No plenário da Câmara dos Deputados, parlamentares de esquerda reiteraram o repúdio à proposta de anistiar os envolvidos nos atos golpistas, incluindo os que aconteceram em 8 de janeiro de 2023. Parlamentares do Partido dos Trabalhadores usaram a tribuna, na última terça-feira (15/4), para demarcar além de um posicionamento político, uma defesa aberta e direta da memória, da justiça e do pacto democrático que sustenta a Constituição de 1988.
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Anistia é injustiça

O deputado federal Flávio Nogueira (PT-PI) evocou a história do Brasil para denunciar a banalização da anistia. “Eu também tenho a impressão que muita gente não sabe o que é anistia e não lê a história para ver quantas anistias já tivemos neste País de golpes não feitos, intentonas e sempre anistiados”, afirmou. Em seu pronunciamento o parlamentar recordou a violência da ditadura e condenou o uso distorcido da palavra democracia. “Eles usam essa palavra como catapulta para tentar instalar uma nova ditadura”.
PL da vergonha

Na mesma linha, o deputado federal Reimont (PT-RJ) foi direto ao identificar a estratégia da extrema direita: “Será uma vergonha, se esta Câmara aprovar o requerimento de urgência para pautar o PL da anistia. Eles querem liberar o antigo presidente da República dos seus crimes.” O parlamentar destacou o contraste entre os que atacam a democracia e os que a defendem com ações concretas, como quando a governadora Fátima Bezerra (PT-RN) disponibilizou transporte aéreo e ambulância do SUS ao ex-presidente Bolsonaro, mesmo diante de um histórico de hostilidade. “Há um jeito diferente de tratar”, disse Reimont.
O deputado também denunciou o ódio político que se alimenta da violência e da desinformação: “Vocês são movidos pelo ódio, mas não tenham dúvida de que o ódio será vencido pelo amor. Anistia, não, porque a sociedade precisa entender que o crime não compensa”, finalizou Reimont.
Defesa da democracia
Os petistas reafirmam que justiça e verdade não são negociáveis. “É impossível admitir anistia para quem quis destruir a democracia”, alertou Flávio Nogueira. Enquanto Reimont frisou: “O que a extrema direita quer não é perdoar pais e mães de família, mas absolver o ex-presidente e os articuladores do golpe”.
No Brasil que ainda carrega feridas da ditadura militar, o recado dos parlamentares é claro: “anistiar golpistas é silenciar vítimas e isso, a democracia não pode permitir”.
Elisa Alexandre