O vídeo em que policiais militares aparecem em frente a uma cruz em chamas e fazendo gestos que remetem ao nazismo mostra uma cerimônia de formatura de agentes. É o que afirma o chefe do batalhão flagrado na gravação, que é alvo de investigação do Ministério Público.

Segundo o tenente coronel José Thomaz da Costa Júnior, chefe do 9º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), o vídeo foi gravado para marcar o fim de um período de estágio e a entrega dos “braçais”, acessórios usados nos antebraços dos policiais para identificar os batalhões.

“Aquela cerimônia se limitou a valorizar todo empenho, dedicação e esforço dos policiais nesse período de estágio. É um período de treinamento árduo, bastante rigoroso, para que eles alcancem as condições plenas de prosseguir prestando serviço”, disse Costa Júnior, em vídeo publicado nas redes sociais do batalhão.

Os perfis do 9º Baep, aliás, não têm mais o vídeo que deu origem à investigação do MP. Costa Júnior reconheceu que as imagens foram apagadas devido a uma repercussão “que não desejávamos”.

“Não tivemos intenção de fazer cerimônia com cunho religioso, político, racial. Isso não faz parte da nossa rotina. Não fazemos rituais. Nós cumprimos cerimônias, e esse foi o único propósito”, disse o comandante no vídeo.

A ‘cerimônia’

A gravação foi divulgada no Instagram pelo 9º Baep. Nas redes sociais, diversos perfis apontaram as semelhança entre o sinal dos PMs e o de nazistas e grupos supremacistas brancos.

O vídeo também mostra um brasão de fogo no chão. A redor dele, aparece a sigla Baep. Outro elemento de destaque é a presença de viaturas e de bandeiras. 

A publicação foi excluída minutos depois, após várias críticas por seu conteúdo e sua forma. 

Para o comandante do batalhão não há nada de religioso ou ritualistico na cruz em chamas. “A estrutura em formato de cruz, envolta em chamas, simboliza a vitória sobre os sacrifícios e o peso que o policial adquire para honrar esse ‘Baep’ conquistado”, justifica. “Temos um caminho iluminado que simboliza a trajetória difícil percorrida pelos policiais até chegarem à etapa do juramento, em que afirmam, perante toda a sociedade, até o sacrifício da própria vida, defendê-la a qualquer custo”, alegou, por fim, o comandante no vídeo postado após a repercussão.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou, por sua vez, repudiar qualquer manifestação de intolerância e destacou que não compactua com desvios de conduta por agentes de segurança.  

Segundo a SSP, já há em tramitação um procedimento para apurar as circunstâncias do caso, que pode levar à responsabilização dos envolvidos.

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Last Update: 17/04/2025