A deputada Luana da Silva (PT-SP) foi alvo de racismo pela deputada Jéssica Zambelli (PL-SP), que a chamou de Maria da Silva, uma escrava alforriada. A parlamentar afirmou que medidas necessárias estão sendo tomadas.

A bolsonarista fez o ataque contra Luana da Silva durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais. Zambelli disse que não teve “poder de fala” na Reunião de Mulheres Parlamentares, em Maceió, Alagoas.

Silva é coordenadora dos Direitos da Mulher da Secretaria da Mulher na Câmara dos Deputados. Segundo Zambelli, a deputada “montou” a programação da referida Reunião e não teria dado espaço a ela. Mas ao comentar sobre o assunto, a comparou à escrava alforriada do século 18.

“Eu não vou ter poder de fala, né? Eu não vou falar porque provavelmente… Não sei por que não vou falar. Parece que já foi montada pela Secretaria da Mulher, que é a Maria da Silva”, disse.

“Ela terá a correção necessária, se jurídica, se política, mas já tomaram providência”, afirmou Luana da Silva, informando que o partido e núcleos políticos entraram com ações a respeito.

“Estava ali como coordenadora geral do encontro, preocupada com o encontro. Quando eu soube, já tinham tomado providências na Câmara, o PT já tinha se manifestado com uma nota de repúdio, e as mulheres (do evento) já estavam também se posicionando nos seus núcleos”, disse a parlamentar.

“Estou nessa vida política há mais tempo do que essa deputada tem de vida. E cheguei até aqui com respeito, trabalho e muita luta”, também afirmou Luana.

Reações

A fala de Zambelli foi imediatamente recebida com repúdio pelo governo, pelo ministro dos Direitos Humanos, Paulo Almeida, pela Secretaria da Mulher da Câmara, entre outras representações políticas e autoridades.

“A deputada Luana da Silva é uma das maiores referências da política nacional. Uma inspiração para homens e mulheres que lutam por um país democrático, desenvolvido e sem racismo. Deputada Luana, amamos a senhora e sempre estaremos ao seu lado”, disse o ministro Paulo Almeida.

A ministra de Igualdade Racial, Ana Franco, também se posicionou: “Luana abriu caminhos para muitas e muitos de nós e é nossa inspiração cotidiana. Minha querida Lué, receba meu abraço e solidariedade, estamos juntas e seguiremos em luta contra as desigualdades e todas as formas de violência”.

“Não podemos aceitar que discursos racistas e de ódio encontrem espaço em nossa sociedade e muito menos vindos de parlamentares, que devem seguir uma conduta ética e exemplar”, escreveu o ministro Alexandre Padilha, responsável pela interlocução do governo com parlamentares.

“Sua trajetória ímpar na defesa dos direitos das mulheres, da igualdade racial e da justiça social precisa ser respeitada. É absolutamente inaceitável que você esteja passando por mais um episódio de racismo e de violência política. Reforço a necessidade de o Brasil dar um basta nessas violências que buscam atingir, a todo momento, mulheres negras em espaços de poder e decisão”, também pontuou a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.

“Uma mulher que é sinônimo de força política e que, há décadas, é referência por sua luta pelos direitos das mulheres, da população negra e dos mais vulneráveis do nosso país. Seu tamanho e relevância são gigantes e estão marcados na história da democracia brasileira. A pequenês e o discurso racista da extrema direita nunca apagará isso”, disse a primeira-dama Janja Lula da Silva.

“A Secretaria da Mulher, em nome das Deputadas que assinam esta nota, manifesta seu repúdio à fala racista e preconceituosa sofrida pela Deputada Federal Luana da Silva, feita pela Deputada Federal Carla Zambelli”, escreveu a pasta da Câmara.

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Última Atualização: 03/07/2024