Para municiar o movimento sindical de informações, oo Dieese e as centrais estão realizando, em todo o Brasil, a Jornada Nacional de Debates com o tema “Trabalho, meio ambiente e transição justa – rumo à COP 30”. Em Salvador, evento aconteceu nesta quarta-feira (16), no Sindae. A CTB Bahia esteve presente com a presidenta Rosa de Souza e dirigentes de sindicatos classistas.
Em sua apresentação, a supervisora técnica do Dieese, Ana Georgina Dias, destacou que o tema é debatido por algumas categorias, mas é novo para o conjunto do sindicalismo. “Nós temos um grupo de técnicos estudando o assunto e produzindo documentos com vários dados importantes, mostrando a relação entre a questão climática e o trabalho. Isso exige maior atenção dos sindicatos, que devem participar com sugestões na COP 30 [Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que será realizada em Belém do Pará, no mês de novembro]”, ponderou.
Para Rosa de Souza, o sindicalismo precisa se apropriar do assunto para contribuir com os debates. “É o momento em que o Brasil sediará um evento internacional. Por isso, a CTB instalou um espaço em Belém para acompanhar de perto. Meio ambiente e trabalho não podem ficar isolados, pois as decisões da COP 30 terão impactos na vida da classe trabalhodora. Defendemos o desenvolvimento sustentável com valorização do trabalho. Para nós, ter um meio ambiente saudável é um direito humano fundamental”, afirmou.
Além de Rosa, estiveram presentes as dirigentes Lúcia Maia (SINTRACOM-BA); Sônia Maria (CTB Bahia e SINTRACOM-BA); Hercília (SINTRACOM-BA); Lucineide Sampaio (Sinposba); Taina de Jesus (SintraSuper) e Jailton Andrade (Petroleiros).
NÚMEROS PREOCUPANTES
Ana Georgina apresentou alguns número preocupantes da crise climática: Segundo a Oxfan, 1% dos mais ricos do mundo são responsáveis por 15% das emissões de carbono no mundo e os 10% mais ricos respondem por 52%. A OIT diz que até 2030, cerca de 2% das horas trabalhadas serão perdidas pelo calor excessivo; a temperatura em muitas fábricas chega a 40 graus, sendo que o calor excessivo estimula a produção de cortisol (responsável pelo estresse)
Os estudos feitos pelo Dieese mostram que os desastres naturais estão mais agressivos. “Vejam a relação com o trabalho: as chuvas no Rio Grande do Sul causaram a perda de 30 mil empregos formais. A seca extrema torna mais caro o custo de vida. O grande desafio é como proteger o meio ambiente e gerar desenvolvimento, emprego e renda”, destacou.
AÇÃO DO MOVIMENTO SINDICAL
A economista lembrou que as centrais estão agindo. “A Carta das Centrais no G20 Social definiu as principais bandeiras do movimento sindical na transição energética: adaptação gradual, inclusão social, trabalho decente, valorização salarial e do trabalho, saúde e segurança no trabalho, e representação sindical nas discussões. Além disso, muitas convenções coletivas já possuem cláusulas referentes ao tema. E a luta pela redução da jornada de trabalho [sem redução salarial], que gera mais empregos, mais saúde, mais produtividade e mais qualidade de vida para todos na sociedade”, enfatizou.