A Petrobras anunciou, nesta quinta-feira, 17, uma redução de 3,4% no preço médio do diesel vendido em suas refinarias. A nova tarifa entra em vigor na sexta-feira, 18, passando o litro do combustível a custar R$ 3,43.

A medida sucede o corte de 4,6% implementado em 1º de abril, representando a segunda queda consecutiva no valor do diesel desde dezembro de 2023.

De acordo com o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), as reduções devem exercer impacto direto e indireto sobre a inflação.

O instituto aponta que, além da queda no custo do combustível, o diesel possui papel central no transporte de cargas e passageiros, o que influencia os preços em diversos segmentos da economia.

A Petrobras justificou o reajuste com base em fatores do mercado internacional. Segundo o Ineep, os preços do petróleo tipo Brent atingiram patamares inferiores a US$ 70 por barril neste mês, ao mesmo tempo em que o dólar apresentou desvalorização frente ao real desde o início do ano. Esses dois fatores teriam motivado a revisão dos valores nas refinarias.

Ainda conforme o Ineep, embora os recentes cortes estejam em linha com as movimentações do mercado externo, a forma como são aplicados indica a manutenção de uma política de preços influenciada por variações internacionais.

“Entretanto, ao aumentar, num primeiro momento, os preços na esteira da forte especulação contra o câmbio e, na sequência, adotar a redução em função do mercado externo e da taxa de câmbio, a Petrobras relativiza sua própria política de preços, vigente a partir de maio de 2023. Assim, volta a explicitar a forte vinculação dos preços internos aos preços internacionais, base da anterior política de preços (PPI)”, afirmou o instituto em nota.

A política de preços da Petrobras passou por alterações em maio de 2023, quando a companhia anunciou o fim da paridade automática com o mercado internacional, substituindo-a por um modelo que leva em consideração os custos de produção e a concorrência interna.

No entanto, analistas e entidades do setor têm apontado que, na prática, os preços continuam sendo ajustados conforme as oscilações do dólar e das cotações do petróleo.

O diesel é o principal combustível utilizado no transporte rodoviário de mercadorias no Brasil. Com base nisso, entidades representativas do setor de logística acompanham de perto as mudanças de preço, uma vez que o custo do frete é diretamente afetado.

A expectativa é de que, com a sequência de reduções, haja algum alívio nos custos logísticos, o que pode refletir sobre a cadeia de abastecimento e os preços finais de produtos ao consumidor.

Os impactos também devem alcançar o transporte público, especialmente em regiões onde frotas de ônibus ainda operam majoritariamente com diesel. No entanto, a magnitude da repercussão dependerá da política adotada por governos estaduais e municipais em relação à tarifa e aos subsídios concedidos ao setor.

A inflação é outro indicador que tende a ser influenciado. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal medidor da inflação oficial no país, considera os preços dos combustíveis como um dos seus componentes mais voláteis. Com a nova redução, há expectativa de pressão menor sobre os índices nos próximos meses, embora outros fatores — como alimentos e energia — continuem sendo monitorados pelo mercado.

A Petrobras não divulgou novas projeções sobre os próximos reajustes, mantendo a posição de que segue critérios técnicos para definir os preços. A companhia afirmou, anteriormente, que seu modelo de precificação busca garantir a competitividade e preservar a rentabilidade dos negócios, levando em consideração aspectos como o equilíbrio com o mercado interno, a sustentabilidade financeira da empresa e o cenário global.

O Ineep, por sua vez, reforça que os movimentos recentes de corte de preços, mesmo que positivos para os consumidores no curto prazo, revelam contradições na política da estatal. Para o instituto, a prática ainda se aproxima do antigo modelo da Paridade de Preços de Importação (PPI), apesar das declarações em sentido contrário feitas pela gestão da companhia.

O debate sobre a política de preços da Petrobras continua sendo pauta de discussão entre especialistas, representantes do setor produtivo e formuladores de políticas públicas. Há diferentes visões sobre o grau de vinculação dos preços internos ao mercado internacional e sobre os impactos dessa política para a economia brasileira, em especial para os segmentos mais sensíveis a variações no custo dos combustíveis.

A nova redução entra em vigor em um contexto de estabilidade relativa nos mercados globais de energia, mas sem garantia de continuidade. Variações no câmbio e novas tensões geopolíticas podem alterar o cenário de curto prazo e influenciar novos reajustes no preço dos derivados no Brasil.

A Petrobras, desde o início do ano, vinha mantendo os preços do diesel estáveis. A primeira redução de 2024 foi anunciada em 31 de março, com entrada em vigor em 1º de abril. Com a nova diminuição de 3,4%, o preço acumulado do diesel nas refinarias caiu cerca de 7,8% em um intervalo de menos de três semanas.

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Last Update: 18/04/2025