O governo chinês declarou nesta quarta-feira que os recentes aumentos de tarifas pelos Estados Unidos podem gerar impactos no curto prazo sobre o comércio e a economia do país, mas não devem alterar a trajetória de crescimento projetada para os próximos anos.
A avaliação foi feita por um alto representante do Departamento Nacional de Estatísticas (NBS), em meio à intensificação das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
Durante coletiva de imprensa, o vice-diretor do NBS, Sheng Laiyun, afirmou que a China “é veementemente contra os Estados Unidos imporem barreiras tarifárias e praticarem intimidação comercial, pois tais ações são prejudiciais a todas as partes”.
Segundo ele, apesar da pressão adicional, o país possui condições estruturais e capacidade institucional para resistir a adversidades externas e manter o plano de desenvolvimento econômico em andamento.
De acordo com Sheng, a China continua comprometida com a meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de aproximadamente 5% ao ano até 2025.
Os dados mais recentes do NBS indicam que, no primeiro trimestre deste ano, a economia chinesa teve um avanço anual de 5,4%, com alta de 1,2% na comparação com o último trimestre de 2024.
Sheng mencionou que, desde o início das reformas econômicas e da abertura comercial, a China enfrentou e superou diferentes ciclos de instabilidade, acumulando experiência em formulação e execução de políticas macroeconômicas.
“Um conjunto robusto de medidas políticas garante nossa capacidade de enfrentar choques e desafios externos”, afirmou.
O aumento das tarifas norte-americanas ocorre em um momento de recuperação econômica global ainda marcada por incertezas, após os efeitos da pandemia e com a persistência de tensões geopolíticas.
Embora não tenham sido detalhadas as medidas específicas que a China pretende adotar, o vice-diretor ressaltou que o governo já trabalha na formulação de políticas incrementais para responder a alterações no ambiente externo.
Sheng também destacou a resiliência dos fundamentos da economia chinesa, apontando que há margem para ajustes conforme necessário.
“Citando os fundamentos sólidos e a forte resiliência da economia chinesa”, ele observou que o país “tem a confiança e a capacidade de enfrentar desafios externos e atingir suas metas de desenvolvimento econômico”.
A disputa comercial entre China e Estados Unidos se intensificou nas últimas semanas, com Washington anunciando elevações significativas nas tarifas sobre produtos chineses de diversos setores. As autoridades chinesas classificaram a medida como unilateral e defenderam a necessidade de preservar os princípios do comércio internacional.
Nos bastidores, analistas apontam que a escalada tarifária pode afetar não apenas as trocas bilaterais, mas também provocar distorções em cadeias de suprimentos globais.
Embora as declarações de Sheng não tenham detalhado eventuais contramedidas, a sinalização do governo foi no sentido de priorizar a estabilidade econômica interna e o planejamento de médio e longo prazo.
A coletiva também serviu como uma oportunidade para o NBS reforçar a mensagem de continuidade da política econômica. Com a proximidade da definição de metas para o segundo semestre, a expectativa é de que Pequim mantenha o foco na expansão da demanda doméstica, estímulo ao consumo e incentivo à inovação tecnológica.
Ao mesmo tempo, a resposta chinesa ao cenário internacional incluirá, segundo Sheng, um monitoramento permanente das variáveis econômicas externas, com eventuais ajustes coordenados com outras áreas do governo central. A meta, segundo o vice-diretor, é “garantir o progresso constante dos indicadores macroeconômicos em meio a um ambiente global volátil”.
Nos próximos meses, serão divulgados novos pacotes de dados que permitirão aferir com mais precisão o impacto das tarifas americanas sobre setores específicos da economia chinesa.
A expectativa é que os segmentos mais sensíveis à exportação estejam sob maior observação, especialmente no que se refere à manutenção de empregos e ao desempenho das indústrias de base tecnológica.
Com a continuidade das medidas restritivas impostas pelos EUA, o cenário de curto prazo ainda apresenta riscos, mas o discurso do NBS indica que o governo busca manter o controle sobre os fundamentos econômicos e evitar reações abruptas.
Sheng reiterou, por fim, que o país está preparado para “implementar políticas incrementais em resposta às mudanças no ambiente externo”.
A disputa comercial deve permanecer como um dos principais temas da agenda econômica bilateral em 2025, com impactos potenciais sobre o comércio global e sobre o equilíbrio das políticas industriais e tarifárias adotadas por ambos os países.