No ano de 2024, a China chegou perto de obter um saldo comercial de US$ 1 trilhão. Mas bateu na trave.
O saldo no ano passado foi de US$ 992 bilhões. Alguns analistas falavam “perto de 1 trilhão”, mas a verdade é que a China ainda não havia chegado lá.
Agora chegou.
Os números são do próprio governo chinês, ou mais especificamente da Administração Geral das Alfândegas da República Popular da China (GACC, na sigla em inglês). A compilação por 12 meses foi feita com exclusividade pelo Cafezinho.
Segundo essa fonte oficial, a China exportou 3,62 trilhões de dólares no acumulado de 12 meses até março de 2025, o que representou um aumento de quase 7% sobre o período anterior, e de 56% em 7 anos.
As importações, por sua vez, chegaram a US$ 2,54 trilhões no mesmo período, um valor estável ao do ano anterior.
Com isso, o saldo comercial da China nos últimos 12 meses até março chegou aos incríveis 1,08 trilhão de dólares, um recorde histórico.
O saldo é calculado pelas exportações menos as importações.
A corrente de comércio, que é a soma de exportações e importações, ficou em 6,16 trilhões de dólares nos últimos 12 meses até março.
Quando se examina os números pelos meses de março, ou pelos primeiros trimestres, dos últimos anos, também há recorde histórico.
As exportações chinesas em março totalizaram 313,9 bilhões de dólares, aumento de 12% sobre o mesmo mês do ano anterior. As importações de março, por sua vez, caíram 5% e ficaram em 221,3 bilhões de dólares, fazendo com que a balança da China (ou saldo) atingisse um número positivo de 102,6 bilhões de dólares, um impressionante recorde histórico, e um valor 75% superior ao saldo obtido em março de 2024.
No acumulado do trimestre, os números também trazem recordes históricos.
Preparamos abaixo, uma série de tabelas para vocês entender como é o comércio exterior da principal potência industrial do mundo.
Nelas, você vai ver, por exemplo, que a participação dos Estados Unidos no comércio exterior da China caiu para 10% em março, o menor nível em décadas, contra 18% para os países da Asean (associação do sudeste asiático), e 12% para União Europeia.
A corrente de comércio da China com a Tailândia, para dar um exemplo de países membro da Asean, cresceu 23% em março, e 15% no trimestre.
Ah, e pela primeira vez, a China compila, na tabela de comércio exterior, os países que formam parte do Cinturão e Rota: somados, esses países foram responsáveis por 51% de toda a corrente de comércio da China em março, e o mesmo percentual no trimestre janeiro a março.
O Brasil, todavia, continua comendo mosca com a China. No primeiro trimestre, a China reduziu as importações do Brasil em impressionantes 34%. De maneira que a participação do Brasil nas importações totais da China desabou de 4,7% em Jan/Mar 2024 para 3,3% em Jan/Mar 2025. Considerando apenas o mês de março, as importações chinesas de produtos do Brasil caiu 36%!
A explicação disso está, possivelmente, na forte queda das exportações brasileiras de soja para a China. Isso mostra o erro estratégico que o Brasil vem cometendo em não diversificar sua pauta econômica com o gigante asiático.
Com isso, a balança comercial entre Brasil e China, que tem sido especialmente favorável ao Brasil nos últimos anos, ficou negativa tanto em março quanto no trimestre. Mas provavelmente esses números devem mudar dramaticamente a partir de abril, e conforme a nova safra de soja for sendo colhida e despachada para China. A guerra tarifária entre EUA e China, além disso, abre grandes oportunidades para o comércio do Brasil com a China.
Dentre os produtos exportados pela China, chama atenção a participação dos produtos de tecnologia. No primeiro trimestre, a China exportou 209 bilhões de dólares em produtos de alta tecnologia, um crescimento de 6% sobre o ano anterior (ou seja, um crescimento superior ao crescimento médio das exportações chinesas no período).
A China também é grande exportadora de produtos mecânicos e eletrônicos. No primeiro trimestre, a China exportou 47,7 bilhões de dólares em computadores, alta de 7% no ano, e 41 bilhões de dólares em chips, alta de 11%.
Quanto a importação, a China é grande importadora de produtos agrícolas (8% de sua importação total) e petróleo (14%, entre bruto e refinado). A China também é grande importadora de computadores, chips e aeronaves.