
A Polícia Federal identificou indícios de vazamentos de informações sigilosas em investigações supervisionadas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e, diante do risco de comprometimento das apurações, solicitou a transferência de um inquérito sigiloso para o Supremo Tribunal Federal (STF). A medida visa garantir a imparcialidade e a eficácia das investigações, segundo revelou a Folha de S.Paulo, que teve acesso ao pedido, mantido sob sigilo.
De acordo com o documento encaminhado ao ministro Cristiano Zanin, do STF, a PF argumenta que os vazamentos envolvem justamente operações policiais que deveriam ser mantidas em sigilo e que estariam sendo monitoradas indevidamente por pessoas com acesso privilegiado aos gabinetes do STJ. A investigação, no entanto, não aponta diretamente para a participação de ministros da Corte.
O pedido da PF deu origem à fase mais recente da Operação Sisamnes, que inicialmente investigava a suspeita de venda de decisões judiciais envolvendo o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves. A nova etapa, porém, se concentra nos vazamentos e, até o momento, não envolve diretamente o nome do lobista.

Mensagens obtidas a partir da análise de celulares apreendidos na Operação Maximus — que trata da venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Tocantins — reforçaram a suspeita da PF. Uma gravação de telefonema de junho de 2024 mostra o sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, conversando com um desembargador sobre supostos “companheiros em Brasília” que estariam monitorando informações do STJ.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou haver relação direta entre os vazamentos e os casos de venda de decisões judiciais, o que reforçou a argumentação da PF para que o STF assumisse o caso. Em decisão de 17 de março, Zanin autorizou buscas e apreensões e reconheceu a conexão entre os episódios investigados nas operações Sisamnes e Maximus.
Gabinetes de ao menos quatro ministros do STJ — Og Fernandes, Isabel Gallotti, Nancy Andrighi e Paulo Moura Ribeiro — estão sendo citados em inquéritos que agora tramitam no STF. Durante as diligências mais recentes, foi preso Thiago Barbosa de Carvalho, sobrinho do governador, e encontrados arquivos de investigações sigilosas em seu computador. A defesa de Thiago e o governador negam qualquer acesso privilegiado ou irregularidades.
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