Aparelho supera desempenho de concorrente da Nvidia e será ampliado globalmente a partir de 2025
A Huawei apresentou uma nova solução em infraestrutura de inteligência artificial durante a Huawei Cloud Ecosystem Conference, realizada em Wuhu, na China. Trata-se do CloudMatrix 384, supernó desenvolvido para centros de dados com foco em processamento de larga escala.
A arquitetura busca resolver gargalos operacionais relacionados ao treinamento e execução de modelos avançados de IA, competindo diretamente com soluções como o NVL72, da Nvidia.
A nova tecnologia, segundo a empresa, oferece capacidade de comunicação eficiente entre 384 unidades de processamento.
O CloudMatrix 384 utiliza uma arquitetura de interconexão de alta velocidade, o que, de acordo com os dados divulgados pela fabricante chinesa, permite alcançar até 300 petaflops de potência computacional. Em comparação, o NVL72 da Nvidia opera com capacidade estimada em 180 petaflops.
Além da performance, o CloudMatrix 384 apresenta melhorias na largura de banda e na capacidade de memória, apontadas pela empresa como fatores essenciais para a operação de modelos de linguagem de larga escala, que demandam infraestrutura computacional robusta para funcionamento contínuo e responsivo.
Zhang Pingan, diretor executivo da Huawei e CEO da Huawei Cloud Computing, afirmou durante a conferência que a empresa continuará investindo em soluções próprias para atender à crescente demanda por inteligência artificial.
“Estamos comprometidos em construir uma base de computação de IA com inovação independente, segurança e confiabilidade”, declarou.
Ele também destacou o papel da Huawei Cloud e dos serviços baseados na arquitetura Ascend na estratégia de crescimento da empresa no setor.
Segundo a Huawei, o CloudMatrix 384 já está em operação no centro de dados localizado em Wuhu, na província chinesa de Anhui. A companhia informou que a implantação da nova arquitetura será ampliada em escala global até o fim do primeiro semestre de 2025.
A expectativa é de que a expansão contribua para mitigar problemas relacionados à capacidade computacional em ambientes de IA de alta exigência. A empresa foi procurada para comentar aspectos adicionais do lançamento, mas não respondeu até o fechamento desta edição.
Disputa entre China e Estados Unidos pela infraestrutura de IA
A introdução do CloudMatrix 384 ocorre em um contexto de competição tecnológica crescente entre China e Estados Unidos, especialmente no segmento de inteligência artificial.
O avanço dos modelos de linguagem de larga escala, utilizados em aplicações como assistentes virtuais, sistemas de tradução e plataformas generativas, ampliou a demanda global por capacidade computacional.
Nos Estados Unidos, empresas como Nvidia, Google e OpenAI lideram o desenvolvimento de chips e arquiteturas voltadas ao treinamento de modelos de IA.
Essas companhias dominam o fornecimento de componentes e soluções para centros de dados utilizados por organizações públicas e privadas em diversas partes do mundo. Em resposta, conglomerados chineses têm investido em tecnologias próprias para reduzir a dependência de fornecedores norte-americanos.
A Huawei, que já enfrentou sanções comerciais e restrições de acesso a semicondutores nos últimos anos, busca fortalecer sua autonomia industrial e consolidar uma cadeia produtiva local para soluções de IA.
A corrida tecnológica também reflete disputas geopolíticas mais amplas, envolvendo temas como segurança nacional, soberania digital e equilíbrio estratégico global.
A capacidade de operar sistemas de IA de forma autônoma passou a ser considerada um ativo central na definição de políticas industriais e tecnológicas de potências como China e Estados Unidos.
Nesse cenário, o desenvolvimento de supernós computacionais, como o CloudMatrix 384, representa uma etapa relevante na construção de infraestrutura própria.
A medida amplia a capacidade chinesa de processar grandes volumes de dados e executar algoritmos complexos sem a intermediação de empresas estrangeiras.
O lançamento da nova arquitetura reforça a atuação da Huawei como um dos principais agentes da transformação digital na China, ao mesmo tempo em que sinaliza a intensificação da competição global por domínio tecnológico em inteligência artificial.
Com o cronograma de ampliação previsto para 2025, o CloudMatrix 384 poderá se tornar peça central na estratégia chinesa de consolidar uma posição competitiva no setor de IA e ampliar sua influência sobre a próxima geração de aplicações digitais.
Com informações da SCMP