Demanda chinesa por insumos estratégicos eleva vendas brasileiras de minerais e manufaturados; exportações totais caem, mas balança comercial fecha trimestre com saldo positivo

As exportações brasileiras de cobre para a China atingiram nível recorde no primeiro trimestre de 2025, totalizando US$ 331 milhões entre janeiro e março, segundo dados oficiais divulgados nesta quarta-feira, 16.

O valor representa um crescimento de 180% em relação ao mesmo período do ano anterior. Com essa marca, a China respondeu por 35% do total exportado e se consolidou como o principal destino do produto.

O avanço das vendas de cobre está relacionado à expansão da demanda chinesa por matérias-primas ligadas à cadeia de energias renováveis.

Também registraram crescimento expressivo, no mesmo período, as exportações brasileiras de manganês (310%), ferroníquel (253%) e cobre afinado e suas ligas (56%). Produtos de nióbio cresceram 35%, e o ferronióbio teve aumento de 13%.

Outro destaque foi o crescimento nas exportações de compostos de metais de terras raras, como ítrio e escândio. O Brasil embarcou 419 toneladas desses materiais no primeiro trimestre, volume sete vezes superior ao total exportado ao longo de 2024.

No campo geopolítico, o cenário internacional pode influenciar diretamente esse fluxo comercial. Na terça-feira, 15, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a abertura de uma investigação para avaliar a possibilidade de aplicar novas tarifas sobre todas as importações de minerais críticos provenientes da China.

A medida pode abrir espaço para a ampliação das relações comerciais entre o Brasil e o país asiático no fornecimento desses insumos.

No setor de bens manufaturados, também houve aumento relevante nas exportações brasileiras para o mercado chinês. As vendas de torneiras e válvulas cresceram quase 13 vezes, alcançando US$ 35 milhões. Já os aparelhos mecânicos apresentaram alta de quase 100 vezes, com um total de US$ 23 milhões exportados no trimestre.

Em relação às importações brasileiras, a aquisição de uma plataforma de petróleo chinesa, em fevereiro, alterou temporariamente a composição da pauta comercial.

O item liderou a lista de produtos importados da China no período. Além disso, as compras de painéis solares aumentaram 13%, atingindo o maior volume da série histórica para um primeiro trimestre.

Também se destacou o crescimento de 625% nas importações de fertilizantes com fósforo e nitrogênio, que somaram 265 mil toneladas, outro recorde trimestral. Esses produtos são considerados estratégicos para o agronegócio brasileiro, principal setor de exportação do país.

Apesar dos resultados positivos em segmentos específicos, as exportações totais do Brasil para a China caíram 13,4% no primeiro trimestre de 2025, atingindo US$ 19,8 bilhões. Essa foi a primeira retração para o período desde 2015.

Em sentido oposto, as importações de produtos chineses cresceram 35% e somaram US$ 19 bilhões — o maior valor já registrado para um primeiro trimestre. Nos dois primeiros meses do ano, o Brasil acumulava um déficit comercial de US$ 3,2 bilhões com a China.

No entanto, o desempenho de março permitiu a reversão do saldo, e o país encerrou o trimestre com superávit de US$ 700 milhões na balança comercial com o parceiro asiático.

O comércio entre Brasil e China segue marcado por trocas de produtos primários por bens industrializados. Enquanto o Brasil exporta majoritariamente minérios, metais e produtos agrícolas, suas importações concentram-se em máquinas, equipamentos, componentes eletrônicos e fertilizantes.

Com a intensificação da demanda chinesa por minerais estratégicos e bens industriais de origem brasileira, os dados do primeiro trimestre indicam uma possível reconfiguração parcial na pauta de exportações.

As variações registradas também apontam para uma maior integração entre os dois países em setores considerados prioritários nas transições energética e tecnológica globais.

As autoridades brasileiras avaliam que a manutenção do crescimento em segmentos como terras raras, nióbio e cobre dependerá da estabilidade da demanda chinesa, da competitividade da produção nacional e do andamento das disputas comerciais entre China e Estados Unidos.

O desempenho observado entre janeiro e março será monitorado nos próximos meses como indicador do ritmo de expansão do comércio bilateral em 2025.

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Last Update: 16/04/2025