
Sidônio Palmeira, que comanda a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência da República desde janeiro, concedeu uma entrevista ao jornal O Globo e falou de diversos temas relacionados ao terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Entre os assuntos abordados na conversa com o marqueteiro responsável pela campanha do petista em 2022, estão os índices de aprovação apontados nas pesquisas, as iniciativas que podem fazer Lula virar o jogo da popularidade e as críticas que ele mesmo vem recebendo de colegas de profissão:
Foram muitas e variadas as razões apontadas pelos meus entrevistados para a queda da popularidade do presidente desde o fim do ano passado. Qual a sua explicação para o que aconteceu?
Acho que há duas questões estruturais e outras mais agudas de dezembro para cá. Primeiro, considero que hoje em dia há uma nova forma de comunicação com o advento das redes sociais, que traz aspectos positivos, mas também outros problemas como consequência.
A extrema direita avança em vários países como Argentina, Estados Unidos, Polônia, Hungria, Itália etc. Há pessoas tatuando suástica com a maior naturalidade pelo mundo, e, enquanto isso, uma outra anomalia acontece: ódio e fake news estão engajando muito nas redes e dando dinheiro.
Reclamar que a direita só engaja porque espalha mentiras na internet não é uma espécie de ‘mimimi’ da esquerda, que também reproduz fake news no embate público?
Fake news é errado e tem que ser condenada independentemente de que lado esteja. Agora, um fato é que eles, da direita, são mais atuantes nas redes, e eu acredito que temos que fazer comunicação trabalhando com a verdade apenas. Até porque a verdade pode conquistar pessoas, basta ter criatividade. O segundo ponto que queria abordar é que, no Brasil, quando o governo assumiu, faltou comunicar qual herança encontrou. Como estava a educação? E a saúde? De que maneira enfrentamos a pandemia de um jeito caótico? Estivemos diante de um país destruído, com muitos programas encerrados. Havíamos retornado para o Mapa da Fome. Tudo na vida é uma questão de referência. Se você tem um copo que está pela metade, mas não diz que ele estava vazio antes, a metade vai ser considerada pouco.
E por que essa comunicação não foi feita?
Informação na ponta não depende apenas de comunicação, mas também da política. E aí tem uma questão que é muito importante ligada a três conceitos: expectativa, gestão e percepção. O ideal é que essas três coisas estejam alinhadas. A expectativa com relação ao presidente é alta até pelos governos anteriores que ele fez, especialmente o segundo mandato, entre 2007 e 2010, em que Lula saiu com mais de 80% de aprovação. A gestão também já tem entregas, o governo fez muita coisa nesses dois anos. Voltamos a ser a décima economia do mundo. Foram tiradas 24 milhões de pessoas da Fome, quase um estádio de futebol por dia. O Mais Médicos dobrou, o Pé de Meia é um programa que atinge milhões de jovens e tem uma porta de saída, não sendo apenas uma política pública inerte. Ainda falta a informação de tudo isso chegar na ponta para a percepção das pessoas mudar. (…)
E quais foram os aspectos agudos de dezembro para cá que impactaram a popularidade do presidente que o senhor citou no início da entrevista?
A ausência do presidente devido ao acidente que teve, o aumento do dólar, a inflação de alimentos e a fake news do Pix. A conjunção desses fatores prejudicou. (…)

Os críticos também falam da dificuldade do governo na área da segurança pública, na comunicação com o segmento evangélico e com os microempreendedores. O que fazer?
A segurança pública é uma responsabilidade dos estados, e o governo federal tem que cuidar das fronteiras e da atuação da Polícia Federal. Mesmo assim, já há uma PEC da Segurança encaminhada para o Congresso Nacional, e o programa do governo chamado Celular Seguro é bem interessante. Sobre os evangélicos, considero que fazem parte de um grupo de brasileiros que sofre dos mesmos problemas que o cidadão comum.
Ou seja, acho que o esforço tem que ser o de comunicar os serviços de maneira bem feita tanto para evangélicos quanto para católicos. Por fim, temos, sim, uma preocupação com quem é MEI e o pessoal de aplicativos. Programas como o Acredito, o Desenrola e agora o crédito consignado para o trabalhador são importantes.
Conheça as redes sociais do DCM:
Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line