Continua repercutindo a decisão do governo brasileiro de reconhecer a vitória de Daniel Noboa na eleição presidencial do Equador, mesmo diante das veementes denúncias de fraude apresentadas pela oposição.
Os dois argumentos mais usados em defesa da posição do governo brasileiro foram: é preciso levar em conta o clima político internacional, principalmente na América Latina, e o princípio da não ingerência em assuntos internos de países soberanos, que é, inclusive, uma norma constitucional.
Quanto ao primeiro argumento, é justamente o clima político internacional, principalmente na América Latina, que obrigaria o Brasil a ter uma posição diferente.
Testemunhamos, recentemente, um alto dirigente do governo dos EUA referir-se à América Latina e o Caribe como um “quintal” a ser “retomado”. Este alto dirigente não foi admoestado ou desmentido por qualquer outro representante do governo estadunidense. Ou seja, o que ele expressou é uma política de Estado que reflete exatamente o que pensa Donald Trump.
E quem é Daniel Noboa? É um personagem que ligou seu destino político ao de Donald Trump.
Como registramos na última Súmula, duas semanas antes da eleição no Equador, Noboa procurou o presidente americano para penhorar a soberania equatoriana em troca do apoio a sua reeleição para a qual não tinha votos suficientes, precisando recorrer ao Estado de Exceção e à fraude. Ou seja, Daniel Noboa, enfrentando contundentes questionamentos internos e dependendo cada vez mais do apoio de Trump, dificilmente será outra coisa que não um instrumento servil para a política neocolonial dos EUA na América Latina.
O Brasil, como maior país da região, deveria demarcar claramente sua posição em defesa da soberania regional.
E essa demarcação, no caso do Equador, poderia ter sido feita respeitando-se perfeitamente a soberania nacional equatoriana.
O Itamaraty tem quadros preparados que escreveriam em termos muito mais elevados algo com este conteúdo: “O Brasil registra sua preocupação com as denúncias da oposição relatando a ocorrência de irregularidades nas eleições presidenciais deste domingo (13) no Equador. Confiamos que todas as denúncias serão apuradas pelas autoridades estatais de acordo com as leis equatorianas, garantindo-se o respeito à vontade majoritária do povo”.
Pronto, o Brasil teria assumido uma posição justa, fortalecendo sua liderança em defesa da América Latina, e ao mesmo tempo reafirmaria que a querela sobre a eleição é um assunto interno a ser dirimido sem ingerência estrangeira.
Fica patente, por outro lado, a imensa diferença de tom que o governo brasileiro adotou com a Venezuela, que lidava com denúncias falsas, oriundas de uma oposição de extrema-direita, por ocasião da reeleição do presidente Nícolas Maduro. Naquela oportunidade, a preocupação com o princípio da não ingerência nos assuntos internos foi próxima a zero.
A política externa do governo Lula 3 é majoritariamente positiva, mas deve urgentemente recordar uma lição básica da história: demonstrar fraqueza e hesitação frente ao imperialismo, ou tentar domesticá-lo através de afagos, é praticamente um convite para que a besta fera ataque.
China e Vietnã acordam se opor conjuntamente ao hegemonismo
A China e o Vietnã prometeram se opor conjuntamente ao hegemonismo, a todas as formas de unilateralismo e a todos os tipos de práticas que colocam em risco a paz e a estabilidade regionais.
Os dois países fizeram o anúncio nesta terça-feira (15) em uma declaração conjunta divulgada no contexto da visita de Estado do presidente chinês, Xi Jinping, ao Vietnã.
Os dois lados concordaram em realizar uma coordenação estratégica multilateral mais estreita e enfrentar conjuntamente os desafios globais, de acordo com o documento.
No que diz respeito às restrições ao comércio e ao investimento, os dois lados reafirmaram seu compromisso de manter o sistema de comércio multilateral baseado em regras, aberto, transparente, inclusivo e não discriminatório.
Os dois lados enfatizaram a importância de manter a paz e a segurança na região Ásia-Pacífico e concordaram em praticar o regionalismo aberto.
