De norte a sul, antigas fazendas dão lugar a sonhos coletivos. Com base legal e interesse social, o país retoma a agenda da reforma agrária após anos de pausa
Uma série de desapropriações realizadas pelo Governo Federal está transformando a vida de 815 famílias em diferentes regiões do país. Ao todo, 13.005,18 hectares de terras — antes concentradas em poucas mãos — foram destinados à reforma agrária, garantindo moradia e sustento para trabalhadores rurais.
A ação faz parte do programa Terra da Gente, lançado em abril de 2024, que busca identificar e disponibilizar terras para famílias que desejam viver e trabalhar no campo. As desapropriações foram feitas com base na Lei 4.132/1962, que permite a tomada de terras improdutivas ou subutilizadas para fins de interesse social.
Governo Federal desapropria terras para reforma agrária e beneficia mais de 800 famílias
As áreas desapropriadas
- Horto Florestal Cruz Alta (RS)
- 125 hectares
- 12 famílias já viviam no local desde 2011.
- Antes pertencente à extinta Companhia Estadual de Silos e Armazéns (CESA), a área estava em disputa judicial. Agora, será transformada em um assentamento.
- Fazendas Ariadnópolis, Potreiro e Mata Caxambu (MG)
- 3.605,9 hectares
- Capacidade para 300 famílias.
- Pertenciam à Cia. Agropecuária Irmãos Azevedo, empresa falida do setor sucroalcooleiro. A disputa pela terra durou mais de 20 anos.
- Fazenda São Paulo e sítios em Barbosa Ferraz (PR)
- 748,9 hectares
- Atualmente abriga 34 famílias, com potencial para 60.
- O conflito começou em 2005, com ocupações e ameaças de despejo.
- Fazenda Crixá (GO)
- 3.100 hectares
- Mais de 200 famílias aguardavam há 15 anos pela regularização.
- Será criado o Assentamento Dom Tomás Balduíno.
- Fazenda Santa Lúcia (PA)
- 5.694 hectares
- 224 famílias vivem no local, cultivando cana, mandioca e banana.
- A área foi palco de conflitos violentos, incluindo uma operação policial em 2017 que resultou em 10 mortes.
Retomada da reforma agrária
Em março de 2024, o governo entregou 12.297 lotes em 385 mil hectares para famílias sem-terra em 24 estados. O ato, realizado no Quilombo Campo Grande (MG), marcou a retomada das desapropriações por interesse social, que estavam paradas desde 2019.
Essas ações representam um avanço significativo na política de reforma agrária, garantindo terra, trabalho e dignidade para quem vive no campo.