Os Estados Unidos anunciaram nesta quarta-feira, 16, a imposição de novas sanções direcionadas a refinarias, empresas e intermediários envolvidos na compra ou facilitação do comércio de petróleo iraniano. A medida foi divulgada pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, por meio de uma declaração pública nas redes sociais.

Segundo o comunicado, as ações fazem parte da estratégia norte-americana de intensificar a pressão econômica sobre o Irã, com o objetivo de restringir suas exportações de energia e atingir redes de apoio consideradas hostis à segurança dos Estados Unidos.

“A administração Trump deixou uma coisa clara: aplicaremos pressão máxima sobre o Irã e interromperemos a cadeia de fornecimento e exportação de petróleo do regime, que apoia procuradores e parceiros terroristas. Qualquer refinaria, empresa ou corretora que opte por comprar petróleo iraniano ou facilitar seu comércio se coloca em sério risco. Estamos preparados para tomar todas as ações possíveis para reduzir a exportação de energia do Irã a zero, onde ela deve estar, e manter os americanos seguros”, afirmou Bessent.

As sanções foram anunciadas no contexto do segundo mandato do presidente Donald Trump, iniciado em janeiro de 2025, e ocorrem em meio à intensificação da cooperação econômica entre Irã e China.

Desde a formalização de um acordo estratégico de 25 anos entre os dois países, em 2021, as relações bilaterais se aprofundaram, com destaque para investimentos chineses estimados em até US$ 400 bilhões em setores iranianos como energia, infraestrutura, transporte e telecomunicações. Em contrapartida, Teerã assegura fornecimento contínuo de petróleo com preços reduzidos para Pequim.

O Departamento do Tesouro norte-americano não detalhou a lista de entidades sancionadas, mas indicou que a nova rodada de restrições visa atingir tanto empresas diretamente envolvidas na aquisição de petróleo iraniano quanto aquelas que atuam como facilitadoras logísticas ou financeiras desse comércio.

As autoridades alertaram que empresas de diversos países poderão ser afetadas, inclusive aquelas com sede em países aliados dos Estados Unidos.

O Irã, apesar das sanções anteriores, manteve níveis significativos de exportação de petróleo, especialmente para o mercado asiático.

A China, principal destino desse petróleo nos últimos anos, tem adotado mecanismos alternativos de pagamento e transporte para contornar os bloqueios financeiros impostos por Washington.

Analistas internacionais avaliam que a nova ofensiva tem duplo objetivo. Além de buscar um maior isolamento econômico do Irã, a medida também atua como um recado diplomático à China, no momento em que Pequim amplia sua presença econômica e estratégica no Oriente Médio.

A região do Golfo Pérsico, considerada central para a segurança energética global, tem sido foco de disputa entre os Estados Unidos e potências emergentes como a China.

Especialistas em relações internacionais observam que as sanções unilaterais, como as adotadas nesta semana, tendem a gerar efeitos políticos mais amplos do que os previstos inicialmente, incluindo a possibilidade de realinhamentos diplomáticos, novas formas de cooperação entre países sancionados e tensões em fóruns multilaterais.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas não aprovou as atuais medidas, o que deve gerar questionamentos jurídicos e políticos de parte da comunidade internacional.

Representantes do governo chinês não se pronunciaram oficialmente sobre o anúncio norte-americano até o fechamento desta edição. Entretanto, fontes diplomáticas indicam que uma resposta formal poderá ser emitida nos próximos dias, com possível ênfase na defesa da soberania econômica e no repúdio a medidas extraterritoriais.

No Irã, autoridades também ainda não comentaram publicamente as novas sanções, mas a expectativa de observadores internacionais é de que Teerã mantenha sua retórica de resistência e busque reforçar alianças econômicas alternativas, sobretudo com países asiáticos e membros do bloco BRICS.

A medida dos Estados Unidos ocorre num momento em que o Irã enfrenta instabilidades econômicas e sociais internas. O aumento das restrições comerciais deve afetar setores estratégicos da economia iraniana, com impacto potencial sobre a receita pública e os investimentos estrangeiros no país.

Com o novo pacote de sanções, o governo Trump dá continuidade à política de contenção da influência iraniana no Oriente Médio e reafirma sua disposição de adotar medidas coercitivas contra parceiros comerciais de Teerã.

O movimento também reforça a postura de enfrentamento adotada por Washington em relação à China, em meio a disputas comerciais, tecnológicas e geopolíticas que se intensificaram ao longo dos últimos anos.

A aliança energética entre Irã e China, no contexto atual, ultrapassa os limites de um acordo comercial. Para os Estados Unidos, representa um desafio estratégico direto em regiões consideradas prioritárias para sua segurança nacional e sua influência internacional.

Observadores apontam que a escalada pode gerar reações por parte dos países atingidos, tanto no plano econômico quanto diplomático, com possíveis consequências para os mercados globais de energia e para o equilíbrio geopolítico em regiões como o Oriente Médio e a Ásia Central.

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Last Update: 17/04/2025