A China expressou sua disposição de trabalhar com a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) para acelerar a assinatura e a implementação do acordo sobre a Área de Livre Comércio China-ASEAN 3.0 e se esforçar para impulsionar a integração econômica regional em direção a um nível mais alto, disse o documento. Fonte: Diário do Povo Online
Uma nota à parte: Embora China e Vietnã tenham mantido, ao longo dos anos, contatos predominantemente cordiais, é fato que o imperialismo utilizava o pretexto da polêmica envolvendo a soberania de determinadas ilhas situadas no Mar do Sul da China, para enfraquecer e se possível sabotar a amizade entre as duas nações socialistas. Essa controvérsia de fato gerou atritos ocasionais e acusações contra a China, por parte do Vietnã, de “violação da soberania vietnamita”, o que era apoiado por Washington. Tudo indica que essa fase será superada, graças ao novo cenário internacional, que exige maior coesão dos países contra-hegemônicos.
Ano novo laosiano: Unidade e tradição

Começou na segunda-feira (14) e terminou nesta quarta (16) as comemorações do ano novo na República Democrática Popular do Laos, o Pi Mai Lao (ano 2.568). O Laos é dirigido pelo Partido Popular Revolucionário do Laos, organização que integra o Encontro Internacional de Partidos Comunistas e Operários (EIPCO). O ano novo laosiano é uma das mais fortes tradições do país.
A agência de notícias oficial do Laos (KPL) assim descreveu o clima das comemorações: “(…) o povo laosiano marcou a ocasião com unidade, reverência e exuberância (…) Templos lotados de devotos, ruas repletas de risos e famílias reunidas para homenagear ancestrais e anciãos — tudo isso mantendo a paz e a harmonia que definem este feriado sagrado. Em Vientiane, a capital se transformou em um centro de celebração, com moradores e turistas participando das festividades. A essência espiritual do feriado foi destacada por meio das cerimônias Baci, nas quais fios eram amarrados nos pulsos para chamar de volta os espíritos errantes e invocar bênçãos para o novo ano. Em templos por toda a cidade, devotos formavam filas para derramar água perfumada sobre estátuas de Buda, um ritual que simbolizava purificação, renovação e a eliminação de infortúnios passados.”
O presidente Thongloun Sisoulith, que é membro do bureau político do PPRL, saudou o Pi Mai Lao, não deixando de citar indiretamente a guerra tarifária de Donald Trump.
“Este Ano Novo chega em meio a contínuas complexidades globais e regionais, que inevitavelmente afetam nosso país e nosso povo”, disse ele. “Ainda assim, o vemos como um ano de oportunidades e esperança — um ano em que nos esforçamos para guiar nossa nação rumo a um futuro mais brilhante.”
Atitude da União Europeia em relação a China está mudando
Matéria desta quarta-feira do site da Rádio China Internacional, feita com base em observações colhidas na mídia comercial europeia, mostra que a percepção do continente em relação à China tem dado sinais de mudanças. Conforme uma reportagem publicada na segunda-feira pelo jornal britânico Daily Mirror, evidências recentes indicam que os líderes da UE estão preferindo avançar em acordos comerciais com a China, em vez de se alinhar totalmente ao presidente dos Estados Unidos. Anteriormente, os departamentos comerciais da China e da UE já haviam concordado em iniciar, o mais breve possível, negociações sobre veículos elétricos.
De acordo com informações divulgadas pela Comissão Europeia (CE) no dia 11 de abril, a China e o bloco concordaram em revisar o esquema de precificação para resolver as disputas relacionadas a veículos elétricos chineses.
A revista alemã, Der Spiegel, citou no mesmo dia uma declaração da porta-voz da CE, explicando que o objetivo do esquema é substituir as medidas compensatórias previstas pela UE para outubro de 2025.
Depois de anunciar tarifas recíprocas contra os Estados Unidos, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou em uma ligação com representantes chineses que, como os dois maiores mercados do mundo, China e UE têm a responsabilidade de apoiar um sistema comercial baseado na concorrência justa.
A rede EuroNews TV publicou que a UE deseja elevar sua credibilidade mundial em suas parcerias comerciais. Nesse sentido, as negociações atuais com a China têm contribuído para essa mudança. O bloco passou a enxergar o país asiático sob uma nova perspectiva, ajustando gradualmente sua postura.
Um jornal alemão, o Münchner Merkur, reportou que no contexto global de atritos comerciais, as tensões entre a UE e a China estão diminuindo. O jornal Handelsblatt escreveu, recentemente, que a China tem se mostrado como um parceiro comercial confiável.

Marx em A Ideologia Alemã (1846): “Os indivíduos partiram sempre de si, partem sempre de si. As suas relações são relações do seu processo real de vida. A que se deve que as suas relações se autonomizem contra eles? Que os poderes da sua própria vida se tornem opressores contra eles?
Numa palavra: a divisão do trabalho, cujo grau depende da força produtiva desenvolvida em cada caso.”