A Federação dos Trabalhadores em Empresas de Crédito Centro Norte (Fetec/CUT/CN) realizou nesta terça-feira (15) um seminário sobre a “Inserção das Mulheres no Trabalho” que visa “lançar uma pesquisa sobre o tema com os dirigentes sindicais das entidades filiadas, com o objetivo de fortalecer a luta dos sindicatos na defesa dos direitos das mulheres”.
“A pesquisa pretende explorar diversos tópicos fundamentais, que vão desde a percepção do feminismo e a luta pela igualdade salarial até a inclusão de cláusulas de gênero nas Convenções Coletivas de Trabalho (CCT). Além disso, abordará questões críticas como violência doméstica, assédio moral e sexual, que impactam diretamente a vida e a saúde das bancárias, explica Elis Regina Camelo Silva, secretária da Mulher da Fetec-CUT/CN, que está organizando o seminário.”
Cabe ressaltar, que nas unidades operacionais e administrativas da categoria trabalha um expressivo número de mulheres. Estas companheiras – da mesma forma que nas demais categorias – trabalham submetidas às mais degradantes condições e, muitas vezes, recebem salários menores do que os dos homens.
Esta situação das mulheres é de enorme importância para toda a categoria, assim como o problema da mulher trabalhadora é decisivo para a classe trabalhadora em seu conjunto. Sem atrair para a luta as companheiras que trabalham nas unidades operacionais e administrativas que constituem o setor mais explorado da categoria é impossível avançar de maneira consistente a luta da categoria por melhores condições de vida e de trabalho, e de toda a classe operária contra a exploração capitalista.
Diante da crise do capitalismo, a burguesia procura aprofundar a exploração da classe trabalhadora, atacando ferozmente suas conquistas sociais históricas e com particular dureza sobre as mulheres, que compõem sua camada mais oprimida. Ao contrário do que diz a burguesia, que apregoa as supostas “conquistas” da mulher, nunca como agora a opressão e a exploração da mulher foi tão intensa.
De um lado desenvolveu-se uma feroz exploração econômica: demissões em massa, baixos salários, condições extremamente insalubres e perigosas de trabalho, longas jornadas de trabalho. Em nenhum setor há creches, assistência médica específica à mulher, quaisquer condições que visem facilitar a maternidade.
A esta condição de feroz superexploração, soma-se o ataque às condições de vida da população explorada a partir do Estado: destruição da saúde pública, da educação pública, a falta de moradia e as péssimas condições de vida dos bairros populares (saneamento básico, eletricidade, segurança pública, transporte, etc.).
A crise do capitalismo transforma a mulher cada vez mais em mercadoria objeto de consumo, através da pornografia, da prostituição e da degradação moral. Ao mesmo tempo que a sociedade capitalista procura empurrar por todos os meios a mulher trabalhadora para uma situação degradante, ela priva, por lei, a mulher dos seus direitos mais elementares.
Para sustentar esta situação de superexploração, a burguesia utiliza impiedosa repressão sobre a mulher trabalhadora. Esta repressão se dá também no embrutecimento intelectual forçado a que a mulher trabalhadora é submetida – mais ainda do que o trabalhador masculino – como na violência e humilhações a que a mulher é submetida em todos os lugares e, particularmente trabalho, onde a prepotência dos chefes se junta a diversas formas de humilhação abuso sexual.
Como dizia a grande revolucionária e autora da proposta de criação do Dia Internacional de luta da Mulher, Clara Zetkin;
“Para que as mulheres alcancem uma completa igualdade social com os homens, real e efetiva, e não somente nas páginas dos livros de leis mortas, devem alcançar duas condições primárias. Primeiro, a propriedade privada deve ser erradicada e substituída pela propriedade social. Segundo, a atividade das mulheres deve ser integrada dentro da produção social de uma ordem livre de exploração e opressão. Somente a realização destas condições evitará que as mulheres continuem economicamente dependentes dos homens como esposas e mães de família, ou cair sob a opressão econômica e a exploração capitalista como mulheres proletárias que possuem um emprego como resultado do conflito de classes entre explorador e explorado”.
O caminho para enfrentar esta situação é o da organização das mulheres em uma Secretaria de Mulheres nos sindicatos – que deve coordenar a luta contra as atuais condições de vida e de trabalho das mulheres – e em comitês por setor de trabalho ou região. A tarefa destes comitês deve ser: 1) organizar entre as mulheres a luta por um programa de ação; 2) organizar a luta pelas reivindicações fundamentais da mulheres; 3) organizar o trabalho de educação política e sobre problemas específicos das mulheres da categoria.
Diante disso, as mulheres bancárias tem todos os motivos para estarem, em peso, nas manifestações do Dia do Trabalhador, no 1º de Maio, que acontecerão em todo o País, contra a ofensiva dos banqueiros e, nesse sentido, o que se coloca em pauta, de modo imediato, dentre outras: a defesa da Instalação de creches nos locais de trabalho com mais de 20 mulheres e pagamento de auxílio-creche nos demais; Auxílio educação para os filhos que estiverem cursando o 1º Grau; Limitadores de esforço físico, considerando a dupla jornada de trabalho que a mulher é submetida; Salários iguais para ambos os sexos, na mesma função; Fim da repressão às mulheres; Fim das práticas de assédio sexual dos chefes; Estabilidade para as gestantes; Transferência para serviços internos das gestantes lotadas em locais insalubres; Licença maternidade ampliada, para garantir adequada amamentação à criança e restabelecimento da mulher.