fortalecer a imagem do país e que eventos como a Copa do Mundo de 2026 e as Olimpíadas de 2028, em Los Angeles, serão oportunidades para destacar “tudo o que torna os Estados Unidos excelentes”.

Apesar do discurso otimista, analistas alertam: se o atual cenário se mantiver, os Estados Unidos podem deixar de ser o principal destino turístico global nos próximos anos.

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Last Update: 18/04/2025